Topo

Geuvânio ganha apostas contra Cannavaro e é único a ficar no "time do Luxa"

Reprodução
Imagem: Reprodução

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

11/02/2017 04h00

Quando Vanderlei Luxemburgo assumiu o comando do Tianjin Quanjian, na segunda divisão da China, contratou três brasileiros. Jadson era campeão brasileiro. Luís Fabiano, um dos maiores artilheiros da história do São Paulo. E tinha Geuvânio, que vinha do Santos. O Menino da Vila era o menos badalado dos três, mas, hoje, é o único que segue na China.

Sabe como ele conseguiu o feito? Marcando gols e "ganhando" dinheiro do novo chefe... Quando os chineses trocaram Luxemburgo pelo italiano Fabio Cannavaro, campeão da Copa do Mundo de 2006 pela Itália, o brasileiro se viu obrigado a conquistar o novo treinador. “No ano passado, ele fazia apostas comigo. A cada gol que eu marcava, ele me pagava. Quando eu passava um jogo sem fazer gol, eu que tinha de pagar”, conta o jogador.

Ao final da temporada, foram dez gols, além de 12 assistências. Nove deles sob o comando do italiano. “Ainda bem que fiz meus golzinhos e acabei saindo no lucro (risos). Ele gosta dos brasileiros, tem muitos amigos no futebol que são do Brasil”, completa.

Veja a entrevista com o jogador:

Jadson, Luís Fabiano e Geuvânio, do Tianjin, da China - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Começo na China e perrengues no restaurante

“Foram os mais difíceis, sem dúvida. Tudo era muito novo para mim. A dificuldade com o idioma também era muito grande. Mas, aos poucos, fui me acostumando com as coisas. Tianjin é uma cidade que te oferece tudo, tem diversas opções de restaurantes, de lazer. Então, nunca me faltou nada. Hoje já me sinto completamente adaptado, já consigo me virar bem. Temos um tradutor que está sempre à nossa disposição quando precisamos. Quando tenho tempo livre, aproveito para passear e conhecer um pouco da cultura dos chineses. Tem muita coisa legal”.

 “Eu me lembro de um dia que estávamos só brasileiros. Eu, Luis Fabiano e Jadson. E saímos para jantar. Nós queríamos comer um tipo de comida, mas chegou outra totalmente diferente (risos). Foi engraçado. No começo passamos por algumas situações assim”.

Brasileiros eram vizinhos

“Criei uma amizade muito legal com o Luis e com o Jadson. Éramos vizinhos, morávamos no mesmo condomínio. Então, nossas famílias estavam sempre juntas, nossas esposas também viraram muito amigas. Sem dúvida, essa nossa união nos ajudou muito. Era sempre um passando força para o outro, ajudando um ao outro. Nós não nos sentíamos tão sozinhos, por causa dessa amizade que criamos. Dentro de campo nossa sintonia também foi grande, nos entendemos muito bem, fizemos grandes jogos. Graças a Deus, conseguimos o objetivo de dar o título ao Tianjin Quanjian e a classificação inédita do clube para a primeira divisão chinesa”.

Pato ao lado de Fabio Cannavaro - Twitter/Reprodução - Twitter/Reprodução
Imagem: Twitter/Reprodução
Tirando sarro de Alexandre Pato

“Eu ainda não conhecia o Pato [o ex-jogador do Corinthians foi contratado neste ano e se tornou o novo companheiro de Geuvânio]. Estou conhecendo ele melhor agora, durante a nossa pré-temporada. A relação está sendo ótima. Ele é um cara muito brincalhão, estamos sempre tirando sarro um do outro. Com certeza, vou procurar ajudá-lo no que ele precisar, tanto dentro quanto fora de campo”.

Aprendendo com Cannavaro

“Minha relação com o Cannavaro é muito boa, tenho aprendido bastante com ele. Sinto que ele gosta do meu futebol, e ele me passa essa confiança. No ano passado, ele fazia apostas comigo. A cada gol que eu marcava, ele me pagava uma aposta. Quando eu passava um jogo sem fazer gol, eu tinha que pagá-lo. Ainda bem que fiz meus golzinhos e acabei saindo no lucro (risos). Ele gosta dos brasileiros, tem muitos amigos no futebol que são do Brasil”.

Triste com saída de Luxemburgo

“Ficamos tristes naquele momento da saída dele, é claro. Não só dele, como dos outros brasileiros que faziam parte da comissão técnica. Mas os diretores do clube logo conversaram com a gente e nos tranquilizaram, dizendo que o projeto do clube continuava grande. Isso foi provado com a chegada do Cannavaro, que é um cara consagrado e muito competente”.

Sem preconceito com brasileiros

“Isso é complicado dizer [porque os outros brasileiros, Jadson e Luís Fabiano, deixaram o Tianjin]. Eles estavam jogando muito bem, eram fundamentais para o time. Não sei o que aconteceu. Só o Jadson e o Luis é que podem te responder isso. Não acredito que seja nenhum problema com brasileiros, até porque o Pato acabou de ser contratado também”.

Adaptação à elite chinesa pode ser difícil

“Ainda é muito cedo para falar [como será jogar a primeira divisão chinesa]. Fizemos apenas alguns jogos preparatórios até agora. Temos tudo para fazer uma grande temporada, mas sabemos que será um ano de adaptação. O Tianjin Quanjian nunca jogou a primeira divisão, então é preciso ter paciência no início. Nosso time tem qualidade. O Pato, sem dúvida, vai nos ajudar muito. O Witsel [belga Alex Witsel, a outra grande contratação do clube, que chegou do Zenit, da Rússia] também é um grande jogador, que já jogou Copa do Mundo. Chegaram também alguns atletas chineses de qualidade”.

Volta ao Brasil? Agora não

“No momento não consigo pensar nisso. Estou feliz no Tianjin Quanjian e tenho contrato a cumprir com o clube. No futebol as coisas mudam de forma muito rápida, então não dá para prever o futuro”.

Santos e o título de 2015

“Minha relação com a torcida santista é excelente. Graças a Deus, cumpri meu objetivo de conquistar um título [Paulista de 2015] pelo clube antes de ser negociado. Eu sempre coloquei na cabeça que não sairia do Santos sem ser campeão. Recebo várias mensagens dos santistas nas minhas redes sociais, me elogiando, pedindo a minha volta. Isso me deixa muito feliz. Ter esse carinho e reconhecimento do torcedor é uma coisa maravilhosa”.