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Como Corinthians e São Paulo deixaram Gabriel Jesus parar no Palmeiras

Antes de ser do Palmeiras e do City, Jesus passou por avaliações em São Paulo e Corinthians - Jason Cairnduff/Reuters
Antes de ser do Palmeiras e do City, Jesus passou por avaliações em São Paulo e Corinthians Imagem: Jason Cairnduff/Reuters

Dassler Marques e José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo (SP)

15/02/2017 04h00

O sucesso com a camisa do Palmeiras elevou Gabriel Jesus ao patamar dos dias de hoje: campeão brasileiro, estrela da seleção do país e titular no Manchester City de Guardiola - até a lesão ocorrida na segunda-feira (13). No entanto, antes de vestir verde, o atacante passou por São Paulo e Corinthians, mas os arquirrivais deixaram a revelação escapar.

O UOL Esporte conversou com pessoas ligadas às categorias de base dos dois clubes rivais e também com pessoas que estiveram próximas do atleta em seu início de carreira para entender, afinal, os motivos pelos quais Gabriel Jesus estourou apenas no terceiro clube em que se testou.

Normas são-paulinas e um 'vacilo' com quem realizava a ponte com o Corinthians foram decisivas para Jesus se fixar com a camisa alviverde e despertar para o futebol mundial pelo Palmeiras.

O São Paulo tem por premissa básica no Centro de Formação de Atletas, em Cotia (Grande SP), não aceitar que jogadores com menos de 14 anos para o alojamento. Essa é uma determinação do Ministério Público do Trabalho para que jovens não deixem suas casas para viverem em clubes antes do meio da adolescência.

Por essa razão, apesar de participar de teste na categoria sub-13 do São Paulo, e ser aprovado, Gabriel Jesus optou por não se integrar ao São Paulo, já que Cotia estaria distante de sua casa no Jardim Peri (zona norte da capital paulista e que fica a cerca de 50 km do CT são-paulino). Ainda assim, funcionários que participaram de suas avaliações à época recordam que Gabriel havia sido considerado o 'destaque da semana' entre todos os jogadores avaliados no período.

Gabriel Jesus Base Palmeiras - Cesar Greco/Ag. Palmeiras - Cesar Greco/Ag. Palmeiras
Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Normalmente, com jogadores abaixo dos 14 anos, o São Paulo coloca em prática um programa de monitoramento em que jovens de todo o Brasil são avaliados e reavaliados, mais de uma vez ao ano, até se integrarem definitivamente na categoria sub-15 e se alojarem em Cotia.

No Corinthians, a passagem de Gabriel Jesus pelo clube é cercada de mistério. Cinco funcionários e ex-dirigentes ouvidos pela reportagem não se recordam do garoto que, entre os 14 e 15 anos, esteve em testes no Parque São Jorge.

No começo de 2012, Gabriel participou de peneira no clube, mas nem ele próprio sabe dizer por quem foi avaliado. Nei Assoli, responsável pelo primeiro estágio de avaliação da categoria Sub-15, em que o atacante foi testado, também afirma que não tem registros da meteórica passagem de Jesus pela base corintiana.

O nome de Gabriel Jesus era avaliado quando um erro irritou dona Vera, mãe do centroavante, e impediu a continuidade do até então adolescente na base corintiana. O empresário responsável por levá-lo ao time de Parque São Jorge precisou viajar e designou um colega para cuidar de Gabriel Jesus.

No entanto, a pessoa indicada esqueceu-se de levar Gabriel Jesus para um treinamento no Corinthians, e a mãe do jogador abdicou da continuidade no clube alvinegro. Semanas depois, o ainda projeto de atacante profissional acabou aprovado no Palmeiras

A estreia pelo clube alviverde, contudo, demorou. Jesus chegou à Academia de Futebol depois do prazo de inscrição para o Paulista Sub-15 e estreou apenas uma categoria acima. Enquanto treinava no Palmeiras, o jovem jogador atuava pelo A. A. Anhanguera.

Em 2013 e 2014, devidamente regularizado, Gabriel Jesus despontou. No Paulista Sub-17 de 2014, no segundo ano dentro da categoria, ganhou espaço ao anotar 37 gols em apenas 22 jogos.

A partir de então, a história fluiu como todos sabem. Profissional com apenas 17 anos, títulos da Copa do Brasil e Brasileiro e uma valorização milionária para atuar com Pep Guardiola (foi vendido por cerca de R$ 115 milhões). Além, claro, de assumir a 9 da seleção brasileira e não largar mais.