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Contra Capiatá, Atlético-PR coloca em campo indignação e Projeto Mundial

AFP PHOTO / Heuler Andrey
Imagem: AFP PHOTO / Heuler Andrey

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOl, em Curitiba

15/02/2017 12h37

O Atlético Paranaense recebe nesta quarta-feira o Deportivo Capiatá, do Paraguai, pela terceira fase da Copa Libertadores 2017. O jogo às 21h45 na Arena da Baixada carrega consigo a marca da desorganização da Conmebol. De acordo com o regulamento da competição, a partida deveria ser no Paraguai, por conta do ranking da entidade, conforme previsto no Artigo 3, parágrafo 3.4. Sem muitas explicações, os atleticanos jogarão em casa e procuram se manterem firmes ao que se chama de “Projeto Mundial” – a ideia de que o clube possa ser campeão do Mundo em 10 anos. Para chegar lá, primeiro se vive o duelo com o Capiatá.

“Não sei bem que critérios foram utilizados. Não sei se é interpretação do sorteio de grupos, por que o regulamento é muito claro, o ranking tem que dar o privilégio de se jogar a segunda partida em casa”, contou o presidente Luiz Sallim Emed, “Não dá pra ser assim. Durante o desenrolar do campeonato aparecer um negócio desses”, seguiu, ainda que se mantenha diplomático com a situação. Por ora, o Atlético evita conflito com a Conmebol e quer resolver a bagunça em campo.

“A gente sem dúvida vai buscar nosso objetivo. A vantagem se faz vencendo o primeiro jogo para ter uma certa tranquilidade para a volta”, declarou o zagueiro Paulo André. Ele terá ao seu lado o companheiro Thiago Heleno, com quem compôs a melhor defesa do Brasileirão 2016 (-32 gols, ao lado do Palmeiras). Heleno foi liberado pela Fifa para defender o Furacão e inscrito a tempo de jogar contra os paraguaios. O técnico Paulo Autuori já estabeleceu o objetivo para a partida que acabou sendo marcada para Curitiba: “O importante é ganhar o jogo e não sofrer gols, fundamental quando se faz o primeiro jogo em casa.”

O Deportivo Capiatá é uma equipe modesta do Paraguai, da cidade homônima de 230 mil habitantes, na região metropolitana de Assunção. Participa pela primeira vez da Libertadores após ser o segundo melhor pontuador não-campeão na soma dos torneios do País. Estreou contra o Táchira, da Venezuela, vencendo fora e empatando em casa. Depois, uma milagrosa recuperação contra o tradicional Universitário do Peru, para quem perdeu em casa (1 a 3) e buscou um 3 a 0 fora. “Uma equipe que teve duas classificações heroicas e isso demonstra o alto nível mental que eles estão, vamos respeitá-los ao máximo”, disse Autuori.

As pretensões do Capiatá contrastam com as do Furacão, desde o sonho mundial até a estrutura dos clubes. Isso também estará em choque na noite de quarta-feira. “Todos nós quando entramos e estamos em uma equipe que vai enfrentar alguém superior, nós temos conhecimento de que o orçamento é menor e nunca, quando estava do lado de lá, deixei de acreditar. Futebol o imponderável está sempre presente. Por isso é a paixão que é no mundo todo”, valorizou Autuori, que tem sempre procurado deixar uma mensagem de que a temporada segue mesmo caso o Atlético seja eliminado: “Esse lance de obrigação disso ou daquilo é mais um clichê do futebol.”

Campeão Mundial pelo Corinthians em 2012, o zagueiro Paulo André vê no duelo com os paraguaios um passo a mais para as pretensões atleticanas. “Eu acho que é uma ambição boa, ter metas palpáveis para um período de 10 anos. Só ganha o campeonato aquele que tem uma repetição dentro da competição. O clube está no caminho correto.”

Autuori deve mandar a campo o Atlético com Weverton; Jonathan, Paulo André, Thiago Heleno e Sidicley; Otávio, Lucho Gonzaléz e Carlos Alberto (ou Felipe Gedoz); Nikão, Pablo e Grafite. O Deportivo Capiatá é comandado por Gavilán, técnico de apenas 36 anos que defendeu Inter, Grêmio, Flamengo e Portuguesa como jogador. A arbitragem será do uruguaio Daniel Fedorczuk.