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Situação e oposição pressionam Roberto de Andrade após queda do impeachment

Roberto de Andrade segue no cargo após vitória no Conselho Deliberativo - Dassler Marques/UOL
Roberto de Andrade segue no cargo após vitória no Conselho Deliberativo Imagem: Dassler Marques/UOL

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

21/02/2017 07h21

A vitória com margem ampla no Conselho Deliberativo trouxe alívio e crédito ao presidente Roberto de Andrade no Corinthians. Ainda assim, o contexto seguinte à votação na última segunda-feira (20) indica que a pressão em torno do mandatário seguirá forte por todas as partes. 

Uma cena peculiar resume a situação: enquanto Roberto e aproximadamente 15 aliados celebravam a vitória na sala da presidência, no Parque São Jorge, o ex-presidente e maior força política do Corinthians, Andrés Sanchez, deixava a sede corintiana rapidamente sem sequer comparecer ao local onde estavam as demais importantes lideranças. Ele afirmou apoio público ao mandatário, mas deu novos sinais de seu afastamento. 

Do ponto de vista da situação, a cobrança sobre Roberto é por uma governança mais democrática e menos centralizadora. Andrés é a principal figura que defende esse tipo de mandato em 2017, mas não está sozinho: há diversas alas políticas dentro do grupo do atual mandatário que desejam estar mais próximas dele e participar das decisões. Outra cobrança comum é para que Andrade esteja diariamente no Parque São Jorge e não em seu local de trabalho.

"Vamos ouvir quem quer o bem do clube, isso é uma satisfação muito grande. Sozinho não se conquista nada, todos precisamos de ajuda. Temos uma diretoria competente, mas qualquer ajuda que se somar a isso será bem-vinda a partir de agora", frisou Roberto de Andrade na noite de segunda-feira. 

Votação de contas é segundo round do impeachment

Os próximos passos trazem desafios ao mandatário. Em 15 dias, a situação tentará, pela terceira vez, aprovar a previsão orçamentária de 2017. Ainda mais desafiador para Roberto de Andrade é o que deverá ocorrer em março com a votação das contas do Corinthians, um processo que oposicionistas já ameaçam tentar transformar em um novo impeachment. Segundo o estatuto do clube, contas reprovadas são um dos cinco itens que podem gerar impedimento do presidente. 

Oposição quer refazer votação no Conselho

Ainda do ponto de vista da oposição, a vitória de Roberto de Andrade na noite de segunda-feira não é algo definitivo. Líderes do movimento, os conselheiros Romeu Tuma Júnior e Herói Vicente deixaram o Parque São Jorge com a promessa de que irão à Justiça para cancelar a votação, segundo eles irregular. 

“Nenhum temor, tudo lícito, nada de errado", afirmou Roberto de Andrade. "Pode, até recorrer, não vejo no que. Não sou advogado e não entendo muito. Não fugiu nada do que o estatuto dizia que deveria ser feito”, complementou o dirigente. 

Desafios da gestão: Arena, patrocínios, público, futebol...

É quase unânime entre dirigentes que o processo de impeachment, entre novembro e fevereiro, atrapalhou a busca do Corinthians por patrocínios. Com o departamento de marketing sob novo comando depois da contratação do diretor Fernando Sales, o clube tentará amenizar a saída de parceiros que aportavam valores em troca de espaço no uniforme: Tim e Special Dog (fim de contrato) e Apollo Sports (renegocia contrato). Por ora, apenas a Minds Idiomas fechou contrato.

Em paralelo a isso, o diretor financeiro Emerson Piovesan lidera a renegociação do contrato entre Corinthians e Caixa Econômica Federal no tocante à Arena Corinthians. O clube acredita estar próximo da conclusão desse acordo que permitiria pagar o estádio em 20 anos e não 12 anos como havia sido acordado. Além disso, dá maior poder ao Corinthians na definição do preço do ingresso. 

O público baixo da Arena em 2017 também é tema que causa aflição na diretoria de Roberto de Andrade. O presidente defende preços mais acessíveis em partidas de menor apelo, até porque o plano de negócios desenhado para o pagamento do estádio depende de maneira direta da assiduidade dos torcedores em Itaquera. Isso, naturalmente, está ligado ao desempenho da equipe que se mostra estável, mas ainda não brilhou de forma intensa neste ano.