Topo

Conselhos do pai ex-craque e carinho de Zago. Inter forja novo zagueiro

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

24/02/2017 04h00

A partida contra o Oeste-SP, na quarta-feira, fez mais do que classificar o Inter à terceira fase da Copa do Brasil. Revelou um zagueiro que já caiu nas graças da torcida e da comissão técnica. Léo Ortiz. O sobrenome remete ao pai, ex-craque de futsal da seleção brasileira, que atuou no time do Inter de salão e atualmente trabalha no clube. Com os conselhos dele e o carinho de Antonio Carlos Zago, o jovem de 21 anos pede passagem no time. 
 
Ortiz não teve só uma boa atuação defensiva diante dos paulistas, na vitória por 4 a 1 da noite de quarta-feira. Partiu dele um lançamento que cruzou o campo, em diagonal, encontrando o peito de Carlos, que dominou, driblou um zagueiro e fez o segundo gol da partida (veja o vídeo). Mesmo com alguns erros logo depois disso, a qualidade na saída de bola foi sublinhada pelo técnico colorado em entrevista coletiva. 
 
"O Ortiz foi meu parceiro de zaga no jogo do D'Alessandro (Lance de Craque, partida promovida pelo argentino). Estamos conversando há muito tempo. Era mais dele melhorar algumas coisas que procuramos conversar neste tempo em que ele não jogou. Vem treinando muito bem e melhorou em vários aspectos. Hoje (quarta-feira) jogou muito bem. Ele tem uma bola longa muito boa, uma saída de jogo diferente dos outros zagueiros. Estamos conversando e aprimorando. Era mais questão de ter oportunidade. É um garoto, e eu gosto de trabalhar com a molecada. Fico orgulhoso disso. Até agora todos que tiveram chance souberam aproveitar", disse o treinador. 
 
"Alguns passes eu errei, tentei forçar no meio, era pro fundo. Dei o passe pro gol, fiquei confiante, daí tentei duas, três vezes. Tem que ver mais o jogo profissional, é diferente da base, não forçar tanto a bola, e pegar mais ritmo de jogo também", adiantou Ortiz. 
 
Cria da base do Inter, Ortiz não chegou a participar dos trabalhos propostos por seu pai no clube. Ex-jogador de futsal, campeão mundial com a seleção brasileira em 1992, goleador da primeira edição da Liga Futsal, em 96, ele foi duas vezes campeão mundial de clubes de futsal (uma defendendo o extinto time de futsal do Inter), três títulos sul-americanos com a seleção, mais dois por clubes, um título da Liga Futsal pelo Inter, em 96, e seis vezes campeão da Taça Brasil de Futsal. 
 
O currículo e a qualidade conhecida para bater na bola fez com que, depois de aposentado das quadras, ele assumisse o projeto de aprimoramento técnico dos jogadores do Inter. Por suas mãos passaram jogadores como Alexandre Pato, Taison e Leandro Damião. 
 
Como as atividades de Ortiz são focadas em atacantes, o filho, zagueiro, jamais teve o pai como treinador. Mas nem assim escapou dos puxões de orelha. 
 
"Ele estava no estádio, ainda não falei com ele, vou esperar porque deve ter alguma corneta sobre jogada errada para o próximo jogo. Ele sempre fala muito, me dá conselhos, eu tento aprender", disse o sorridente jogador. "Talvez eu tenha um pouco (do pai) na batida na bola. É tudo do futsal. Um aprendizado muito grande", completou. 
 

Carinho do treinador

 
Ao comemorar o gol de Carlos, Antonio Carlos Zago não correu para abraçar o atacante. Virou-se para Ortiz, que tinha feito o lançamento. Apontou, correu e deu um forte abraço no menino. O carinho com ele se dá pela posição em campo. E-zagueiro, o treinador do Internacional cuida com carinho especial de Ortiz. 
 
"Tínhamos conversado quando passamos o vídeo para eles no hotel em relação a essa bola. O Carlos puxa bem a diagonal, e ele acertou um passe perfeito. Teve outras duas bolas no segundo tempo que meteu por cima da zaga. Ele tem um passe diferenciado, é um bom menino e eu tenho todo cuidado com ele. Talvez até mais do que tenha com os outros por causa da posição. Ser zagueiro é difícil. É uma posição em que tem que se estar 100% em todos os jogos. Se errar, a culpa é sempre da defesa. Vai ser assim a vida toda. Eu fico muito contente. Ele teve a oportunidade e soube aproveitar. O time do Inter começa a ganhar também nele um novo jogador. É cedo, mas ganhamos outro jogador", finalizou o técnico. 
 
Foi a primeira partida de Ortiz no profissional. Agora, a tendência é que novas oportunidades apareçam, mesmo com a chegada do argentino Victor Cuesta, que deve ser oficializada até a próxima semana.