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Não é só carinho: Chapecoense é fenômeno comercial em Medellín

Bar da Chape tem um quadro com a imagem dos jogadores que estavam no avião da Lamia - Napoleão de Almeida/UOL
Bar da Chape tem um quadro com a imagem dos jogadores que estavam no avião da Lamia Imagem: Napoleão de Almeida/UOL

Napoleão de Almeida

Enviado especial a Medellín

01/03/2017 04h00

O povo colombiano abraçou os brasileiros como jamais visto, após a queda do avião da Chapecoense, na noite do dia 28 de novembro de 2016 – já madrugada de 29 no Brasil. Um fenômeno de solidariedade e carinho que talvez jamais se possa retribuir. A Chapecoense passou a fazer parte da história da Colômbia e as consequências podem ser vistas facilmente em Medellín.

O local é o Parque Berrío, no centro da cidade, similar ao que seria a Rua 25 de Março em São Paulo, a Praça Rui Barbosa em Curitiba ou o Uruguaiana, no Rio de Janeiro, entre tantos outros camelódromos pelo País. É mais fácil achar uma camisa da Chapecoense à venda do que uma do Independente Santa Fé, um dos grandes do País. “É que há muita procura por aqui, as pessoas querem algo da Chapecoense”, conta o ambulante Roberto Flores. As camisas da Chape são piratas e de pouca fidelidade. Não importa, estão disponíveis. Camisas de Atlético Nacional e Millonarios, os clubes mais populares do País, são de impressionante qualidade e custam algo em torno de 45 mil COPs; as da Chape, um pouco mais baratas, 30 mil, algo como R$ 33,00.

camisa da chape  - Napoleão de Almeida/UOL - Napoleão de Almeida/UOL
Camisa da Chape é item presente no comércio de Medellín
Imagem: Napoleão de Almeida/UOL

Tudo que envolve a Chapecoense tem saída. Cachecóis, botons, até adereço para cadarço de tênis. Nos arredores do Estádio Atanásio Girardot ainda é assunto a presença de estimadas 90 mil pessoas na cerimônia de condolências armada pela prefeitura de Medellín e pelo próprio Atlético Nacional, um público que dobra a capacidade do estádio. “Eu vim, estive lá dentro e saí, fiquei um tempo aqui fora”, contou o torcedor do Nacional Javier Villegas, que prosseguiu: “Não acho que ganharíamos aquele jogo. Era um time de guerreiros.” A Chapecoense deixou essa imagem junto ao povo colombiano. Villegas ainda indagou como estava a equipe nesse início de temporada, na expectativa pelo encontro entre os times na Recopa Sul-Americana 2017, ainda sem datas confirmadas pela Conmebol.

lembrancinhas da chape - Napoleão de Almeida/UOL - Napoleão de Almeida/UOL
Lembrancinhas da Chape no comercio de Medellín
Imagem: Napoleão de Almeida/UOL

Foi por isso que o casal Veronica Peña e Juan David resolveu abrir, a menos de uma quadra do Estádio, o Café Bar Chapecoense. A região já é conhecida pelo grande agito nos jogos e também por ser próxima de onde a polícia encurralou o traficante Pablo Escobar, nos anos 90. “Nós já tínhamos o projeto de um bar por aqui, ia se chamar “Vermelho e Verde”, por conta das duas torcidas que têm aqui”, contou Veronica, se referindo ao Independente Medellín e ao Nacional. Os donos são torcedores do Nacional, mas queriam um bar “neutro”, que abrigasse às duas torcidas.

Após aquele 28/11, a solução foi outra. “O que aconteceu com os jogadores fez com que a gente mudasse tudo e fizéssemos uma homenagem à Chapecoense. Queremos permitir a todas as pessoas que gostam desse esporte que venham e se lembrem desses heróis da vida. Foi algo que marcou a todos nós”, relata, tendo como fundo um painel que diz, em português de Portugal, “Em homenagem a uma grande equipa”, com fotos de todos os envolvidos no acidente – coloridas para os sobreviventes, preto & branco para os que nos deixaram.