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Kazim: 'muitos primos e amigos meus estão presos ou mortos'

Ale Cabral/AGIF/Estadão Conteúdo
Imagem: Ale Cabral/AGIF/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

02/03/2017 10h08

Colin Kazim afirma ter enfrentado racismo, violência e pobreza nesses 30 anos de vida. O atacante do Corinthians concedeu entrevista ao jornal inglês The Guardian. Ele afirma que foi salvo na infância graças à perseverança dos pais, mas que muitos parentes não tiveram mesma sorte.

Na Turquia, onde residiu na fase adulta, Kazim conta que primos e amigos sofreram com conflitos políticos.

“Vários primos e amigos meus estão presos ou mortos”, disse Kazim, que afirmou ter limpado uniforme com escova de dente no início da carreira em razão da falta de dinheiro.

“Na Turquia, você não tem escolha sobre se juntar ao militarismo. Meus primos fizeram isso. O pai de um amigo morreu em um ônibus que explodiu”, relembra.

Em 2013, Kazim foi julgado por suposto gesto homofóbico em direção à torcida do Brighton, quando jogava no Blackburn. 

"Eu sofri mais racismo na Inglaterra por ser turco do que por ser negro. Aquela coisa toda de 'homofobia' começou por pessoas me chamando de kebab turco (prato típico local). 'Vá de volta para a Turquia, seu kebab turco de m...'. Pessoas citavam que eu fui punido por homofobia, mas eu não fui, eu fui por desordem pública."

Kazim diz que sofreu preconceito por ser negro e, principalmente, por ser um turco na Inglaterra. O atacante se naturalizou turco. Dispensado da base do Arsenal, Kazim ganhou chance no modesto Bury, da Inglaterra. Desde então, ele rodou por mais seis países.

Identificação com o Corinthians

Kazim afirma ter se identificado imediatamente com o Corinthians. 

“[No Corinthians] Treino é jogo e jogo é guerra”.

Um monte de time se cansou disso [estilo aguerrido], mas no Corinthians isso não acontece. A torcida gosta disso. É como se eu estivesse encontrado a minha casa”, diz Kazim, que se diz incomodado por não poder ajudar como gostaria em meio à tanta miséria no Brasil.