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Como Gabigol e Luan foram do ouro inédito ao fim da fila na seleção de Tite

Gabigol e Luan formaram ataque da seleção olímpica com Neymar e Gabriel Jesus - Lucas Figueiredo/MoWA Press
Gabigol e Luan formaram ataque da seleção olímpica com Neymar e Gabriel Jesus Imagem: Lucas Figueiredo/MoWA Press

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

03/03/2017 04h00

Nem mesmo a lesão de Gabriel Jesus, que operou o pé direito em Barcelona, permitiram que Luan ou Gabigol tenham a primeira oportunidade real na seleção principal.

Nesta sexta-feira, Tite convocou jogadores para as partidas contra Paraguai e Uruguai, no fim do mês, e escolheu Diego Souza, jogador do Sport. Por razões distintas, os atacantes que formavam o quarteto campeão olímpico com Gabriel Jesus e Neymar se distanciaram de uma oportunidade nas Eliminatórias da Copa do Mundo. 

Gabigol: pouca movimentação e temporada difícil na Itália

Chamado ao lado de Gabriel Jesus na primeira lista de Tite, Gabigol concorria pela titularidade com o colega até a véspera da estreia contra o Equador. Se Jesus entrou na equipe e fez dois gols naquele jogo, o que abriu caminho para sua afirmação, o xará traçou rumo completamente oposto.  

Em dificuldades de afirmação na Inter de Milão, foi para o fim da fila nos planos da seleção principal. Um dos principais diagnósticos da comissão técnica é de que, para o modelo de jogo executado pelo Brasil, Gabigol teria dificuldades em atuar pelas pontas, como normalmente fazia pelo Santos e faz na Itália. Tite imagina que o campeão olímpico se movimenta menos que o desejado e participa pouco do trabalho sem bola. 

Mesmo assim, nem na posição de centroavante Gabigol conseguiu oportunidades para mostrar suas qualidades, o que certamente tem relação com a falta de minutos na Inter de Milão. Vale lembrar que Sylvinho, auxiliar técnico da equipe italiana, tem exatamente o mesmo posto na comissão de Tite e participa da discussão pelas escolhas em convocações do treinador. 

Com a seleção olímpica, por outro lado, Gabriel havia deixado excelente impressão nos Jogos do Rio de Janeiro. A dedicação do atacante no trabalho sem bola foi um dos pontos destacados pelo então treinador Rogério Micale depois da final contra a Alemanha. Principal jogador da equipe no maior momento de pressão, na primeira fase, ele não manteve o rendimento nas finais, mas ainda assim saiu como um dos nomes com melhor avaliação. 

Luan: irregularidade e estilo

Diferencial para a seleção olímpica ter conseguido se reerguer dentro da competição, Luan chegou a ser citado por Tite como um dos jogadores que deveriam ter oportunidades a qualquer momento no percurso da equipe principal. Desde então, a despeito do título gremista na Copa do Brasil, não conseguiu se manter no mesmo nível dos tempos de Roger Machado. 

Capaz de executar com facilidade a função de 'falso nove', Luan deverá ser preterido por um jogador com estilo que Tite não costuma abrir mão nos grupos em que trabalha. Diego Souza, ainda que seja meia de origem, é capaz de atuar como centroavante de área, prender zagueiros, disputar bolas pelo alto e oferecer opções de tabela aos companheiros. 

Em janeiro, no amistoso beneficente contra a Colômbia, o titular da equipe de Tite com jogadores do futebol brasileiro foi justamente Diego. A exibição dele rendeu elogios do treinador da seleção, que ficou bem impressionado com as virtudes do atleta do Sport. Banco de reservas no jogo realizado no Engenhão, Luan entrou nos 30 minutos finais exatamente na vaga de Diego Souza. 

Há mais um aspecto importante que diminuiu as chances de Luan. Em caso de colocar em prática um 'falso nove', Tite pode recorrer a Neymar, já habituado a eventualmente realizar essa função, inclusive na seleção. Em caso de adotar esse expediente, o treinador ainda abriria espaço para outro ponteiro do banco de reservas ser acionado - Willian ou Douglas Costa - e elevar o nível técnico do time.