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Interino, Pachequinho pede confiança e continuidade no comando do Coritiba

Pachequinho comanda treino no Coritiba: pedido por continuidade - Divulgação/Coritiba
Pachequinho comanda treino no Coritiba: pedido por continuidade Imagem: Divulgação/Coritiba

Napoleão de Almeida

De Curitiba, em colaboração para o UOL

06/03/2017 12h14

Ídolo do Coritiba nos anos 90, o ex-atacante Pachequinho quer ser a cara – e o cara – do Coxa nessa temporada. Depois de ouvir não de Marcelo Oliveira e especular com Vanderlei Luxemburgo, a diretoria do clube passou a pensar em efetivar o agora auxiliar técnico no comando da equipe. Já são dois jogos com ele no banco de reservas.

Pachequinho quer mais, mas diz não ter pressa. Membro da comissão técnica permanente do clube, ele se diz pronto para ser efetivado, mas lembra o também ídolo Dirceu Kruger – que tem estátua no Couto Pereira – e que era sempre a solução nos momentos de dificuldade.

O UOL Esporte conversou com Pachequinho sobre a possibilidade de ser efetivado no cargo. Confira:

UOL Esporte – Pachequinho, chegou a hora de ser técnico em definitivo?
Pachequinho - Eu estou tranquilo com relação a isso. Já tive outras oportunidades de assumir interinamente e o mais importante é fazer meu trabalho com a comissão e os jogadores sem se preocupar com a definição do novo comandante. Independente se as coisas vão continuar, eu tenho que deixar a equipe pronta pros jogos. Não estou muito preocupado com a questão. Já conseguimos um bom jogo no clássico, infelizmente não conseguiu a vitória, mas o jogo foi bom. E sábado vencemos. Cada coisa a seu tempo.

UOL Esporte – Hoje você está para o Coxa como já esteve Dirceu Kruger...
Pachequinho
- Converso muito com o Kruger. É um amigo que eu tenho, um profissional que trabalhou comigo, me treinou desde a base até o profissional. É o segundo técnico que mais assumiu o clube na história. Todos os conselhos que ele me passa, procuro assimilar e muito acontece. Claro que ele teve uma história no clube e eu tenho a minha. Eu estou à disposição do clube justamente por que na hora em que o clube precisa, nós estamos aí para fazer o trabalho.

UOL Esporte – O Kruger, no entanto, nunca seguiu carreira como técnico. E as suas pretensões?
Pachequinho - Eu não tenho nenhum problema em tomar decisões do meu futuro. Se achar que o momento é importante para assumir o clube, não vejo problema com isso. Sei que a vida do técnico é assim no Brasil, você tem alegrias, conquistas e quando o resultado não vem, é natural, é cultura a saída do técnico.

UOL Esporte – O ônus disso é que você pode acabar saindo do clube, e você tem muita identificação, certo?
Pachequinho - Você tem que confiar no trabalho, nos profissionais. Eu estou muito seguro com relação a me tornar um técnico e correr esses riscos. Não cheguei agora no futebol. Tenho anos de estrada. Qualquer decisão que eu tomar com a família, com o clube, vai ser sempre pensando no melhor para o Coritiba.

UOL Esporte – Mas você quer ser um técnico e seguir carreira?
Pachequinho - Com certeza, eu trabalho e estudo para isso. Já tive oportunidades de assumir a equipe. Em 2015, num momento difícil, uma chance de rebaixamento e ajudamos a equipe a se manter. Em 2016 tive 12 jogos no comando e já trabalho com profissional há algum tempo. Não vejo nenhum problema em entrar no mercado.

UOL Esporte – Apesar da identificação, como jogador, você chegou até a jogar no Atlético, certo?
Pachequinho - Eu joguei nos três da capital em Curitiba (Jogou no Atlético em 1997 e no Paraná em 1998). No Remo, Criciúma, Matonense. Mas a identificação é total com o Coritiba. Foram sete anos no profissional. Sempre tive o carinho da torcida e o respeito da imprensa. Ficaria muito feliz em iniciar minhas atividades como técnico na equipe que me formou, agora ajudando fora de campo.

UOL Esporte – Você disse que tem se preparado para assumir o cargo. Como tem sido essa preparação?
Pachequinho - No final de 2016 fiquei 34 dias viajando e estive em cinco equipes da Europa para conhecer a cultura, o trabalho deles, a estrutura física, a questão administrativa e também o campo. Fui ao Bayern de Munique, ao Wolfsburg, ao Eintracht Braunschweig, à Roma e à Inter de Milão. Duas escolas muito fortes do futebol europeu e pude aprender coisas importantes.

UOL Esporte – E o que te chamou mais a atenção?
Pachequinho - A velocidade do jogo. No Brasil é mais cadenciado, mais lento, e lá é mais rápido, transições mais rápidas, se compactam o tempo inteiro no jogo. É difícil ter espaço pra jogar. No dia a dia do treinamento a intensidade é alta, com variações no modelo de treino, focado no jogo e na parte técnica. E também o suporte, a infraestrutura.

UOL Esporte – Como assim?
Pachequinho - Praticamente todas as equipes tem um modelo de jogo parecido na base e no profissional, o que facilita a adaptação dos mais jovens. Aqui a gente tem coisas importantes, fundamentais no nosso modelo de jogo, no dia a dia. Se você adaptar algumas coisas de fora, agrega muito o nosso valor técnico, já que temos um ótimo material humano.

UOL Esporte – O que é que não vinha dando certo com o Paulo Cézar Carpegiani?
Pachequinho - Na realidade, os resultados. Infelizmente o futebol é resultados. Em alguns jogos a gente não atingiu a vitória e isso acaba acarretando na demissão do treinador. E isso é uma coisa que eu estou preparado também. A gente trabalha forte, mas se o resultado não vir, o que se julga é o resultado.

UOL Esporte – Como foram os dias seguintes da saída dele? Os jogadores depois do Atletiba prometeram o título ao presidente...
Pachequinho - Esse eliminação diante do Asa prejudicou muito o dia a dia no comando técnico. Aqui no Paranaense, não só o Coritiba, mas as equipes que tem hegemonia, elas entram pra buscar o título. Isso é com Londrina, Paraná, Atlético. É uma competição que quem entra tem que almejar o título. E depois desse jogo os atletas entenderam que o nosso objetivo é buscar essa competição. Jogo a jogo virou uma decisão para nós. É o espirito que temos que ter. Os times do interior são fortes jogando em casa. A cada jogo temos que nos doar ao máximo. Como todos estão pensando dessa forma, temos que ter essa ambição para que o algo a mais possa acontecer.

UOL Esporte  – Mas a temporada é longa, depois tem o Brasileirão. Você se vê como o homem no cargo pela temporada toda?
Pachequinho - Eu acho que o mais importante é estar preparado e confiante nos desafios. Mas essa confiança tem que ser geral. Não adianta só o Pachequinho acreditar e não existir a confiança dos demais, diretoria, jogadores, torcida. Tem que ser a união de todos nos objetivos do clube. Eu estou preparado, independente do momento. Tenho que estar. O futebol te traz oportunidades em momentos que não se pode pensar duas vezes.

UOL Esporte – Então, repito: chegou a hora de ser efetivado?
Pachequinho - Penso que é um momento positivo em relação a isso, da parte da diretoria, da torcida. Jogo a jogo isso aumenta, no caso de efetivação. O importante é que estão estudando isso e eu vou continuar fazendo o máximo para que as vitórias venham.