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Sobreviventes viram estreia da Chape no avião e sonhando estar em campo

Alan Ruschel (esq) e Follmann viram o jogo e se emocinaram - AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA
Alan Ruschel (esq) e Follmann viram o jogo e se emocinaram Imagem: AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA

Daniel Fasolin, Leandro Carneiro e Luiza Oliveira

Do UOL, em Chapecó e São Paulo

08/03/2017 22h13

A Chapecoense viveu um momento histórico ao fazer sua estreia na Libertadores vencendo o Zulia por 2 a 1 na noite de terça-feira. A partida também foi histórica para os sobreviventes do acidente aéreo que assistiram à partida e se emocionaram em ver a equipe na disputa de uma competição internacional novamente.

Por ironia do destino, Jakson Follmann assistiu à transmissão ao vivo da partida dentro de um avião. Ele havia pegado um voo de São Paulo para Chapecó às 21h45 e viu quase toda a partida, inclusive os dois gols da Chapecoense, dentro do avião. Follmann admite uma sensação diferente.

“Você não vai acreditar. Eu estava dentro do avião. Assisti ao primeiro tempo e até os 28 minutos do segundo tempo. Vi os dois gols da Chape. Quando cheguei de viagem, fui rápido para casa para ver o finalzinho. Ainda peguei um pouquinho do fim do jogo”.

O ex-goleiro conta que não sente mais medo de avião como no início da sua recuperação por já ter voado cerca de doze vezes desde o acidente. Por isso, sempre que entra em um avião tenta pensar em coisas positivas. Mas ele admite que foi uma sensação diferente ver o jogo.

“Foi diferente, ver o primeiro jogo dentro do avião, é algo difícil de acontecer, uma coincidência. Mas fiquei muito feliz, emocionado. Foi a primeira vitória da Chape em uma competição grande. Fiquei muito contente, realizado, sei da importância disso para o clube e para a cidade. Se Deus quiser vai lutar pelo título”, disse.

O jogador Alan Ruschel assistiu ao jogo em casa com a mulher. Para ele, a partida representou um grande momento para o clube e para todos que acompanham a história dos atletas. Com planos de voltar a jogar em breve, Ruschel fala com a sensação de que poderia estar em campo.

“Fiquei muito nervoso ao ver o jogo, é pior olhar o jogo de fora do que tu estar ali dentro. A adrenalina no jogo ajuda, você vivencia o jogo e as coisas aparentam ser mais fáceis do que são. De fora, você chuta o vento para tentar ajudar, graças a Deus fui pé quente e espero que em casa eu possa levar essa sorte a eles. Esse jogo foi uma previa do que posso encontrar. Já me imaginei dentro de campo ou no banco para ajudar meus companheiros. Ficar a disposição do treinador já será uma coisa que conta muito”.

O sonho de voltar a pisar o gramado como jogador é compartilhado por Neto. Prova disso é que ele viveu intensamente as emoções do jogo como se tivesse participado efetivamente. “Essa interação é porque era meu sonho estar lá dentro. Queria ser campeão no ano passado para poder jogar essa Libertadores. Esse era meu planejamento. Essa emoção e esse sentimento eu transporto para eles lá dentro, temos que dar segurança para o pessoal que chegou a incentivar para eles fazerem bem o trabalho deles. Assisti em casa e com muita aflição, a gente quer jogar junto com os companheiros”.

O locutor esportivo Rafael Henzel também viveu de perto as emoções da partida. Ele narrou o jogo pela Rádio Oeste Capital e conta que fez seu trabalho sempre pensando naqueles que morreram no acidente.

"Foi muito emocionante. Inclusive lembrei dos demais colegas jornalistas locais que morreram no acidente. Tínhamos todos um sonho de juntos cobrirmos uma Libertadores com a Chape. Além disso, faço um paralelo da minha vida com a Chape com dificuldades e alegrias. Quando terminou o jogo, veio aquela sensação que nos motiva. É possível. Tudo é possível. Narrei com o coração meu e daqueles que não estão mais aqui."