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Sem espaço no Corinthians, Guilherme é criticado por queixas em entrevista

Guilherme atravessa início de ano complicado pelo Corinthians - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Guilherme atravessa início de ano complicado pelo Corinthians Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

11/03/2017 04h00

O meia-atacante Guilherme enfrenta situação difícil no Corinthians. Insatisfeito pela falta de oportunidades, ele passou de um dos protagonistas no difícil ano de 2016 a jogador quase nunca utilizado com Fábio Carille. O fato de ter se queixado publicamente, em recente entrevista ao site da Globo também fez com que o atleta sofresse muitas críticas internas.

A avaliação de Guilherme, transmitida publicamente, é de que a participação dele no sistema 4-1-4-1 de Carille é difícil. "Não estou tendo sequência porque está claro que para mim é difícil jogar ali. Não é uma concorrência, assim, justa. Pelo posicionamento. Tem jogadores que fazem aquilo a carreira toda", disse na entrevista, entre outras afirmações que, segundo a avaliação de alguns membros da comissão técnica, deixaram o grupo exposto.

A pessoas próximas, Guilherme tem demonstrado bastante contrariedade pelo baixo número de chances, e já cogita a saída desde a pré-temporada, quando percebeu que seu prestígio havia diminuído. Por outro lado, a vida em São Paulo tem agradado o jogador, que teve um primeiro ano particularmente feliz pelo Corinthians. Ele deixou a Turquia para ganhar menos, de olho na chance de ser o camisa 10 corintiano. Por enquanto, ainda adota o discurso de lutar para jogar, mas tem sido difícil.

Em 10 jogos oficiais do ano, Guilherme fez 6 minutos contra a Caldense e 45 minutos diante do Santo André, única derrota do time. Neste jogo, ele teve atuação muito abaixo da crítica, e justamente na função em que prefere atuar: atrás do centroavante, que naquele jogo era Jô. Desde então, não entrou mais. Nos últimos quatro jogos, mesmo recuperado de dores no joelho, Guilherme ficou de fora até do banco de reservas que teve 22 relacionados.

Direção quer reduzir o elenco, mas evita desvalorizar o atleta

Em paralelo a isso, o nome dele passou a ser ligado ao Internacional, que em janeiro havia feito proposta de troca pelo meia Anderson, agora no Coritiba. Na ocasião, o meia-atacante já era visto como uma peça negociável pela direção corintiana, que se interessou pelo negócio. Foi o próprio Guilherme quem vetou a saída.

Já nesse novo momento, a conduta da diretoria e da comissão técnica tem sido diferente. A abordagens sobre uma possível saída, as respostas são iguais: ele não é moeda de troca e terá oportunidades caso faça por merecer, nos treinamentos. Hoje, porém, há também um grande desejo em reduzir o elenco, que possui mais de 40 atletas. Carille e a direção já pediram paciência a jogadores jovens sem espaço e preveem saídas ainda neste semestre.

Por que taticamente é difícil para Guilherme

Logo depois de ser anunciado técnico, Carille assumiu em entrevista ao UOL Esporte que Guilherme era um jogador de difícil encaixe no sistema tático base. "Tecnicamente, é de uma qualidade que com certeza temos pouco, de passe e de finalização", disse em dezembro. "Penso em trabalhar com ele em uma função bem perto do camisa 9. Aí já tem que ser no 4-2-3-1, mas tenho dois planos, no 4-1-4-1. Nesse sistema, só vejo ele como 9, em um raio de ação menor. Não dá para o Guilherme jogar em um espaço de 60 ou 70 metros", afirmou.

Por outro lado, em vários momentos o Corinthians tem se utilizado do sistema 4-2-3-1, que em tese favorece Guilherme. Atrás do centroavante, ele viveu seu melhor período no clube no início do Brasileirão 2016, até a saída de Tite. Porém, agora, a opção tem sido por Rodriguinho nessa função.

A adaptação de Guilherme à função de meio-campista 'de área a área', no 4-1-4-1, foi descartada. Ele era a esperança de Tite para substituir Renato Augusto nesse papel há um ano.

Por mais que a discussão passe pela parte tática, Guilherme também deixou no ar uma crítica aos procedimentos adotados na entrevista concedida. "Não tive nenhum tipo de diálogo, de informação. Diariamente, fazemos os trabalhos normais. O que percebo é que, às vezes, treino no meio, às vezes de falso 9, há um revezamento. Tenho me sentido bem, porque tem sido ali onde consigo desenvolver melhor. Espero que, quando tiver oportunidades, seja da mesma forma que estou treinando para evoluir bem", disse.