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Em silêncio e mascaradas, mulheres protestam contra Bruno no Boa

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Varginha (MG)

14/03/2017 19h45

Um grupo de 26 mulheres protestou, na noite desta terça, no centro de Varginha, contra a contratação de Bruno pelo Boa Esporte. Com cartazes, mascaradas e em silêncio, elas reclamaram da ideia de "ressocialização" que é defendida pelo estafe do goleiro e os dirigentes.

"Não é uma boa contratar por jogada de marketing", dizia um dos cartazes. "Ressocializar sim, banalizar não", dizia outro.

As mulheres que foram à Concha Acústica de Varginha fazem parte de diferentes coletivos, entre eles alguns feministas como a Frente Popular. Elas se mantiveram caladas durante quase todo o ato, que durou cerca de meia hora. A decisão foi tomada em protesto contra a grande imprensa e também como medida de segurança, já que algumas delas foram ameaçadas nas redes sociais desde o anúncio da contratação.

Parte do ato aconteceu em cima da Concha Acústica, que está pintada em homenagem ao título do Boa na Série C em 2016. 

Veja a nota do grupo:

O nosso grupo de repúdio a contratação do goleiro Bruno pelo BOA esporte clube foi criado com o apoio coletivos de frente feminista, integrantes de movimentos sociais e com a população em geral.  Dentre nossas principais bandeiras estão o fato de o goleiro Bruno ter sido contratado para promover o time em âmbito nacional, mediante a utilização de uma mídia mórbida e imoral, que não se preocupa em transformar em ídolo o  réu confesso de um feminicídio. 
Nós, integrantes do grupo de repúdio citamos também a importância do futebol para o Brasil, sendo o esporte de maior prestígio entre os brasileiros, fazendo parte da cultura e do lazer da população, contando com patrocínio de diversas empresas e mobilizando multidões. No caso do BOA esporte, nosso grupo de repúdio também articula o boicote as empresas que estão  vinculando suas marcas ao time que ignora uma barbárie que chocou todo o país em nome de uma suja promoção midiática. 
Ressaltamos ainda que não somos contra a soltura e reintegração do goleiro a sociedade, vez que o processo ainda corre em sede de recurso e sua liberdade é provisória, até que possa de fato cumprir a pena que lhe for atribuída, mas não podemos negar que os jogadores de futebol, assim como toda pessoa pública, é formadora de opinião e serve como parâmetro de comportamento social. 
Por isso, hoje, dia 14 de março, às 19h, em frente a concha acústica, organizamos um ato de repúdio com aproximadamente trinta mulheres, que vestiram luto, sujaram suas mãos de vermelho, em representação ao fato de o goleiro ter as mãos sujas de sangue e utilizaram bandanas, já que alguns dos integrantes já sofrem graves ameaças e discursos de ódio vem sendo discriminados nas redes sociais. Informamos que esse foi o primeiro ato, mas caso o BOA ESPORTE insista em manchar o nome da nossa cidade e desrespeitar os torcedores e  simpatizantes, haverá uma manifestação pública que contará com apoio de outras frentes.  Somos contra a contratação do goleiro Bruno pelo BOA ESPORTE e não nos calaremos.