Com juventude e raça, Corinthians repete estratégia de quase 30 anos atrás
A discussão no Corinthians no começo de 1988 era similar à ocorrida nas primeiras semanas deste ano: dar ou não espaço na equipe profissional aos garotos da base? Há quase três dêcadas, um título paulista mostrou que o clube tomou a decisão certa. Na final contra o Guarani, quatro jovens promessas defenderam o time alvinegro como titulares em Campinas.
O clube, contudo, não colocou em campo somente o quarteto formado pelo goleiro Ronaldo, o zagueiro Marcelo Djian, o meia Márcio e o atacante Viola. Antes, durante a campanha, o técnico Jair Pereira ainda escalou o atacante Marcos Roberto, o zagueiro Pinella, o meia Edmundo e o lateral esquerdo Ailton.
Depois de 29 anos, o Corinthians, sob o comando de Fábio Carille, utiliza a mesma receita. No último jogo da equipe, por exemplo, sete jogadores da base entraram em campo contra a Ponte Preta: toda a linha defensiva (Léo Príncipe, Pedro Henrique, Léo Santos e Guilherme Arana), além de Maycon, Léo Jabá e Jô - o elenco ainda conta com Marciel, Pedrinho, Mantuan, Carlinhos, Rodrigo Figueiredo, Matheus Vidotto, Caique e Fagner.
"Isso faltava no Corinthians e, hoje, depois de muito tempo, o clube resgatou isso. Há muito tempo não vejo uma molecada tão bem preparada. A saída do Corinthians é essa. Molecada de personalidade", disse o ex-goleiro Ronaldo em entrevista ao UOL Esporte.
Marcelo Djian também vê a opção com bons olhos. Segundo ele, o desafio agora é se manter no time titular. "Os meninos que estão tendo as oportunidades, na medida do possível, estão aproveitando bem. Agora é questão de se firmar", afirmou à reportagem.
Os dois campeões estaduais de 1988 tiveram uma trajetória parecida no começo da carreira. Amigos desde 1983, ambos tornaram-se titulares absolutos no ano do título estadual e tornaram-se ídolos do clube, com participação efetiva nas temporadas seguintes - Ronaldo jogou 601 partidas pelo clube, até 1998. Marcelo, 342, até 1993.
Dedo do técnico
O técnico Jair Pereira chegou ao Corinthians no começo de 1988, depois de o time sofrer na Copa União do ano anterior (o torneio era o Brasileirão da época). De imediato, o treinador, assim como Fábio Carille, decidiu escalar os meninos da base. Eles jogavam ao lado de atletas experientes, como Everton, Biro-Biro, Edmar e Edson.
"O Jair Pereira, quando chegou ao Corinthians, ele disse que eu era o zagueiro menos ruim do elenco. Eu fui jogando. Na metade do campeonato ele disse que eu deveria servir a seleção olímpica em Seul. Ele me deu a chance e eu aproveitei a chance. Dei o retorno no campo", relembrou Marcelo.
Ronaldo ainda vê um ponto importante que tornou possível o uso dos jovens. "Jair acompanhou a seleção brasileira de juniores. Ele sempre acompanhou a base. Quando há esse cara que acompanha a molecada, fica mais fácil", frisou.
Hoje, o ex-goleiro vê Osmar Loss na mesmo posição. Depois de levar o Corinthians ao título da Copa São Paulo, o treinador tornou-se auxiliar técnico de Fábio Carille. Loss, dessa forma, conhece, os jogadores da base corintiana.
Time de guerreiros
O Corinthians sagrou-se campeão em 1988 depois de vencer o Guarani por 1 a 0 em Campinas, gol de Viola - o atacante disputava apenas seu terceiro jogo pelo clube alvinegro. Apesar disso, o jogador de 18 anos, titular na decisão, entrou em campo com duas camisas (uma delas foi jogada à torcida na comemoração).
Título e confiança
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.