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Avó de Bruninho muda rotina do neto e conta como criança soube do pai

Washington Alves/UOL
Imagem: Washington Alves/UOL

Karla Torralba

Do UOL, em São Paulo

18/03/2017 04h01

Sonia Moura, mãe de Eliza Samúdio e avó de Bruninho, mudou sua rotina e a rotina do neto desde que o pai do menino de 7 anos, o goleiro Bruno, foi solto da prisão por determinação do STF (Superior Tribunal Federal) há três semanas. Antes mesmo da conversa com o UOL Esporte começar, providências são tomadas. “Agora o Bruninho está perto. Daqui a pouco eu vou sair e te dou um ‘ok’. Daí a gente se fala”, avisa.

Ela deixou sua casa em Campo Grande a caminho do escritório da advogada Maria Lúcia Borges Gomes. As reuniões são frequentes desde que sua família voltou a ficar na mídia. A preocupação é com o neto. “Eu me preocupo com o futuro do meu neto. De que forma o meu neto vai assimilar, agir, qual será a reação dele de tudo que houve com a mãe”, diz.

Dentro de casa Bruninho não vê mais televisão. O objeto é proibido por receio de ele descobrir o verdadeiro motivo da prisão do pai: o assassinato da mãe. “Estou acompanhando as notícias apenas pela internet, porque em casa a TV está proibida. Em casa só quando o Bruninho estiver dormindo que vemos televisão. Tem uma vigilância. Ele não fica sozinho dentro de casa sozinho. A vigilância entrou em torno da televisão para que ele não venha saber que o pai que mandou matar a mãe”, contou .

O menino conhece o motivo de Bruno estar preso e que Eliza morreu, mas não sabe a ligação entre os dois casos. “Ele perguntou o ano passado. Queria saber por que não via o pai dele. Queria ver, queria saber. Eu sentei e falei quando estávamos sozinhos no quarto, na cama. Eu falei para ele. Ele perguntou o nome pai e perguntou por que tinha o mesmo nome. Eu falei que a mãe deu o nome pelo pai e não dava para vê-lo porque não tinha como. Eu falei que o pai estava preso. Ele me perguntou se era droga ou roubo e eu respondi que não era droga. Ele perguntou se ele tinha matado alguém. Eu disse que era porque ele mandou matar uma pessoa. Ele disse que é a mesma coisa. Ele tem raciocínio rápido, é inteligente e eu não quero por essa carga negativa nele dele saber do pai”, comentou.

Avó e neto têm acompanhamento psicológico. O profissional que atende Bruninho vem a hora que a criança precisar, explicou Sonia.

A avó afirmou que apesar de não possuir escolta especial, providências de seguranças foram tomadas por medo de “Bruno tentar terminar o que começou”. Ela se refere a ameaças que sofreu em 2014 e ao fato de seu neto ter sobrevivido após o assassinato da mãe. Apesar da situação, Sonia faz questão de afirmar que a rotina de Bruninho está normal.

“A rotina dele está normal. Há uma vigilância maior em termos de: eu falei para ele não se aproximar de carros, não quero na frente do portão de casa, falei para ele que se alguém chegar no portão e alguém olhar, ele não sair. Deixa que eu saio para atender”, explicou.

A saída de Bruno da cadeia também atingiu a vida de Sonia com ainda mais exposição na mídia. Ela quer paz.

“Eu gostaria de paz para cuidar do meu neto, mas infelizmente até isso está sendo retirada do meu neto. Eu não sei de que forma e nem onde e como eu vou poder colocar a minha cara fora do portão e andar na rua sem estarem me apontando. Eu evito sair de casa. O pessoal pergunta e às vezes fazem perguntas doloridas. É algo que me mexe. Tem uma semana que não durmo, emagreci 3 kg, eu ando sem paciência. Eu tenho que estar me policiando para não responder às pessoas indelicadamente. Isso é tudo é influência negativa vindo dele (Bruno)”

Medo constante

Sonia não dorme direito. De madrugada, algumas ligações a impedem de pegar no sono. “São números privados que ligam mais de uma vez à noite. Três horas da manhã estão me ligando e desligam”.

O medo que Sonia vive é porque já recebeu ameaças anteriormente. Apesar disso, não pensa em se mudar de cidade, como já o fez em 2012. “Eu mudei de Anhanduí, que fica a 50 km de Campo Grande. Me ligaram mandando que eu calasse a boca, que passariam por cima de mim como um rolo compressor. O Bruninho tinha acabado de fazer 1 ano. Na época eu mudei meu número várias vezes.

Agora a situação é diferente. “O que adianta mudar de cidade, fazer com que meu neto se afaste da rotina por conta disso? E outra: se o Bruno quiser fazer algo, que eu acredito que seja possível, ele vai encontrar em qualquer lugar como fez com minha filha. Minha filha fugiu dele durante a gravidez. Ela estava escondida em Santos e o que aconteceu? De alguma forma eles conseguiram saber que estava lá, isso está dentro do processo até”.