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Goleada do Brasil impressiona uruguaios: "O jogo bonito voltou"

Natacha Pisarenko/AP
Imagem: Natacha Pisarenko/AP

Danilo Lavieri

Do UOL, em Montevidéu (Uruguai)

24/03/2017 04h00

“Eu fiquei por muito tempo pensando: como parar o Brasil?”. Essa foi uma das frases de Oscar Tabárez que mostra a admiração dos sul-americanos pela fase que vive o futebol brasileiro. O técnico do Uruguai foi à coletiva de imprensa de sua equipe após o sonoro 4 a 1 em pleno Estádio Centenário convicto de que o nível alcançado pelos comandados de Tite está em outro patamar em relação aos concorrentes do continente.

“Eu assisti às últimas seis partidas que o Brasil ganhou e eles também golearam a Argentina”, explicou o técnico. “Claro que dói, mas nunca nos colocamos como uma super equipe. O Brasil está em um nível diferente dos demais”, afirmou.

A convicção se espalhou imediatamente pelo Estádio Centenário. Depois dos minutos de euforia pelo gol de Cavani que abriu o placar, os uruguaios ficaram boquiabertos com a tranquilidade da seleção brasileira para reassumir o controle do jogo, não se importar com a pressão do estádio, tampouco com a alta linha de marcação do Uruguai, com direito a um meio-campo congestionadíssimo.

Nas tribunas de imprensa, uruguaios se entreolhavam a cada arranque de Neymar. Tentaram esconder a surpresa com o golaço de Paulinho e se impressionaram com as viradas de jogo de Renato Augusto e Daniel Alves.

Na coletiva de imprensa com Tite, os elogios vieram das mais diversas nacionalidades de repórteres. Um deles perguntou: “O Brasil voltou a praticar o Jogo Bonito?”, fazendo referência ao slogan que ficou conhecido no mundo inteiro, especialmente com Ronaldinho, Ronaldo e Rivaldo.

Nas capas de jornal, as frases seguiam a linha de “O Brasil foi o dono do jogo no Centenário” e “Neymar fez poesia nesta noite”. É para tanto: o Uruguai havia jogado seis vezes em casa nessas Eliminatórias e ganhou todas, com quase 20 gols marcados e apenas um sofrido. 

Nas ruas, os uruguaios menos fanáticos abordavam os brasileiros para perguntas sobre o time, especialmente sobre o técnico. Na saída do ônibus do Estádio Centenário, se aglomeraram em volta dos jogadores na esperança de uma foto ou um autógrafo.

Não foi à toa que Tite concordou com a pergunta sobre a vitória ter sido histórica. “Foi histórica, não pelo placar, mas pelo jogo. Ganhar do Uruguai aqui é muito difícil e nós conseguimos isso com alto desempenho”.