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Estudo vê melhora financeira do Corinthians, mas situação ainda é delicada

O presidente Roberto de Andrade ao lado do diretor de futebol do clube, Flávio Adauto - Divulgação/Agência Corinthians
O presidente Roberto de Andrade ao lado do diretor de futebol do clube, Flávio Adauto Imagem: Divulgação/Agência Corinthians

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

28/03/2017 04h00

O Corinthians ainda vive uma crise financeira embora tenha alcançado um equilíbrio maior nas despesas da temporada 2016. O cenário do clube para este ano, dessa forma, ainda é delicado. É isso que aponta um estudo anual feito pelo Itaú BBA, que levou em conta os resultados obtidos até setembro do ano passado.

Em entrevista à reportagem do UOL Esporte, Cesar Grafietti, superintendente de crédito do banco e responsável pelo levantamento, explicou que a preocupação está ligada, sobretudo, às condições do Corinthians em repetir os números obtidos com a receita do ano passado.

Vale lembrar que o clube vendeu boa parte do time campeão brasileiro em 2015. Oito titulares acabaram negociados: os zagueiros Gil e Felipe, os volantes Ralf e Elias, os meias Renato Augusto e Jadson, além dos atacantes Vagner Love e Malcom.

"O Corinthians está conseguindo manter o nível dos custos. Esse é o ponto positivo. Eles estão estáveis, mas se compararmos os elencos de 2015 e 2016 eles são diferentes, Ele tem um elenco menos valorizado gastando a mesma coisa. Deveria ter uma redução (de custos) maior ainda", explicou.

O estudo diz ainda que "não há espaço para grandes contratações e nem aumento de custos". As despesas do clube alvinegro atingiram R$ 249 milhões em 2015. A projeção para 2016 é de R$ 251 milhões. Já a receita passou de R$ 281 milhões para R$ 352 milhões.

Grafietti ressalta que o Corinthians precisa colocar em prática uma redução de custos para as próximas temporadas, a fim de não depender de uma receita oriunda da venda de jogadores para fechar o ano no azul.

"A tendência para 2017 é de ser um ano difícil. O clube deveria ter trabalhado em 2016 uma redução de custos. Ficar do mesmo tamanho de 2015 não vai adiantar. Mas é difícil reduzir. Há uma dificuldade natural. O clube vendeu uma série de jogadores e teve de repor", disse.

Dificuldades na maioria dos clubes

O estudo ainda aponta que praticamente todos os grandes clubes do Brasil enfrentam um problema parecido com o do Corinthians."O ano de 2016 vai ser muito enganoso para muitos clubes. Para a maioria deles o resultado em 2017 deve ser bem difícil. Olhando 2016 dá uma sensação que está tudo bem e isso engana", afirmou Grafietti.

Segundo o levantamento, dos 12 clubes analisados, 11 apresentam situação financeira"capaz de honrar os custos e despesas". O Internacional foi o único que não conseguiu chegar a esse patamar. Os gaúchos tiveram alta nos custos e despesas.

Ainda de acordo com o estudo, além do Corinthians, Flamengo, Palmeiras e São Paulo tiveram um equilíbrio satisfatório entre receitas e despesas. A postura do clube rubro-negro nos últimos anos, inclusive, tornou-se um exemplo.

"Essa gestão do financeiro com o esportivo é muito complicada. Só é possível fazer como fez o Flamengo: chamar todo mundo e passar três, quatro anos com times bem modestos e daqui a cinco anos eu volto a disputar títulos com mais força. Mas tem de ter a compreensão da torcida, eles precisam comprar a ideia", finalizou o superintendente.