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Ganso confia em reviravolta no Sevilla e não quer saber de voltar ao Brasil

João Henrique Marques

Do UOL, em Barcelona

29/03/2017 04h00

Paulo Henrique Ganso não joga pelo Sevilla há quase 80 dias. Treina e evita pressionar o treinador Jorge Sampaoli e os dirigentes. Quem convive com o meia garante que ele confia em uma reviravolta e não faz planos para deixar o clube espanhol.

O UOL Esporte apurou com pessoas próximas a Ganso de que o foco do jogador é a permanência no Sevilla. A expectativa é de que oportunidades apareçam na reta final de temporada, mas principalmente que a segunda temporada na equipe seja movimentada. O retorno ao Brasil está descartado.

Ganso passou aos empresários que até aceita transferências dentro do mercado europeu. No entanto, a esperança é de que outras equipes de porte grande em campeonatos valorizados apareçam. Como exemplo, o meia não aceitou propostas do clubes turcos Trabzonspor e o Fenerbahce no meio da temporada. Já a especulação sobre interesse do Valencia o agradou.

Ganso não acredita que seja impedimento para um projeto de Sampaoli na próxima temporada, como foi especulado pela imprensa espanhola. A alegação é de que foi contratado por um pedido do técnico e está em evolução.

O Sevilla já está eliminado na Copa do Rei e na Liga dos Campeões, mas ainda tem dez jogos restantes no Campeonato Espanhol - time ocupa a terceira colocação com 57 pontos, oito de distância do líder Real Madrid. Atuar na reta final parece impossível para alguém que teve a última chance na competição em novembro - jogou 70 minutos na vitória por 3 a 2, contra o Deportivo La Coruña.

"É uma decisão dele mesmo ficar fora dos relacionados. Quando ele decidir mudar, será impossível ficar fora", disse o treinador Sampaolli em fevereiro, a última vez que perguntado sobre a ausência de Ganso. 

Os motivos de Ganso

O meia brasileiro acredita que a chegada ao futebol europeu foi dura. Ele conviveu com intensa especulação em época de sucesso no Santos em 2010 - Milan e Inter de Milão chegaram a disputar o jogador -, mas uma lesão de ligamento cruzado no joelho esquerdo mudou o rumo da carreira.

Ganso perdeu valor no mercado e teve proposta rara do exterior. O Napoli, em 2014, lhe agradou. O problema foi a recusa do São Paulo em negociar.

O meia seguiu a rotina no São Paulo sem pressionar dirigentes até que a oferta do Sevilla lhe foi apresentada em junho do ano passado. Na ocasião, Ganso chegou a brigar com cartolas do clube para que aceitassem a proposta por acreditar que estava diante da última oportunidade na carreira de ida para a Europa.

A cidade de Sevilla é outro motivo que faz Ganso querer seguir em busca de oportunidade no clube. Por lá, vive ao lado da mulher Giovana Costi e dos dois filhos, Henrico, de 2 anos, e Stella, recém-nascida. A decisão foi a de se fechar em casa e só receber outros familiares para visita.

Como jogar?

Para atuar pelo Sevilla, Ganso tem que superar enorme concorrência, que vai desde o francês Nasri ao argentino recém-contratado, Walter Montoya. São sete jogadores no elenco que disputam vagas no meio-campo.

O problema de Ganso passa pela ordem tática e esbarra no aspecto físico. Isso, pois não consegue cumprir o padrão do Sevilla de marcação pressão e ainda fechar espaço do lateral adversário em caso de rompimento da primeira linha de defesa. O sucesso de Marcelo, na vitória do Real Madrid por 3 a 0 contra o Sevilla, pela Copa do Rei, em janeiro, foi atribuído pela mídia espanhola por conta da liberdade que tinha no setor. O jogo em questão foi o último de Ganso - atuou somente os 45 minutos iniciais e foi substituído já com o marcador em 3 a 0 para o adversário -.

Sobrariam para Ganso partidas em que o Sevilla jogue com o controle da posse de bola. Algo raro em um Campeonato Espanhol em que a maioria dos times não abre mão de ter a bola.

As partidas de maiores destaques de Ganso foram justamente contra times que atuam excessivamente na retranca. Diante do Alavés, em outubro, entrou para os 30 minutos finais com o placar em 0 a 0 e deu um lindo passe de calcanhar para um dos gols de Ben Yedder no triunfo por 2 a 1. Já na goleada por 4 a 0 contra o Dínamo Zagreb, pela Liga dos Campeões, em novembro, foi titular e eleito um dos melhores em campo. No entanto, pediu substituição aos 30 minutos do segundo tempo alegando cansaço.

"O Ganso substituía o Nasri (lesionado) contra o Dínamo e teve a chance de seguir no time. Mas mostrou deficiência física e no jogo seguinte, contra o Barcelona, que é o expoente da necessidade de um bom condicionamento, já estava no banco de reservas", comentou o jornalista Jesus Márquez, do Canal Sur, de rádio e televisão de Sevilla.