Topo

Inter explica dívidas e quer terminar com 'obrigação de venda de atletas'

Marcelo Medeiros (d) e seus vice-presidentes querem reformar o Inter financeiramente - Divulgação
Marcelo Medeiros (d) e seus vice-presidentes querem reformar o Inter financeiramente Imagem: Divulgação

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

31/03/2017 12h19

Em entrevista coletiva concedida na manhã desta sexta-feira (31), o presidente do Internacional, Marcelo Medeiros, explicou uma situação difícil do ponto de vista financeiro. Dívidas vindas da direção passada que foram prorrogadas ou pagas e ainda estratégias de mudança para recuperar o clube estiveram na explicação do mandatário. Entre as condutas, uma das principais é tirar do orçamento a obrigação de venda de jogadores. 

"O que encontramos foi uma realidade de R$ 25,5 milhões de obrigações vencidas. Estamos falando de caixa, de obrigações que tinham sido contratadas e tinham seu vencimento até a data de 3 de janeiro, deveriam ter sido pagas até 3 de janeiro. Dentro disso, cheques emitidos com datas até 3 de janeiro de aproximadamente R$ 5,9 milhões, quase R$ 4 milhões de fornecedores, um saldo de cheque especial negativo tomado em uma instituições financeiras de R$ 4 milhões, direitos de imagem de outubro e novembro vencidos e não cumpridos com atletas, excluímos dezembro porque vence em janeiro. Tínhamos a folha de férias dos atletas não honradas, parte da folha de dezembro, impostos e algumas verbas de indenizações que deveriam ter sido pagas. Essa é a realidade que encontramos em 4 de janeiro", explicou Medeiros. 
 
Foram estas dívidas com jogadores que travaram, por exemplo, as saídas de Ariel e Anderson, que só aceitaram deixar o clube depois de terem seus pagamentos contemplados. Atualmente, segundo o presidente Medeiros, todas as dívidas com o elenco foram quitadas. 
 
Além disso, a direção do Internaiconal explicou um empréstimo contraído na gestão passada cujos pagamentos retiram dos cofres vermelhos R$ 3,5 milhões por mês. São, ao todo, R$ 44 milhões. 
 
"Postergamos as três primeiras parcelas. E será negociado um alongamento de dívida. Estabelecer uma negociação com a instituição financeira até que possamos equalizar o fluxo de caixa", afirmou. 
 
Para retomar a melhor condição financeira, o Internacional promove uma readequação de gastos. Quer controlar o fluxo de caixa e pagar seus custos mensais. Partindo da 'base zero' a ideia é reformar totalmente a entrada e saída de dinheiro do Inter. 
 
E entre as consequências de uma melhor condução de gastos é o fim da obrigação de venda de jogadores. No ano passado, o orçamento do clube previa R$ 60 milhões em vendas de jogadores. Não foi atingido e pode isso ter sido um dos fatores que levaram ao endividamento do clube. Agora, para 2017, se prevê apenas perto de R$ 15 milhões. 
 
"O Inter é um clube formador de atletas. Dependendo do momento econômico, do cenário do crescimento do time, essa venda se torna mais ou menos intensa. Este assunto foi amplamente explicado pelo departamento de futebol, e as peculiaridades, as confidencialidades que dizem respeito. O ano passado estavam previstos R$ 50 milhões ou R$ 60 milhões em vendas de jogadores e não foi atingido isso. Fizemos um planejamento de deixar zero na previsão de venda de jogadores, mas depois de conversar com o conselho fiscal, resolvemos manter uma meta conservadora. Não quer dizer que jogador A ou B tenha sido vendido", disse. Na questão, foi sublinhada a situação de William, que já acertou sua transferência para o futebol alemão. 
 
A gestão Marcelo Medeiros assumiu comando do Internacional em janeiro deste ano. Sucedeu Vitório Píffero no comando do clube. Sua gestão encerra-se no fim do ano que vem. 
 
Para ter um controle total do cenário financeiro do clube, o comando contratou uma empresa especializada que analizará cada detalhe de gastos e lucros ocorridos em todos os setores do clube.