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Contratação de campeão mundial em 2000 gera protesto e racha no Corinthians

Yamada assumirá gerência da base do Corinthians - Antônio Gaudério/Folhapress e Audax Rio/Divulgação
Yamada assumirá gerência da base do Corinthians Imagem: Antônio Gaudério/Folhapress e Audax Rio/Divulgação

Dassler Marques e Marcel Rizzo

Do UOL, em São Paulo

04/04/2017 17h44

A contratação de Yamada para a gerência das divisões de base é o novo capítulo da crise política no Corinthians. Formalizada na última semana, a volta do goleiro campeão mundial em 2000, agora como gestor, provocou pelo menos duas reações imediatas. O motivo principal para as críticas é que ele trabalhava como funcionário do empresário Marcelo Robalinho na empresa Think Ball.

A principal ala do antigo grupo Fora Dualib, revoltada pela decisão, comunicou ao presidente Roberto de Andrade que estava oficialmente fora da base de apoio da gestão. Um dos membros dessa corrente é Eduardo Ferreira, ex-diretor de futebol adjunto. Segundo apurou a reportagem, o Corinthians cogitou desistir da contratação de Yamada em razão da forte pressão.

Ainda na segunda-feira, o novo diretor do departamento amador, Nei Nujud, teve uma surpresa. Seis representantes da Gaviões da Fiel foram ao Parque São Jorge em busca do presidente Roberto e de Nei para cobrar explicações. As críticas são justamente pela escolha de alguém que, na avaliação deles, até outro dia negociava como empresário.

Ventilada no Corinthians há alguns meses, mas anteriormente para o futebol profissional, a contratação de Yamada é questionada porque ele atuou recentemente em negociações que envolvem o clube: a contratação do meia Jadson, a renovação de contrato do lateral Léo Príncipe por três anos e a aquisição em definitivo do zagueiro Dellamore.

Em relação à última operação, as divisões de base do Corinthians chegaram a dar por encerradas as tratativas por conta da dificuldade em formalizar a compra. Dellamore pertencia ao Monte Azul, clube utilizado pela Think Ball para registro de atletas, e foi comprado em definitivo porque seu empréstimo à base corintiana terminaria em dezembro desse ano. No fim das contas, o gerente de futebol Alessandro concretizou a aquisição com o orçamento do futebol profissional. Depois, o jovem acabou emprestado ao Fortaleza.

Yamada foi indicado ao presidente Roberto de Andrade e a Alessandro por Edu Gaspar, ex-gerente e hoje coordenador de seleções na CBF. O ex-goleiro foi companheiro de Edu Gaspar na base e no profissional do Corinthians, em que seu diretor era justamente Nei Nujud, agora na base.

A Think Ball, empresa em que ele atuava até semana passada, representa pelo menos cinco jogadores no Corinthians: além dos já citados Jadson, Léo Príncipe e Dellamore, cuida do volante Renan Areias (sub-20) e do atacante Kayke (sub-17).

O que argumentam a base do Corinthians e Yamada

Em contato com a reportagem, Nei Nujud e Yamada deram suas versões. O diretor do departamento amador descreveu o ex-goleiro como alguém "preparado, viajado e identificado com o clube e com as divisões de base". O ex-goleiro chegou ao Corinthians com 14 anos (hoje tem 38) e será responsável por otimizar custos no departamento, além de controlar o fluxo de contratações.

Yamada, por outro lado, ressaltou a experiência e o preparo pessoal para assumir a função de gerente da base, vaga desde que Fábio Barrozo se desligou no ano passado. O ex-goleiro atuou na gestão dos times menores do Audax e também da equipe principal e também serviu as seleções jovens do Brasil enquanto jogador.

Na avaliação dele, toda a carreira foi preparada para trabalhar à frente de um clube, e não como empresário. Na Think Ball, onde Yamada atuava como gestor, seu papel abrangia desde a administração de carreiras à prospecção de jogadores.

Em contrapartida à contratação de Yamada, que inicia seu trabalho nesta quarta-feira de maneira oficial, o coordenador técnico Rodrigo Leitão foi demitido.