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Micale diz que trabalhar com Neymar deixa técnicos mal-acostumados

Neymar abraça Micale durante campanha do ouro olímpico - Laurence Griffiths/Getty
Neymar abraça Micale durante campanha do ouro olímpico Imagem: Laurence Griffiths/Getty

Do UOL, em São Paulo

04/04/2017 11h28

Técnico da seleção campeã olímpica na Rio-2016, Rogério Micale disse que trabalhar com Neymar deixa os treinadores mal-acostumados. Em entrevista ao programa “Bem, Amigos!”, na noite da última segunda-feira, o treinador relembrou o período de convivência e lembrou das cobranças pesadas que o jogador do Barcelona recebeu durante a campanha.

"Ele deixa a gente mal-acostumado, porque depois de trabalhar com um jogador desse você quer que todo mundo faça o que ele faz. Mas eu quero dizer que ele é humano, e, muitas vezes, esse nível de jogador gera esse debate todo, a gente começa a tratá-lo como ET, como alguém que muitas vezes não pode errar, ter um deslize, tem que ser perfeito o tempo todo”, disse.

“Ninguém gosta de passar a ser cobrado da forma como ele foi cobrado. Foi um momento difícil, foram coisas pesadas, questionamentos que levam para o lado pessoal. O pessoal começa a tomar uma proporção que chega a se tornar desumano", completou.

Durante a campanha, Neymar recebeu muitas críticas e foi pressionado pelo começo ruim da seleção. O atacante, inclusive, deixou de conceder entrevistas como resposta às críticas que vinha recebendo.

"Estava muito pesado, ele estava triste. Quem não fica triste? Todo mundo, é humano. Eu cheguei a falar em uma das minhas entrevistas coletivas que a gente tinha que respeitar mais os nossos ídolos, porque chegaria o momento que poderiam não querer jogar mais pela gente. Chegar ao ponto de (dizer): 'Não quero ir lá mais'. Tem que ser cobrado, mas tem limites. Precisamos achar esse nível de respeito com o ser humano, que às vezes extrapola o atleta.", disse Micale.

No final, o Brasil engrenou e conquistou a inédita medalha de ouro no futebol. Micale, porém, foi demitido no começo deste ano e ainda está sem emprego.

"Já chegaram alguns convites. Poucos, mas chegaram. Eu achei que era muito recente quando vieram, tinha acabado de sair da CBF, desligado. Achei que não era o momento. Vivi de forma intensa aquele momento, a preparação, acompanhando tudo sobre possíveis convocados", contou.