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Bruno é ovacionado na estreia, mas comete pênalti que custa vitória ao Boa

Goleiro Brunos se prepara para estreia com a camisa do BOA - CÉLIO MESSIAS/ESTADÃO CONTEÚDO
Goleiro Brunos se prepara para estreia com a camisa do BOA Imagem: CÉLIO MESSIAS/ESTADÃO CONTEÚDO

Victor Martins

Do UOL, em Varginha

08/04/2017 19h22

Foram quase sete anos sem disputar partida profissional. Exatos 2.499 dias separam o 5 de junho de 2010, última partida de Bruno pelo Flamengo, e o 8 de abril de 2017, estreia pelo Boa Esporte. Condenado por 22 anos e três meses pelo assassinato de Eliza Samúdio e por ocultação de cadáver, Bruno certamente não retornou ao futebol como desejava.

O agora camisa 1 do Boa Esporte teve participação decisiva no empate em 1 a 1 com o Uberaba, pela primeira rodada do hexagonal final do Módulo do Campeonato Mineiro. O resultado não era o esperado pela equipe de Varginha, que atuava em casa, no Estádio Dilzon Melo, e luta para terminar a fase entre os dois primeiros colocados, para retornar a elite do futebol estadual, em 2018.

Bruno comete pênalti no único lance decisivo que disputou

Pressionado pelo Boa Esporte nos primeiros minutos de jogo, o Uberaba sequer conseguiu dar um chute no gol defendido por Bruno. A única tentativa na etapa inicial aconteceu aos 41 minutos, numa bola que ficou para fácil defesa de Bruno. No segundo tempo, perdendo por 1 a 0, o Uberaba teve de sair para o jogo. E conseguiu empatar após Bruno errar no único lance decisivo em que participou. O goleiro cometeu pênalti e foi amarelado. Na cobrança de Bruno Henrique, Bruno sequer acertou o lado.

Protestos? Nada disso, Bruno foi ovacionado pela torcida

Quando Bruno foi anunciado como reforço do Boa Esporte, muitos protestos aconteceram, especialmente pela internet. A repercussão foi tão ruim, que vários patrocinadores deixaram o Boa Esporte. Entre eles a fornecedora de material esportivo. Embora o Boa ainda jogue com as camisas confeccionadas pela Kanxa, a marca da empresa não aparece mais. Protestos que não aconteceram no Dilzon Melo. No estádio o clima era de euforia, pela estreia de um grande reforço. Bruno foi ovacionado pela torcida, que vibrava a cada participação do goleiro.

Presença da família e faixa “Somos todos Bruno”

No retorno aos gramados, Bruno contou com um incentivo especial. Alguns familiares do goleiro marcaram presença no Estádio Dilzon Melo, em Varginha. Eles levaram uma faixa de incentivo ao goleiro, com a inscrição “Somos todos Bruno”. Em cada tempo da partida a faixa ficou em um setor do arquibancada, sempre próxima do gol quer era defendido por Bruno.

De condenado por assassinato a novamente ídolo

Bruno só conseguiu voltar a jogar futebol, após quase sete anos de prisão, por causa de um habeas corpus concedido por Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). No entendimento do ministro, o goleiro tinha direito de aguardar em liberdade pelo julgamento dos recursos, contra condenação por 22 anos e três meses por assassinato de Eliza Samúdio. Livre desde fevereiro, Bruno reencontrou em Varginha um pouco do que viveu no passado, quando defendeu Atlético-MG e Flamengo. O goleiro teve uma tarde com status de ídolo. Único jogador que teve o nome gritado pela torcida e disputado pelas crianças, na hora de entrar em campo.

Carinho vai ser trocado pelo clima hostil no próximo jogo

O Boa Esporte volta a campo pelo hexagonal final do Módulo 2 contra o Patrocinense, em Patrocínio. Se no Estádio Melão o clima foi de bastante carinho e admiração pela presença de Bruno em campo, nesta quarta-feira (12), o goleiro vai encontrar um ambiente totalmente hostil. Adversários na primeira fase do Módulo 2, a torcida do Patrocinense não pouparam os jogadores do Boa Esporte dos gritos de “assassino”, quando se enfrentaram. Jogo em que Bruno sequer estava relacionado.

Presença de Bruno triplica público e dobra renda do Boa

Nos cinco jogos da primeira fase do Módulo 2 do Campeonato Mineiro o Boa Esporte não contou com grande presença de público. A vitória sobre o Araxá, com 935 pagantes, era o jogo de maior presença de torcida e também de maior renda. A média da equipe de Varginha até o jogo com o Uberaba de 640 pagantes por jogo e R$ 5,8 mil de renda. Na estreia de Bruno, o público pagante foi de 1.772 torcedores e renda de R$ 12.605,00 (na compra de um ingresso o torcedor ganhava outro do mesmo setor). Números bons pelo histórico do Boa, mas ruim pelo tamanho da cidade. Varginha tem cerca de 120 mil habitantes.

Cabines cheias e três vezes mais jornalistas do que o normal

Em uma partida comum do Boa Esporte, seja por Mineiro ou Brasileiro, a média varia entre 20 e 30 profissionais credenciados, dependendo se a partida tem ou não televisionamento. Em um jogo tem transmissão da televisão, o número cai para cerca 20 profissionais, entre jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas e operadores. No duelo com o Uberaba, que marcou a estreia de Bruno, as cabines do Estádio Melão ficaram lotadas. Mais de 60 profissionais de imprensa se credenciaram para o jogo, que não teve transmissão pela televisão. Como comparação, a partida do Cruzeiro pela Sul-Americana, contra o Nacional-PAR, no Mineirão, teve 112 profissionais credenciados.