Topo

Özil relembra racismo sofrido na infância por causa de sua origem turca

Reuters / Eddie Keogh
Imagem: Reuters / Eddie Keogh

Do UOL, em São Paulo

09/04/2017 07h38

Aos 28 anos, o meia Mesut Özil não é muito de falar com a imprensa. Neste domingo (9), porém, o jogador do Arsenal concedeu uma longa entrevista ao jornal “Daily Mail”, em que abordou temas como a infância na Alemanha e o racismo sofrido no país europeu por causa de sua descendência turca.

De acordo com Özil, por diversas vezes ele foi recusado em testes quando criança mesmo sendo melhor que o escolhido pelos clubes. “Você tinha 100% de certeza que te escolheriam, mas diziam: ‘vamos ficar com ele. Você terá que esperar mais uma semana’”, contou.

A repetição desse fato fez com que Özil percebesse que o problema estava além de seu talento para o futebol. “Quando você passa por isso três ou quatro vezes, você percebe. Eu dizia: ‘Pai, por quê? ’. Ele dizia: ‘Mesut, não é com você, é com seu passado, porque você tem descendência turca e porque se chama Mesut’”.

A família de Özil é natural de Zonguldak, na Turquia. O meia, no entanto, nasceu na cidade de Gelsenkirchen, na Alemanha.

“Quando você pensa no futuro e onde você quer morar, eu diria a Alemanha, porque cresci lá e gosto da disciplina das pessoas de lá. Mas minhas raízes são de Zonguldak, na Turquia. Fui lá diversas vezes”, continuou.

Infância simples e medo de ratos

Na mesma entrevista, Özil relembrou seus tempos de infância e um antigo pavor que tinha que conviver em sua casa: os ratos. De acordo com o jogador do Arsenal, o animal era presença frequente no porão de onde morava, o que fazia com que ele nunca descesse desacompanhado.

“Eu era muito pequeno. Sempre fui o mais jovem do grupo. Quando você ia ao porão, não tinha um botão de ligar/desligar a luz. Você apertava o botão e em 30 segundos a luz apagava”, relembrou. “Você não saberia onde as coisas estavam, porque era muito escuro. Às vezes escutava alguns barulhos. Quando você vê um rato tão grande a sua frente, você enlouquece. Sempre descia (para o porão) com outras pessoas, nunca sozinho”.

Mesmo não tendo uma infância com luxos, Özil se mostrou saudosista com o tempo em que vivia no bairro de Bulmke Hullen, uma pequena comunidade turca em Gelsenkirchen

“Para nós não era importante ter uma grande casa, alguns carros ou sempre ter uma roupa família. Solidariedade como família era o importante. Estávamos lá um para o outro e sempre estaremos”, afirmou. “Havia dias que não podíamos comprar algumas coisas, mas o mais importante era passar o tempo entre nós, crescendo juntos”.