Nem inglês, nem argentino: time das Malvinas joga para não ser o último
Pertencer ao Reino Unido e ser vizinho da Argentina deveria favorecer o futebol das Ilhas Malvinas (ou Falklands, em inglês), mas o efeito é justamente o contrário. Distante geograficamente dos britânicos e impedida de jogar contra argentinos, a seleção local é praticamente um "saco de pancadas". E vive conformada com isso.
Até hoje as Ilhas Malvinas são alvo de disputas políticas entre Argentina e Reino Unido. A guerra de 1982, cujo saldo na época foi de 649 soldados argentinos e 255 britânicos mortos, faz desse arquipélago um caso à parte. E o futebol sente todo esse reflexo.
A seleção das Malvinas é formada por amadores, em sua maioria funcionários públicos britânicos. Tem bombeiro, empregado do departamento de turismo, agente de segurança. Os chilenos, cujo país apoiou o Reino Unido na Guerra das Malvinas, são bem-vindos e reforçam o time.
Mas eles não conseguem fazer milagre. As baixas temperaturas impedem que eles joguem no inverno. O campeonato local já teve edição com apenas quatro equipes e dura apenas quatro meses: do meio da primavera ao fim do verão. A população inferior a 3 mil pessoas também reduz o número de jogadores.
O resultado desse cenário desfavorável fica claro nos Island Games, uma espécie de Olimpíada entre ilhas de menor porte. Disputada a cada dois anos, a competição multiesportiva é a única oficial disputada pela seleção de futebol das Malvinas. Nos últimos 16 jogos, ela ganhou só quatro.
“Bermuda e Groenlândia, por exemplo, têm jogadores profissionais em suas equipes, que são muito boas. Nós temos que ser realistas: tentamos ganhar, mas nosso objetivo mais claro é não ficar em último lugar”, resumiu Joshua Peck, atacante das Malvinas, ao La Nación.
Os jogadores lamentam o fato de não poderem enfrentar equipes argentinas. Dizem que isso ajudaria a seleção a melhorar seu nível técnico. Menos de 500 km separam o arquipélago da Argentina, mas a barreira política é muito maior que essa distância. No caso dos britânicos, é a distância física o problema.
Os poucos amistosos que a seleção das Malvinas costuma fazer são contra times do exército e da marinha britânicos. Fortes e bem preparados, os militares costumam levar vantagem. O time das Malvinas não desanima e agora está prestes a mais um teste: a edição 2017 dos Island Games, em Gotland, no sul da Suécia, em junho. O objetivo é claro: não ficar em último.
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