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Mustafá pressiona para que Palmeiras reduza gastos com gestão profissional

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

15/04/2017 04h00

Homem mais forte da política do Palmeiras, o ex-presidente Mustafá Contursi segue firme com a ideia de diminuir ou acabar com a profissionalização no clube. Se depender dele, o gasto em especialistas para alguns departamentos precisa chegar perto do zero.

A pressão é constante no dia-a-dia das alamedas palestrinas, em entrevistas, reuniões de conselheiros e diretamente em Maurício Galiotte. O atual presidente, no entanto, afirma com veemência que não há a menor chance de ceder a ele neste ponto, embora sempre reconheça a importância dos seus conselhos para conduzir o clube.

Mas o que Mustafá alega contra os profissionais? Segundo ele, todas as funções de diretoria poderiam ser ocupadas por estatutários. O ex-presidente indica diversos advogados que poderiam estar à frente do jurídico, publicitários que comandariam o marketing e a lógica se repetiria para outros departamentos.

A pressão pública mais clara foi em uma entrevista recente à Folha de S. Paulo. O cartola disparou frases como "tem departamento que precisa reduzir até 80%, que é cabide de emprego", "o marketing não produz e só gera despesa" e "encheram de CEOs lá".

Ele alega, com razão, que a Crefisa que procurou o clube para patrocinar, o que seria, na visão dele, um exemplo da ineficiência do marketing. Mustafá ignora, no entanto, campanhas de sucesso como a TV Palmeiras, entre os dez maiores canais de televisão de um clube de futebol no mundo, e o Avanti, plano de sócio-torcedor que tem o maior número de cadastrados do país.

No dia a dia, há profissionais que relatem não recebem nem um simples "bom dia" dos mustafistas. O ex-presidente e seus seguidores também não se importam em atacar o trabalho dos profissionais na frente dos mesmos.

As frases ditas à Folha são as mais novas, mas a ideia de acabar com o profissionalismo é antiga. Em 2011, Mustafá propôs que um Conselho Gestor para cuidar do futebol fosse colocado no estatuto. Assim, o principal setor do clube estaria sempre nas mãos de um conselheiro e não nas de profissionais, como acontece hoje com Alexandre Mattos e Cícero Souza.

A profissionalização dos principais setores do clube foi bandeira de campanha de Paulo Nobre e principal norte para seus quatro anos de gestão. Sucessor do trono, Maurício Galiotte era vice-presidente na época e também sempre defendeu que especialistas comandassem os pilares do Palmeiras. Hoje o clube se gaba do resultado desse investimento. Na última semana, por exemplo, abriu a Academia de Futebol após a reforma e se orgulhou de uma estrutura de nível europeu.

Mustafá também defende a manutenção da vitaliciedade para o Conselho. O tema, inclusive, chegou a entrar em debate nas promessas de Nobre por um novo estatuto. Elas, no entanto, não saíram do papel.