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Taça levantada por Chape emociona família de presidente morto na tragédia

Guilherme Hahn/AGIF
Imagem: Guilherme Hahn/AGIF

Daniel Fasolin

Colaboração para o UOL, em Chapecó (SC)

24/04/2017 11h26

Após quase 5 meses do trágico acidente com a delegação da Chapecoense, que matou 71 pessoas, o time ergueu sua primeira taça neste domingo (23) e que teve uma homenagem especial. O troféu do segundo turno do Campeonato Catarinense leva o nome de Sandro Pallaoro, então presidente da Chapecoense que foi um dos passageiros mortos no voo da LaMia.

Pallaoro foi eleito presidente da Chapecoense em novembro de 2010, momento em que o clube disputava a Série C do Brasileiro. Ele revolucionou o clube e, sob sua gestão, a Chapecoense saiu da Série C do Brasileiro em 2010 para a Série A em 2014, com orçamentos pequenos e muita organização. Após a incrível ascensão o clube se firmou, muito graças ao modelo de gestão utilizado por ele.

"Para nós essa homenagem significa muito, apesar de não termos mais ele conosco. Ele sempre falava que as conquistas não eram somente dele e também de uma equipe maravilhosa que o clube tinha, dentro e fora de campo.  Ele me dizia que com o planejamento que eles tinham a Chapecoense iria se tornar maior e iria ter hegemonia no Catarinense e é o que estamos vendo. Isso tudo pela grande união que eles tinham", disse a viúva Duda Pallaoro.

Sandro Pallaoro (esq.) assiste ao jogo da Chapecoense com sua família - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Sandro Pallaoro (esq.) assiste ao jogo da Chapecoense com sua família
Imagem: Arquivo pessoal

Para Dhayne Pallaoro, filha do dirigente, o pai não queria deixar apenas um legado na Chapecoense e sim para o futebol todo. "Ele queria fazer muito pelo futebol e também pela Chapecoense e eu acho que ele alcançou isso. Ele mostrou que não precisa ser grande ou gastar muito dinheiro para fazer um bom time, um bom clube. Certamente ao saber que teria um troféu com o nome dele, ele ficaria muito feliz de ter alcançado isso. Nosso avô também ficou muito orgulhoso por isso e mesmo ele (seu pai), não estando mais aqui sempre há algo, alguma homenagem que nos faz lembrar dele com carinho e com felicidade", disse Dhayane.

A filha do homenageado nesse domingo destacou o processo de recuperação da equipe, que perdeu 19 atletas no trágico acidente em Medellín. "A Chape vive um bom momento, conquistou resultados importantes e a gente vê com bons olhos tudo isso. Sabemos que o clube vai passar momentos difíceis, com as indenizações que virão e tudo mais. O pai sempre acreditava ser possível chegar onde eles estão agora, mesmo que demorasse um pouco, ele e toda a diretoria sabia disso. O importante agora, é os diretores atuais seguirem os bons exemplos deixados por eles, claro que cada um tem uma maneira de agir, mas os exemplos bons devem ser seguidos", avaliou.

E a família ainda espera continuar a saga no clube. Mas agora de outra forma, já que Matheus, filho de Pallaoro, joga nas categorias de base do clube. "Levar o nome dele e de nossa família dentro de campo é muito importante, pois sempre penso em honrar o nosso sobrenome. Acho que a melhor homenagem que eu poderia fazer para ele seria me tornar um jogador profissional da Chapecoense e conseguir um titulo importante pelo clube. Seria algo que o faria muito feliz e é um dos meus sonhos", explicou Matheus.

"A Federação fez uma homenagem merecida para o meu pai, achei muito bonita, pois ele merece isso. Eu estou muito feliz com o momento da Chapecoense, me emociono muito nos jogos, mas espero que continue assim e a gente consiga trazer o título catarinense para Chapecó e fazer uma boa campanha na Libertadores, com certeza era isso que meu pai queria e pra isso que ele lutou tanto", analisou o jovem jogador.

A taça Sandro Pallaoro foi entregue à Chapecoense neste domingo em Criciúma, na última rodada do segundo turno do Catarinense. A partida, porém, não foi só de alegria, já que parte da torcida do Criciúma provocou o adversário, fazendo menções ao acidente aéreo. "Ão, ão, ão, abastece o avião", gritaram os torcedores, referindo-se à causa apontada para a queda do avião da Chapecoense, que foi a pane seca da aeronave.

Agora, a Chapecoense concentra forças para a primeira partida do returno da Libertadores, contra o Nacional em Montevidéu, na próxima quinta (27).