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Suspenso após xingar dirigente, torcedor é obrigado a ver jogo com rivais

Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL

28/04/2017 15h58

Para ver sua paixão de perto, só se infiltrando na trincheira inimiga – e isso dentro de sua própria casa. É assim que o atleticano Nasser Iseid, técnico de segurança do trabalho, tem acompanhado o Atlético-PR: dentro da torcida adversária. Suspenso pelo clube por quatro meses após se indispor com o presidente do conselho deliberativo do Atlético Paranaense, Mario Celso Petraglia, por conta de uma camisa (ver imagem abaixo), Nasser está proibido de entrar com seu cartão de sócio na Arena da Baixada, apesar de seguir pagando as mensalidades – cerca de R$ 150.

Restou a ele conseguir ingressos e assistir o duelo rubro-negro contra o Flamengo no meio da torcida carioca. Normalmente o mais comum é o contrário: com menos ingressos à disposição, o torcedor visitante acaba comprando entradas no setor da casa e vive em silêncio a agonia ou a glória em campo.

"Foi péssimo, é preferível não assistir ao jogo”, disse, sobre a tensão de não poder comemorar os gols do Atlético em meio à massa flamenguista, em um jogo duríssimo pela Libertadores. "Eu fiquei ali, na divisão das torcidas e a torcida do Atlético xingando, perturbando e eu querendo dizer: 'caras, eu não tenho nada a ver com isso aqui, não faço parte desse povo!'", contou rindo.

Camisa Petraglia - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Torcedor teve título de sócio suspenso por camisa contra Petraglia
Imagem: Arquivo Pessoal

Ele aproveitou para ir ao jogo por ser uma partida de grande público, onde poderia se misturar a torcida do Flamengo sem maiores problemas. Estava com amigos dos tempos de torcida organizada. "Sou atleticano desde 1988. Já viajei o país por esse time aí", diz, saudoso.

Durante o jogo o amparo dos amigos flamenguistas foi vital. “Eu dava aqueles reflexos ao contrário, sabe? Saia falta pro Flamengo e eu reclamava do juiz”, se diverte, avisando que alguns ali sabiam que ele era atleticano. “De um certo modo é divertido, mas seria melhor eu ter escutado o jogo no rádio, não recomendo pra ninguém não”, alerta, ainda queixoso de não poder ir em sua própria torcida.

Nasser foi suspenso em janeiro pelo conselho de ética do clube ao ser flagrado com a camisa do Atlético com os dizeres “Petraglia FDP”. Em processo interno, alegou-se que ele desrespeitou “a moral e os bons costumes” com o ato, usando o artigo 15 do Estatuto do clube. A suspensão está próxima do fim. Petraglia também move um processo contra Nasser na Justiça Comum por "ofensa a honra e a imagem", além pedir que Nasser não use mais a camisa polêmica. A ação pede R$ 20 mil em indenização.