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Fanático e pacífico: vovô tem 80 anos de estádio e convive com brigões

Vovô Ciccio tem 92 anos e frequenta estádios há 80 - Reprodução/Youtube
Vovô Ciccio tem 92 anos e frequenta estádios há 80 Imagem: Reprodução/Youtube

Do UOL, em São Paulo

08/05/2017 04h00

O futebol é sua vida. Ele gosta de ficar perto dos torcedores que gritam o tempo todo, quase sempre está usando alguma peça de roupa do seu time e se acostumou a viajar para ver jogos em ônibus lotados com outros torcedores. Ele se define como "ultra", uma versão italiana do "torcedor organizado". E sua principal bandeira é a paz.

Francesco Malgieri tem 92 anos, 80 dos quais foram dedicados a torcer de perto pelo Foggia, time italiano que acabou de voltar para a segunda divisão. Na Itália, ele é conhecido como Vovô Ciccio e é considerado o ultra mais velho do mundo. Mas também o mais pacífico.

Ciccio é fanático pelo Foggia. Faz loucuras para acompanhar a equipe de perto, como, aos 92 anos, pegar estrada sozinho e dirigir por 250 quilômetros para ver o jogo que garantiu o acesso do seu time à segunda divisão depois de 19 temporadas. Ele fica junto com a torcida no setor de visitantes, próximo dos "ultras", sem problemas.

Mas dividir ônibus com alguns dos brigões que caracterizam parte da torcida já não o anima mais. "Os garotos gostam de fumar e de ficarem bêbados depois das partidas. Eu só uso os produtos fabricados por Deus, não pelo homem", conta ele ao El Mundo, que o acompanhou na partida do acesso.

Apesar de evitar parte da rotina ao lado dos ultras, o Vovô Ciccio é muito respeitado por todos eles. Existe até música em sua homenagem. "Faz uns 30 anos que começaram a me chamar de vovô dos ultras, foi quando começaram a me ver como um senhor mais velho", relata ele.

Ciccio se tornou um torcedor tão símbolo do Foggia que ele é aceito, e saudado, até em estádios onde os ultras do time são proibidos de entrar por questões de segurança. "Sou um ultra do bem", resume.

"Sou respeitado em todos os estádios. A polícia me conhece e o Foggia me presenteia o ingresso. Uma vez, os hooligans do Liverpool me chamaram para dizer que o que eu fazia era único", descreve o italiano.

O vovô ultra tem dois filhos e alguns netos, mas nenhum deles se interessa por futebol. Assim como sua mulher, que o espera em casa e, segundo ele, respeita sua paixão pelo Foggia. Tudo como deseja o Vovô Ciccio, com exceção feita aos quase 20 anos de seu time na terceira divisão.