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Fã de Tite e Muricy, técnico campeão gaúcho quase largou o futebol em 2005

Técnico Beto Campos exibe a medalha de campeão gaúcho de 2017 - Orlandi Fotografias
Técnico Beto Campos exibe a medalha de campeão gaúcho de 2017 Imagem: Orlandi Fotografias

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

09/05/2017 04h00

Beto Campos. O nome do técnico que ficou ainda mais conhecido no último domingo (7), quando sua equipe, o Novo Hamburgo, superou o Internacional na decisão do Campeonato Gaúcho, poderia não existir no mundo de futebol caso ele seguisse em frente com uma decisão que quase tomou em 2005, ano no qual pensou em abandonar a carreira de treinador.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Beto Campos revela que cogitou desistir do futebol por conta das dificuldades que o esporte oferece, mas voltou atrás e seguiu com a carreira que agora só tende a evoluir. Entre outros assuntos, o técnico de 53 anos relembra os 20 anos em que atuou como jogador, admite que torcia para o Grêmio na infância, revela-se fã de Tite e Muricy Ramalho e confirma que dificilmente permanecerá no Novo Hamburgo na sequência da temporada.

Quase largou o futebol: “balançou”
Pensei [em largar a carreira de técnico], claro que sim. Isso foi em 2005, quando terminou [o contrato], porque eu fiquei até o final de 2005 no Grêmio de Santa Rosa. Terminou a competição e a gente tinha sido eliminado, não tínhamos classificado para o quadrangular final, e eu pensei em desistir, mas adiante, não, dois meses depois surgiu outra oportunidade e a gente deu sequência. Então em 2005 balançou, eu pensei em desistir de ser treinador.

Tite e Muricy como influências
Na época em que eu comecei eu peguei vários treinadores experientes e melhores, como o Walter Menezes, Francisco Neto, Ernesto Guedes, então a gente teve o aprendizado com esses treinadores e veio trazendo, e agora a gente sempre está acompanhando. Eu gosto muito de ler livros, eu acabei de ler o do Tite. O Tite hoje é uma referência para nós. Gostava muito do Muricy Ramalho também, que teve aqui no Internacional, e a gente sempre o acompanhava, via nele um técnico muito autêntico, sempre falava as coisas na autenticidade, não ficava enrolando, então foi um grande treinador que me chamava atenção. E o Tite, claro, que é um cara que saiu aqui do estado, sofreu muito no interior, teve títulos, e está hoje onde está por merecimento. No ano passado, quando eu estava no Caxias, eu conversei rápido com o Tite, assim como o Felipão também. Eles estiveram lá em Caxias. E com o Muricy, só de a gente jogar contra, só o cumprimentava... Eu não tive a oportunidade de conversar com ele.

Superstição: uma roupa no campeonato inteiro?
Um pouquinho. Ah, eu fico com a mesma roupa, com o mesmo tênis, essa situação de ganhar o jogo e a gente manter a mesma vestimenta, mais neste sentido mesmo. Foi quase o campeonato todo com a mesma vestimenta... Felizmente fizemos grande campanha, tivemos somente duas derrotas na competição, então não deu nem tempo para trocar de roupa [risos]. Eu sempre uso um tênis, uma calça jeans e o casaco do clube.

Beto Campos - Jeferson Guareze/AGIF - Jeferson Guareze/AGIF
Supersticioso, Beto Campos usou a mesma roupa durante quase todo torneio
Imagem: Jeferson Guareze/AGIF

Segue no Novo Hamburgo? Vai para o Vitória?
O Novo Hamburgo joga agora a Série D, mas eu vou ter uma conversa com a direção do clube entre hoje [segunda-feira] e amanhã [terça]. A minha intenção é de não permanecer para, agora com a condição do título, estar liberado para se surgir algo poder negociar. Tivaram sondagens do Vitória da Bahia, os empresários junto com o meu empresário Cassiano Mendes, mas por enquanto só ficou nisso. Então será muito difícil eu continuar no Novo Hamburgo, até porque a despesa é alta e o próprio clube vai procurar diminuir as despesas, e eu acho que esse é o momento ideal para gente sair, por todo esse conceito.

O caso do Vitória não deve acontecer nada, até porque eu acredito que, se fosse ser essa hora, já era para estar bem elevado no sentido de contrato. Meu nome estava lá junto com outros, então eu acredito que o clube já deva ter definido outro nome, mas tenho outros clubes também interessados. Mas no momento eu estou deixando para o meu empresário, a gente procurou na última semana ficar muito focado na final do Gaúcho.

A carreira de jogador: “fazia muito pivô”
Fui [jogador] por 20 anos, eu parei de jogar em 2001, com 37 para 38 anos. Eu jogava como centroavante, eu fui oriundo do futsal e fazia muito pivô. Eu era técnico. Hoje é o falso 9, né... Eu também joguei algumas vezes de meia. Em 1987 eu fui vendido para o Futebol Clube Santa Cruz-RS e depois eu rodei aqui no estado do RS em 16 clubes. Inter e Grêmio eu não joguei, tive algumas situações para ir, mas acabou não dando certo, principalmente na época do São Borja. Eu tive uma situação para ir para o Grêmio, mas acabou não dando. Não joguei na dupla Gre-Nal e nem da dupla Ca-Ju (Caxias e Juventude). No mais, praticamente joguei em todos os clubes do estado.

Grêmio ou Inter?
Eu comecei a jogar cedo, aí fica o encantamento que a gente tinha, até porque a gente disputava contra, mas na infância eu era Grêmio.