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Mano questiona disputa de gerações e pede cuidado com o modismo no futebol

Treinador minimizou o que ele chama de polarização sobre técnicos jovens e veteranos - Juliana Flister/Light Press/Cruzeiro
Treinador minimizou o que ele chama de polarização sobre técnicos jovens e veteranos Imagem: Juliana Flister/Light Press/Cruzeiro

Do UOL, em Belo Horizonte

09/05/2017 14h49

O clássico do último domingo entre Atlético e Cruzeiro colocou frente a frente dois treinadores de gerações diferentes do futebol brasileiro. Nas duas partidas que decidiram o estadual, Roger Machado levou a melhor sobre Mano Menezes e ficou com o título mineiro. Em outros estaduais, treinadores mais jovens como Carille e Zé Ricardo também chamaram atenção e derrubaram veteranos mais conhecidos do mundo da bola. Perguntado sobre o assunto, Mano valorizou o trabalho de cada comandante, mas minimizou o que ele chama de polarização sobre jovens x experientes.

"Sempre se mostrou trabalho. Essa confusão, às vezes até intencional que se faz, de querer polarizar as coisas, porque agora temos técnicos jovens e os outros não são tão bons, tem que ter calma na análise das coisas. Acabamos de jogar uma final do Campeonato Mineiro onde tínhamos um técnico mais experiente (Mano tem 54 anos) e um técnico mais jovem (Roger, com 42). E na reta final da competição, principalmente nos últimos jogos, o técnico mais jovem escolheu colocar três volantes para igualar a decisão. Então, calma!", comentou o treinador, em entrevista ao canal Sportv.

Para Mano, essa comparação entre técnicos jovens e experientes faz parte de um modismo adotado no futebol. Ele ainda citou a necessidade de ter cuidado para analisar o perfil de cada treinador.

"O futebol é jogado e vencido e é perdido de muitas maneiras e é bom ter um pouco de calma com esses modismos, sempre se trabalhou muito, eu não conheço um técnico que seja campeões brasileiro que não tenha feito um trabalho árdua para conseguir isso, seja mais jovem ou seja mais experiente. Se há renovação, e é bom que haja renovação, é salutar para o futebol e para os técnicos também, acho que a gente tem que saber valorizar quem faz um bom trabalho. E todo treinador que fizer um bom trabalho merece o respeito de todo mundo", acrescentou.

Leia abaixo outros trechos da entrevista de Mano:

Sobre a escola brasileira

O Brasil tem uma escola de futebol e essa escola se tornou vencedora no mundo toda e reconhecida como uma maneira de jogar, que nos últimos anos se perdeu um pouco. Atrás dessa recuperação que estamos trabalhando. Novamente tem um padrão e acho que esses passos que estamos dando caminham nessa direção. A seleção brasileira tem um papel importante nisso, sempre foi a maior referência no país, e a está em franca recuperação. É um caminho que começa de novo a se encontrar.

Necessidade de avaliar qual é o melhor modelo

Temos o dever de estudar todo mundo. Também temos cultura o suficiente para saber separar o que é bom e o que não é bom para nós brasileiros. Nem tudo que vem de lá ou se fala lá tem que fechar os olhos e seguir. Talvez esse seja o maior equívoco que a gente tem cometido nos últimos anos, se voltar muito para a filosofia europeia, querer imitar muito do que fizeram lá sem questionar se realmente aquilo era o essencial e bom para o futebol brasileiro. Temos que aprofundar essa discussão para não apenas copiar, mas criar, recuperar e dar seguimento para nossa cultura de futebol.

Clima no Cruzeiro para a partida contra o Nacional

O clima é bom. O Cruzeiro fez um bom Campeonato Mineiro. Perdeu o título, perdeu uma partida. Perdeu a mais importante, mas tem um trabalho, tem sustentação para já na próxima partida continuar a sua trajetória como tem feito até aqui. O bom do futebol é isso, quando você perde, e no nosso caso é raro, tem um jogo dois, três dias depois, para fazer a sua recuperação. E o Cruzeiro tem condição disso, de sair daqui com a vaga, fizemos uma vantagem mínima em casa, mas fizemos a vantagem e vamos tentar consolidá-la.