Topo

Roger lamenta falta de livros sobre tática no Brasil e quer virar escritor

Roger Machado fala com os jogadores do Atlético-MG após a conquista do Mineiro - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Roger Machado fala com os jogadores do Atlético-MG após a conquista do Mineiro Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

10/05/2017 04h00

Em setembro do ano passado, após uma derrota do Grêmio para a Ponte Preta, o técnico Roger Machado entregou o cargo e deixou o clube gaúcho, após pouco mais de um ano no comando da equipe tricolor. Roger entendeu que era momento de aprimorar alguns conceitos. Naquele momento, após 25 rodadas do Campeonato Brasileiro, o Grêmio ocupava a oitava colocação. Abaixo do que se esperava, após o terceiro lugar na edição de 2015.

Restando cerca de três meses para o encerramento da temporada brasileira, Roger Machado também tinha convicção que não aceitaria mais nenhum trabalho para os meses finais de 2016. Era momento de aproveitar o tempo para aprender. Durante o período que ficou sem trabalhar, além do descanso, Roger foi para a Europa, em busca de conhecimento, não apenas prático, mas também teórico.

Roger assinou contrato com o Atlético-MG em novembro de 2016, para comandar o time de futebol a partir de janeiro de 2017, num vínculo com dois anos de duração. O técnico atleticano não esconde seu gosto por leitura. Seja o livro ligado ao futebol ou não. “Estou sempre olhando. Conteúdo e informação está aí para todo mundo. Há quem goste mais, quem busque num lugar e quem busca em outro. Entendo, que para mim, tenho que estar sempre fazendo leitura de algo, até mesmo fora do futebol, pois sempre se transporta alguma coisa”, disse o treinador do Atlético, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Roger Machado faz a teoria virar prática nos treinos diários na Cidade do Galo - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Roger Machado faz a teoria virar prática nos treinos diários na Cidade do Galo
Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Buscar conhecimento fora do Brasil não é uma opção para Roger Machado, é uma necessidade. Aliás, o treinador do Atlético lamenta a falta desse tipo de conteúdo produzido por brasileiros. “Eu te confesso que eu gostaria de poder pegar um livro do ‘Seu Ênio Andrade’, do Telê Santana. O problema que temos no Brasil é que a gente escreve pouco. Pouca literatura sobre tática. Temos grandes livros sobre grandes conquistas, sobre grandes jogadores, mas sobre tática, efetivamente a gente não tem”, lamentou Roger.

“Temos livros de grandes treinadores, mas sobre biografia deles. Não são os da minha preferência. Muitas vezes eu compro lá de fora, de treinadores sem representatividade de muitas conquistas, mas escrevem muito bem sobre tática. Me atenho mais sobre essa literatura”, explicou Roger Machado, que completou a explicação sobre buscar o que é feito fora do Brasil.

“O que procuro fazer é olhar o que está sendo feito lá fora. Acima de tudo, quero ter um olhar diferente para o nosso jogo. Não é pegar os conceitos e trazer para cá, não. Eles vieram aqui e pegaram. Só quer pegar de volta o que é nosso”, emendou o comandante alvinegro.

Na viagem que fez pela a Europa, Roger Machado passou pela Espanha e foi até a Librerias Deportivas Esteban Sanz, na região central de Madri. O local é especializado em literatura esportiva, como está explícito no próprio nome. Livros para todos os gostos, com muitas opções sobre táticas e treinamentos diários, que atualmente são os assuntos favoritos de Roger Machado.

“Quase paguei excesso de bagagem quando fui para lá. Fui atendido pelo ‘Seu Esteban’ e ele conhece cada livro daquelas prateleiras. Inclusive, encontrei alguma coisa do Brasil, mas um pouquinho só, de treinadores que foram para lá. Mas não é só em Madri que tem. Na Argentina também tem uma grande livraria, que quando a gente viaja para lá, dá uma visitada”, revelou o treinador atleticano.

Nesse domingo, Roger Machado foi campeão pela primeira vez como treinador. Conquistou o Campeonato Mineiro com o Atlético, em cima do Cruzeiro, com duas grandes atuações. Certamente esses clássicos podem ganhar um capítulo no livro que o técnico pretende escrever. Não agora, mas num futuro. Roger contou ao UOL Esporte que tem o desejo de escrever sobre o que gosta: táticas e métodos de treinamentos.

“Sim. Já pensei. Agora não tem tempo para nada, não consigo colocar nada no papel. Tem que tirar um tempo no meio da pré-temporada para fazer os trabalhos da licença A da CBF, que eu fui fazer. Imagina escrever um conteúdo maior? Tenho ideia sim, mas tem que ser num período de recesso, daqui uns quatro anos, depois que eu sair do Atlético”, disse Roger, confiante no sucesso do trabalho feito na Cidade do Galo.