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Suicídio e 1 vodca por dia: ex-jogadora conta drama e tenta ajudar atletas

Kelly (c) concorreu com Marta e Cristiane ao prêmio de melhor do mundo - Fabrice Coffrini/AFP
Kelly (c) concorreu com Marta e Cristiane ao prêmio de melhor do mundo Imagem: Fabrice Coffrini/AFP

Do UOL, em São Paulo

11/05/2017 04h00

"Eu andava pelo meu apartamento olhando os lustres e o armário e pensando se eu poderia amarrar um lençol neles e me enforcar. Eles aguentariam meu peso?". A declaração alarmante é da maior artilheira da seleção inglesa de futebol, que revelou seu drama para tentar conscientizar as pessoas sobre o lado negro da vida de muitos atletas.

Durante a semana pela consciência sobre a saúde mental, Kelly Smith abriu seu coração ao ITV News London e falou dos momentos duros que enfrentou durante um grave período de lesão. Em seu quinto ano de carreira, uma fratura na perna a deixou afastada dos gramados.

Kelly contou que passou a beber em grande quantidade e frequência - cerca de uma garrafa de vodca por noite. E foi nesse período que, segundo ela, os piores pensamentos passaram por sua cabeça.

"Foram os dias mais negros da minha vida e aconteceram com uma frequência grande", admitiu ela, que se tornou a primeira jogadora inglesa profissional de futebol em 1999, ao assinar contrato com o New Jersey Ladies Stallions, dos Estados Unidos.

Kelly Smith - Mark Ralston/AFP - Mark Ralston/AFP
Imagem: Mark Ralston/AFP

Depois dessa fase difícil, Kelly passou por um tratamento para se afastar da bebida alcoólica e conseguiu retomar sua carreira. A longa passagem pelo Arsenal Ladies foi fundamental para sua recuperação.

A ex-jogadora, inclusive, tornou-se presença frequente na seleção inglesa e disputou a Olimpíada de 2012, em Londres. Até hoje, Kelly é a maior goleadora da seleção, com 46 gols marcados nas 117 convocações. Até por isso, ela é uma voz importante na questão da saúde mental de atletas.

No ano passado, por exemplo, um programa de aconselhamento da associação local dos jogadores de futebol atendeu 160 atletas. Em cinco meses de 2017, mais de 170 já procuraram o serviço. O grande crescimento, segundo a entidade, deve-se à maior consciência sobre o problema. E Kelly tem papel fundamental nesse processo.

"Mesmo agora, falando disso para o mundo todo, chego a ter dúvidas se é a coisa certa a fazer, mas se eu posso ajudar outras pessoas, e são muitas que estão vivendo esses problemas, então para mim tudo bem falar disso. Posso ajudar os outros", completou.