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Flu, Atlético-MG, Palmeiras e superstição: à TV, Cuca relembra carreira

À ESPN Brasil, técnico do Palmeiras relembrou passagens por Goiás e futebol do Rio - Marcello Zambrana/Agif
À ESPN Brasil, técnico do Palmeiras relembrou passagens por Goiás e futebol do Rio Imagem: Marcello Zambrana/Agif

Do UOL, em São Paulo

14/05/2017 22h59

O técnico do Palmeiras, Cuca, foi o entrevistado deste domingo no programa Resenha ESPN, da ESPN Brasil. Ao longo do programa, falou não apenas sobre seu trabalho no clube paulista, como também citou passagens anteriores da carreira.

Na atração, entre outros destaques, Cuca relembrou o empate conquistado pelo Fluminense - clube no qual trabalhava - com o Coritiba por 1 a 1, em jogo pela última rodada do Brasileirão de 2009. Na ocasião, o resultado evitou o rebaixamento do time carioca e acabou levando o clube paranaense à Série B do ano seguinte.

"A gente fez um jogo muito inteligente aquela tarde. Arrancamos um empate lá e deu toda aquela confusão (em campo após o jogo)", relembrou. "Aquilo para mim tem sabor de título. No vestiário, o pessoal ajoelhado porque não aguentava nem ficar de pé."

Cuca ainda relembrou conquistas recentes, como a Libertadores de 2013 pelo Atlético-MG e o Campeonato Brasileiro de 2016 pelo Palmeiras, mas também frustrações, como o São Paulo de 2004 e o Botafogo de 2007.

Relembre outras passagens do treinador no programa:

Palmeiras 4 x 0 Vasco
“Uma reestreia assim é sempre complicada. Você pensa em ganhar para amanhã ter um dia bom, para recuperar a confiança de uns jogadores… Depois para recuperar, é dificil, né? Lá no Palmeiras, tem uns meninos que estão sem a devida confiança, mas eles vão recuperar. Essa vitória de hoje foi boa, muito boa, mas me mostrou que tem bastante trabalho a fazer. O jeito que a gente joga é uma compactação mais rápida, e a gente está com um pouco dificuldade.”

Miguel Borja
“A gente tem que ter respeito com a característica do jogador. O próprio jogador, quando sai e volta… O Felipe Melo, o Borja… O Guerra já está mais adaptado. O Borja tem ainda essa dificuldade. Não é problema técnico; é questão de costume. Tem que ceder um pouco e cobrar um pouco. É (um jogador) fácil de lidar.”

Flamengo x Botafogo no Carioca 2009
"Quando eu dei o pique lá no Bruno (após a vitória nos pênaltis), os guris do Botafogo estavam tudo caídos, igual ficavam comigo. Eu fui levantar eles. Quando acabou, me disseram na coletiva: a torcida do Botafogo dizia que você era vice. Eu falei: a coisa que eu mais queria no mundo era ter sido campeão com eles. Envolve muita coisa. Quem está fora não sabe o que a gente sente. Na véspera de um jogo desses, como é que faz para dormir?"

Ídolos como técnico
Eu fui um privilegiado, talvez mais do que vocês. Eu pude trabalhar com Enio Andrade, Daltro Menezes, Rubens Minelli, o Chapinha (Otaciílio Gonçalves)… São treinadores assim com quem a gente aprende muito com eles. Pode pegar o trabalho de um, de outro, mas você tem a sua personalidade.

Goiás de 2003
“Deu aquela junção, aquela liga. Quando dá aquele acerto… Mas quem arrumou aquele time – tinha Dimba, Josué, eu levei o Grafite, mas faltava aquele volante – era o Simão. O presidente disse: ‘não vai trazer volante de 35 anos’. Eu disse: ‘ele tem 36, presidente’.”

Celulares confiscados no Goiás
“Eu recolhi os celulares e eles puseram o celular despertar de meia em meia hora. Mas eu desliguei. Mas o celular, não sei como pode, desperta. Eu vou na missa domingo de manhã, e eles nunca acordam cedo. Naquele dia, estavam tudo de pé de manhã. Eu disse: ‘Tem que ser malandro assim em campo contra o Fluminense’. Fizeram 6 a 1 contra o Fluminense.”

Coritiba x Fluminense em 2009
“Nós jogamos com a LDU até a 0h na quarta-feira no Maracanã. Podíamos ter sido campeões (da Copa Sul-Americana), ficamos com o vice. O Coritiba ficou a semana toda sem jogar. No hotel, tinha gente infiltrada, telefonando (para os quartos), o time cansado. Aí o Coritiba esperando nós e a gente fez um jogo muito inteligente aquela tarde. Arrancamos um empate lá e deu toda aquela confusão. Aquilo para mim tem sabor de título. No vestiário, o pessoal ajoelhado porque não aguentava nem ficar de pé.”

Retorno ao Palmeiras em 2017
“O Alexandre (Mattos) ligou e a gente foi falar com a família. A gente pensou: a gente vai trabalhar neste ano – se não no Palmeiras, em outro clube. A gente iria perder todo o carinho do torcedor do Palmeiras (…). Acho que a gente fez a coisa certa.”

Superstição: nada de ônibus de ré
“Isso aí, o motorista estava indo e voltando (na entrada do estádio), indo e voltando, não ia a lugar nenhum. Então fomos a pé. Mas eu gosto que falem disso aí. Não faz mal.”

Os pênaltis nas semis da Libertadores de 2013
“Foram dois pênaltis, acho que um do Richarlyson. A bola escorregou e saiu. Sai um pedaço da grama. Mas a torcida ali atrás faz um trabalho maravilhoso, e no outro gol (da Arena Independência) não tem (torcida). Desse campeonato aí, eu lembro toda semana. Duas vezes por semana. Eu não tenho vergonha (da religião). Quando eu punha aquela camisa… Hoje a gente ganha Libertadores, Brasileiros, lá na China (…). O Atlético não tinha um histórico (recente) de ganhador. Mas ganhamos tudo. Lembro até hoje aquela noite no Mineirão, tínhamos que fazer 2 a 0 no Olímpia, um time cascudo, acostumado a ganhar. Para remontar um placar daqueles, tem que ter muita concentração.”

Palmeiras de 2016
“O momento mais marcante foi a gente saber passar o momento ruim da competição. Passamos lá quando perdemos do Atlético-MG em casa, do Botafogo fora e empatamos com a Chapecoense. Nesse campeonato, todo mundo vai ter uma caída. Quem tiver uma caída menor vai levar vantagem (…). Marcante, foram dois jogos: contra o Flamengo em casa, a gente não jogou bem, o Flamengo jogou melhor, e o Gabriel Jesus fez gol. Depois, a gente jogava com o Corinthians em Itaquera e o Flamengo jogava no Pacaembu com o Santa Cruz. Estava preparado para a gente perder a primeira posição. A gente ganhou do Corinthians. Foi um momento precioso.”

Meta na carreira
“Não tenho uma meta. Sou feliz com o futebol. Os caras lá são meus filhos. A gente gosta deles igual dos filhos. Isso é a melhor coisa que tem, ter uma afinidade em um grupo de trabalho. A gente passa ali oito horas por dia (...). Eu lembro que, quando parei de jogar, estava chovendo naquela semana e eu pensei: 'E agora, para onde é que eu vou?'”

Promessa de título em 2016. E em 2017
“A gente tinha perdido de 4 a 1 para o Água Santa, vinha de outra derrota do Audax… Teve problema em Presidente Prudente (palco do jogo contra o Água Santa), o torcedor estava sem confiança nenhuma, e eu prometi que a gente ia ser campeão. Mas hoje o Palmeiras não tem essa necessidade, muito menos eu, de prometer um título. Tem que ser feijãozinho com arroz.”

Pai goleiro do Santos
“Meu pai, falecido, meu melhor amigo. Foi assim: eu jogava no Santos em 1993, e tem aquelas fotos que a gente vai bater para o ano – fica uma turma em pé, uma no banco. Meu pai estava com o cigarrinho e falaram: ‘Cucão, vem’. Eu falei: ‘pai, é só para te enganar’. Ele disse: ‘Eu sei…’. Quem incentivava tudo era o Ricardo Rocha. Eles chutaram três bolas no gol e ele devolveu. Aquele gol do vestiário da Vila Belmiro estava ruim. Ele se empolgou e eles aplaudiam. Eu sabia que era só para judiar dele. Entrei no carro indo embora e meu pai não queria encostar para não sujar. Eu disse: ‘Sabe qual é a minha maior dor, pai? Eu queria que eles tivesse um pai igual você para eu judiar’. Ele disse: ‘Mas não me fizeram nenhum gol.’”

“Cucabol” e desavença com Mauro Cezar Pereira
“Passou. Respeito ele, gosto dele.

Jaílson em 2016
“Até hoje o apelido dele é Invicto. O Jaílson foi um achado, porque eu confesso: não tinha na cabeça ele. Vinha de uma cirurgia, muito tempo sem jogar, nunca tinha jogador uma partida de primeira divisão. A gente pôs o Vagner numa sequência, não foi bem. A gente estava pronto para contratar um goleiro quando a gente colocou ele. No primeiro jogo, ele defendeu uma bola com o pé. Foi um achado.”

Frustrações
“Não ter conseguido um título com o Botafogo (em 2007) foi um pecado. E o São Paulo não ter ganho aquela Libertadores (2004). O Botafogo era muito gostoso de trabalhar. (Em 2004), nós perdemos com um gol impedido e um cara que caiu no antidoping.”

Cruzeiro 6 x 1 Atlético-MG em 2011
“O Cruzeiro saiu, se preparou a semana inteira. A gente ganhou do Botafogo (na rodada anterior por 4 a 0) e deu uma aliviada. O Cruzeiro veio firme e forte para o jogo. Se você olhar o jogo, o Cruzeiro teve oito chances e fez seis (gols). A gente teve seis e fez um. O mundo cai nas costas. No dia seguinte, fui para o aeroporto e queriam me matar. São coisas ruins, mas você tem que absorver. Dali, tirou-se força e sabedoria para ganhar a Libertadores.”