Para Cuca, 'autopressão' do Palmeiras por resultados derrubou Baptista
O Palmeiras joga em 2017 sob pressão por resultados – e a conquista do Campeonato Brasileiro de 2016 aumentou essa pressão. Pelo menos, nas palavras do técnico do time, Cuca.
Em entrevista nesta segunda-feira ao programa Bem, amigos, do canal de TV por assinatura SporTV, o treinador apontou a cobrança por resultados como o principal motivo para que Eduardo Baptista – que comandou o Palmeiras entre janeiro e maio – fosse demitido.
“Acho que o Eduardo foi vítima da autopressão que o Palmeiras se pôs - pela torcida, pelos jogadores, por quem está la dentro”, disse, reproduzindo o discurso de terceiros de que o “Palmeiras tem que ganhar tudo”. “No primeiro campeonato que perdeu, perde o treinador”, completou, fazendo referência à eliminação no Campeonato Paulista.
Para o treinador, “se o Palmeiras não se rotula de ter que ganhar tudo”, a pressão por resultados não aconteceria. Segundo Cuca, o trabalho está sendo feito pelo clube para se manter competitivo a curto e médio prazo.
“Os investimentos que o Palmeiras fez, tem que diferenciar bem. Em campo, tem três trocas em relação ao ano passado: o Borja pelo Gabriel Jesus, Felipe Melo pelo Moisés e o Guerra pelo Cleiton Xavier. Ganhou com a chegada do Keno, do Willian, do Rafael Veiga... Eu não ia pegar o time e dizer: vamos ganhar tudo. Mas o Palmeiras está se arrumando para dois, três anos”, afirmou.
Em 2016, Cuca chegou ao Palmeiras em meio à campanha irregular do Campeonato Paulista com a promessa de levar o time ao título brasileiro. Com resultados mais satisfatórios agora, o técnico diz que não pode repetir a promessa – feita, segundo ele, para tirar a pressão do elenco no ano passado.
“No ano passado, quando a gente disse que ia ser campeão brasileiro, foi depois de tomar 4 a 1 do Água Santa. Eles (jogadores) precisavam de alguma coisa. A torcida foi ao CT, e a pressão saiu deles. Se eu não for (campeão), pronto - mas eles estão tranquilos para jogar. Neste ano, não precisa disso. Tem que jogar jogo a jogo. Com o elenco que tem, tem boas chances em todas as competições. Mas igual ao Palmeiras, tem o Santos, o Atlético-MG, o Flamengo, o Grêmio, o Cruzeiro, o Corinthians.”
Pressão sobre Borja
Destaque entre as contratações do Palmeiras em 2017, o atacante Miguel Borja vem sofrendo com a cobrança da torcida. No entanto, na vitória por 4 a 0 sobre o Vasco, em jogo que marcou a reestreia de Cuca à frente do Palmeiras, o colombiano marcou dois gols.
Segundo técnico, o jogador vai crescer de rendimento a partir do momento que recuperar a confiança.
“Eu só falei que ele ia jogar o jogo todo. Falei que ele podia ser o pior em campo que ele ia jogar o jogo inteiro. Ele também está pressionado. Tem 24 anos – minha filha mais nova tem 24 anos. Estando em outro país, ele precisa ter uma escora de outra forma”, afirmou.
Seleção? Não é a hora...
Questionado a respeito de uma oportunidade para comandar uma seleção no futuro, não necessariamente a brasileira, Cuca admitiu o desejo. Mas admitiu que, no momento, não se sente pronto.
“Pensar, sim. Mas teria que me preparar. É muito diferente uma preparação de um treinador de um clube para o de uma seleção. Eu, hoje, não estaria preparado, como o Tite se preparou”, disse o técnico do Palmeiras, detalhando tal preparação “em todos os sentidos”.
“Eu não tenho conhecimento nenhum de outras seleções. É óbvio que seria bom poder escolher os melhores jogadores. Mas eu não teria essa preparação que o Tite tem. A gente está bem servido por uma década”, completou, elogiando o atual treinador da seleção brasileira.
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