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Em carta, viúva de assessor da Chape agradece solidariedade de colombianos

Raul Arboleda/AFP Photo
Imagem: Raul Arboleda/AFP Photo

Daniel Fasolin

Colaboração para o UOL

17/05/2017 20h21

A jornalista Sirli Freitas perdeu seu marido, pai de seus dois filhos, na tragédia aérea da Chapecoense, em 29 de novembro. Na ocasião, o voo da LaMia que transportava a delegação caiu nos arredores de Medellín (Colômbia), que vitimou de forma fatal 71 pessoas em Medellín no ano passado.

Cleberson Silva, seu marido, era o assessor de imprensa da Chapecoense. Na época, Sirli trabalhava para o jornal Diário Catarinense.

Hoje, a jornalista trabalha na Chapecoense, também na assessoria de imprensa do clube. Após a visita a Medellín na última semana, a jornalista escreveu uma carta e agradecimento à cidade.

Confira abaixo:

"Muito obrigada, Medellín!”

Um sentimento sem definição.

Dói ver onde tantas vidas se foram.

Dói ouvir tantas histórias de sofrimento e aflição.

Mas acalenta ouvir histórias de milagres, de vidas em meio ao caos. De pessoas com o coração tão bom que nos receberam como se dissessem “também sentimos sua dor” e fizeram o possível para acalmar e acalentar nossos corações.

Foi assim desde o início. Colombianos nos abraçaram e nos cuidaram para que a nossa dor fosse amenizada. Visitar o local do acidente só confirmou esse sentimento de gratidão a todas aquelas pessoas que nos abraçaram de alguma forma.

Um local com difícil acesso, entre árvores, lama e montanhas. Dói ver a pista do aeroporto e saber que poderiam chegar a salvo. Dói sentir aquele clima pesado de cima do Cerro. Dói olhar ao redor. Depois da chuva um lindo arco-íris se apresentou. Depois de rezarmos e de agradecer por todas as alegrias que nos proporcionaram enquanto estiveram aqui conosco é hora de voltar.

Voltar com o sentimento de paz, de saber que desta vida levamos apenas o bem que fizemos enquanto estivermos aqui. Estaremos sempre conectados com aqueles que se foram.

Doeu muito, mas foi importante.

Foi preciso estar lá e agradecer, orar e pedir que continuem nos ajudando a enfrentar tudo isso. Agradecer aos pessoas que se doaram pela nossa dor e agradecer muito as vidas que sobraram desta tragédia. “Foi um milagre”, muitos falavam.

E não foi preciso insistir; bastava olhar ao redor e constatar que realmente foi um milagre.