Topo

Por que o Real inverteu de papel com Barcelona e virou "o time da base"

Zidane acompanha partida do Real Madrid - Gonzalo Arroyo Moreno/Getty Images
Zidane acompanha partida do Real Madrid Imagem: Gonzalo Arroyo Moreno/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

19/05/2017 04h00

A vitória por 4 a 1 sobre o Celta, na última quarta-feira (17), deixou o Real Madrid a um empate de ser campeão espanhol. O time comandado por Zinedine Zidane também está na decisão da Liga dos Campeões da Uefa – enfrentará a Juventus no dia 3 de julho, em Cardiff, e pode conquistar o título continental pela 12ª vez.

O Real Madrid vai voltar ao mercado. Sancionado pela Fifa e de contratar na última janela de transferências, o clube espanhol está liberado para ir em busca de reforços e já teve seu nome associado a alguns dos atletas mais assediados do futebol mundial – Marco Verratti, do Paris Saint-Germain, e Kylian Mbappé, do Monaco, são dois exemplos. No entanto, o sucesso na atual temporada pode impelir a diretoria merengue a uma lógica totalmente diferente. O time comandado por Zinedine Zidane tem gradativamente ocupado o lugar que era do Barcelona como exemplo de valorização das categorias de base.

O atual elenco do Real Madrid tem apenas cinco jogadores que já ultrapassaram a marca de 30 anos (Keylor Navas, Sergio Ramos, Pepe, Luka Modric e Cristiano Ronaldo). Além disso, Zidane tem dado rodagem cada vez maior a nomes como Carvajal (25 anos), Nacho (27 anos), Lucas Vázquez (25 anos), Marco Asensio (21 anos) e Álvaro Morata (24 anos), todos com passagens pela base merengue. Outros jovens, como Varane (24 anos), Casemiro (25 anos) e Isco (25 anos), também formam a base mais utilizada pela equipe merengue.

O perfil do atual grupo de atletas comandado por Zidane contrasta com o que caracterizou o Real Madrid na década passada. O time merengue era conhecido pelos “galácticos”, termo atribuído a contratações como Gareth Bale (100 milhões de euros), Cristiano Ronaldo (96 milhões de euros), Kaká (65 milhões de euros), Luis Figo (62 milhões de euros), Ronaldo (46 milhões de euros), David Beckham (36 milhões de euros) e o próprio Zidane (75 milhões de euros). O último reforço de impacto na equipe madrilena, contudo, foi o colombiano James Rodríguez, que custou 80 milhões de euros em 2014.

A mudança tem a ver com uma nova diretriz proposta por Florentino Pérez. Presidente da equipe merengue na década passada, ele havia sido o mentor da política dos “galácticos”: investimento em reforços midiáticos, internacionalização da marca a partir do uso da imagem de atletas e pouco espaço para a base. Sergio Ramos, em 2005, foi o primeiro espanhol contratado na gestão do dirigente, que já estava no poder havia cinco anos.

Casemiro - Reuters / Stringer - Reuters / Stringer
Apostar na base e em jogadores jovens como Casemiro deu certo no Real Madrid
Imagem: Reuters / Stringer

Pérez voltou ao comando do Real Madrid em 2009, e desde então o time merengue tem trabalhado de forma diferente no mercado. As contratações milionárias seguiram, mas passaram a abranger destaques espanhóis – Illarramendi (39 milhões) e Xabi Alonso (35 milhões de euros), por exemplo. Além disso, a diretoria decidiu apostar em jovens – Casemiro e Isco são frutos desse processo.

Com um elenco bem menos badalado do que a fase “galáctica”, o Real Madrid encaminhou a conquista do Campeonato Espanhol da atual temporada. Depois de ter batido o Celta na última quarta-feira (17), o time de Zidane precisa apenas de um empate para ficar com a taça. Além disso, a equipe merengue está na decisão da Liga dos Campeões da Uefa – enfrentará a Juventus no dia 3 de julho, em Cardiff, em busca do 12º título continental.

O sucesso é o maior respaldo possível para uma política de rejuvenescimento do elenco. Prova disso é que até os alvos do Real Madrid no mercado são mais novos. Theo Hernández, o primeiro reforço encaminhado, tem 19 anos. Mbappé é ainda mais novo (18), Verratti tem 24 e o goleiro David De Gea tem 26. Até o brasileiro Vinicius Júnior, que os merengues pinçaram ainda na base do Flamengo, tem apenas 16 anos.

Em março deste ano, segundo o jornal espanhol “Marca”, Pérez prometeu “mais um galáctico” na próxima janela de transferências. Entretanto, não excluiu possibilidades de a contratação de impacto ser um espanhol ou um jovem.

Outro jornal espanhol, o “EcoDiario” publicou que Zidane espera ao menos seis reforços para a próxima temporada. Muitos desses espaços no elenco, porém, podem ser preenchidos por nomes como Llorente, meio-campista que também integra a lista de promessas dos merengues.

Por que o Barcelona está pressionado a fazer outra aposta

Messi - Reuters - Reuters
Indefinição de Messi faz o Barcelona continuar investindo alto
Imagem: Reuters

Enquanto o Real Madrid tem o sucesso e uma base experiente como alicerces para um plano de rechear o elenco com apostas, o Barcelona tem alguns motivos para perseguir jogadores com mais estofo. O principal deles é que Lionel Messi, o grande nome da companhia, ainda não renovou contrato. O atual vínculo vai até junho de 2018, e o argentino tem na mesa uma oferta para seguir na Catalunha até 2022.

A decisão de Messi terá a ver com aspectos financeiros, é claro, mas também pesará o projeto esportivo do Barcelona para os próximos anos. De acordo com o jornal “Mundo Deportivo”, o pai do jogador teve algumas reuniões com Josep María Bartomeu, presidente do clube, e cobrou reforços para dar andamento às conversas sobre renovação.

Além disso, há a questão desempenho: o Barcelona só chegou às quartas de final da Liga dos Campeões graças a uma virada milagrosa diante do Paris Saint-Germain, mas caiu no embate com a Juventus. Em âmbito nacional, também sofreu para repetir o bom desempenho de temporadas anteriores.

Também conta a queda de rendimento de alguns dos pilares do elenco. O principal exemplo disso é Andrés Iniesta, 33, outro que tem contrato apenas até junho de 2018. E existe, como mais um elemento, a alta margem de erro em contratações recentes: Mathieu, Douglas e Arda Turan são nomes cujo futuro dificilmente passará pela Catalunha.