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Caso do "garçom olheiro" deve acabar com privilégios de agente no Santos

Zagueiro argentino Noguera foi contratado de forma inusitada na Vila Belmiro - Divulgação/SantosFC
Zagueiro argentino Noguera foi contratado de forma inusitada na Vila Belmiro Imagem: Divulgação/SantosFC

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

22/05/2017 04h00

A diretoria do Santos não digeriu bem o vazamento da informação que o empresário Luiz Taveira, homem de confiança do presidente Modesto Roma, contratou o zagueiro Fabián Noguera por indicação de um garçom. Para a cúpula alvinegra, o caso ridiculariza os dirigentes do clube e ainda passa a impressão que ele é o único agente que coloca jogadores no clube paulista.

Por conta disso, a diretoria promete acabar com os privilégios de Taveira no Santos. Ele circula com frequência dentro do clube desde 2015 e chegou até a fazer o papel de dirigente ao representar a diretoria santista em negociações na Argentina, Colômbia e até Alemanha, onde intermediou as contratações de Cleber e Bruno Henrique.

Além disso, entre os empresários no mercado do futebol, Taveira lidera a lista de atletas que chegaram ao Santos nos últimos anos. Com a indicação ou pelo menos com a participação do agente foram contratados os seguintes jogadores: Vladimir Hernández, Cléber, Bruno Henrique, Rodrigão, Emiliano Vecchio, Fábian Noguera, Copete, Maxi Rolón, Jean Mota, Ricardo Oliveira e Ledesma.

O vazamento do áudio do caso “garçom olheiro” foi o estopim para que o presidente Modesto Roma atenda a um antigo pedido dos conselheiros do Santos, que pedem o fim da parceria do clube paulista com o agente. Até comissões pagas ao empresário na empresa do lateral-direito Ceará, do Cruzeiro, foram questionadas no Conselho Deliberativo do Santos.

No polêmico áudio, Taveira explica a um diretor do Santos como ficou sabendo das qualidades do argentino Noguera, nas ruas de Buenos Aires, e por isso, indicou a contratação do atleta. Uma vez no clube, o zagueiro não vingou e é preterido até do banco de reservas por Dorival Júnior.

Abaixo, a transcrição do áudio do empresário:

''A situação era para contratar o Óliver Benitez do Gimnasia Esgrima, zagueiro canhoto. Cheguei na Argentina, falei com os dirigentes, pediram US$ 2 milhões. Fiquei mais dois dias na Argentina e fui almoçar com o jogador em Puerto Madero, num restaurante lá.

Entrei com o jogador, tinha bastante gente, já achei estranho, ninguém conheceu o jogador. Aí, dei um tempo, sentado, levantei, falei com um garçom. 'Você conhece esse jogador?' Ele falou: 'não, não conheço.' 'É o Óliver Benitez do Gimnasia Esgrima.' Ele falou: 'Não, não conheço não.' 'E qual zagueiro bom que tem aí?' Aí o cara pegou e me falou. 'Tem fulano, cicrano e tem o menino do Banfield, o Noguera', que inclusive tinha sido indicado para o Santos, pelo procurador do Ricardo Oliveira, o Augusto Castro. Depois, deu a maior confusão entre eu e ele.

O cara falou o fulano, ciclano e o Noguera, que a gente acha muito bom jogador e tem algumas propostas, mas está brigado com o Banfield. Isso foi uma vez. Bom, conclusão do negócio. Fui para a Argentina cinco vezes. Em todas as vezes, eu chegava e perguntava dos zagueiros para taxistas, jornaleiros, e todo mundo falava do Noguera. Daí, fui ver dois coletivos dele. Ele estava treinando à parte, mas fazia os coletivos e achei ele seguro. firme, futebol argentino é diferente do nosso, é mais pegado. Falei: 'olha, esse zagueiro é bom, entendeu? E muito mais barato que o Benitez.'

Na realidade, não houve um comunicado direto ao Dorival, essa é a realidade. Comuniquei ao Dagoberto (diretor executivo do Santos). Numa das reuniões, o Conforti (César Conforti, vice-presidente do Santos) estava junto. Então, depois de cinco vezes, dois meses indo para a Argentina, optou-se por fazer a contratação do Noguera, passaporte europeu, 23 anos, 1,93m, um jogador de boa estatura. Aí, comecei a perguntar mais do Óliver Benitez e ninguém recomendou. Mas todo mundo falava um nome do zagueiro do Boca, de um zagueiro do Estudiantes e o nome do Noguera.

Então, foi assim, vi dois coletivos, gostei e indiquei. Falei: 'olha, é mais barato, porque é com ele que tem que acertar e tem passaporte europeu.' Eu acho que pode dar certo, mas na realidade não foi um pedido do treinador. Levei até uma bronca do treinador por causa disso, mas eu tinha comunicado a diretoria, a presidência, e no fim, ele está aí. Mas vou me encarregar, vou levar ele para a Europa, nessa janela do meio do ano, se Deus quiser, e o Santos vai ter lucro com ele''.

Ouça o áudio, na íntegra: