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Arena Corinthians se abre para shows e quer concorrer com Allianz e Morumbi

Dassler Marques e Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

23/05/2017 04h00

"O Corinthians não está construindo arena multiuso. É um estádio de futebol." Era dessa forma que o ex-presidente do clube, Andrés Sanchez, projetava o futuro da Arena Corinthians. Cinco anos depois, a concepção é outra: segundo os responsáveis pelo empreendimento, o local está aberto para negociar e receber shows de grande porte.

Em entrevista ao UOL Esporte, Lúcio Blanco, gestor da Arena Corinthians, disse que os primeiros passos para fazer isso virar realidade já foram dados. De acordo com ele, a mudança de ideia deu-se após "consultas e visitas de grandes promotores de shows" nos últimos meses.

"Estamos primeiro fazendo um estudo de viabilidade porque precisamos de tudo documentado. A World Sports, que é responsável pelo gramado, tem de me garantir que não vai ter problema. O cara que fez o projeto de instalação tem de me garantir que não vai dar problema. E quem for fazer o show tem de me garantir que não vai estragar a estrutura", disse Blanco.

Para o gestor da Arena Corinthians, a ideia de abrir o estádio para grandes shows e, dessa forma, bater de frente com o Allianz Parque e o Morumbi, está condicionada ao montante que será investido no evento.

"Costumo dizer que isso está ligado ao tamanho do cheque. Se eu for fazer um evento que vão utilizar o campo de jogo e a empresa quiser locar o espaço, eu vou fazer conta. Só vamos utilizar o campo quando tivemos certeza que não vai prejudicar o jogo, o campo, que é o principal. Esse é o trabalho que estamos fazendo", explicou.

Em maio de 2012, Andrés Sanchez frisou que não haveria eventos no campo. Na ocasião, durante o seminário "Brasil Pós-Copa: Legado e Gestão dos Estádios", que ocorreu em Brasília, o deputado disse que "Corinthians poderia se sustentar só com o futebol".

A mudança de concepção ocorre três anos após a abertura da Arena, justamente quando o clube se vê com dificuldades em alavancar as receitas do estádio - 36 meses depois, foram vendidos apenas 10% dos Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CIDs), cerca de R$ 46 milhões. O Corinthians também não conseguiu um parceiro para os naming rights e teve, diante disso, de renegociar com a Caixa Econômica o prazo de pagamento do financiamento do BNDES.

Blanco ainda minimizou o fato de o metrô, principal meio de transporte que leva à Arena Corinthians, fechar por volta de meia-noite - as apresentações em estádios de futebol normalmente acabam após esse horário. Indagado sobre o cenário, o gestor mencionou "alças de acesso para a Arena" e outros transportes públicos, como o ônibus.

A viabilidade, porém, esbarra ainda na distância de Itaquera até o centro de São Paulo - de 22 quilômetros, contra 13 do Morumbi e cinco do Allianz. Nesse cenário, a zona leste da cidade, onde está localizada a Arena Corinthians, tem recebido apenas eventos de pequeno porte - o estacionamento do estádio corintiano, por exemplo, foi palco de apresentações com público bem inferior aos dos grandes shows.

Em 2013, a Arena chegou a receber um show da cantora Ivete Sangalo, com palco à beira do gramado. Naquela oportunidade, três mil pessoas assistiram à apresentação. No ano passado, houve um evento com os cantores Criolo e Emicida no estacionamento do estádio - a expectativa de público foi de aproximadamente 20 mil pessoas.

Troca de gramado irá ocorrer no fim do ano

Arena Corinthians - Danilo Verpa/Folhapress - Danilo Verpa/Folhapress
Gramado da Arena Corinthians será trocado depois de 120 jogos, no fim de 2017
Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

Ainda de acordo com o gestor, uma troca do gramado está prevista para dezembro deste ano. A mudança ocorrerá após cerca de 120 partidas no local (hoje, são 101 jogos disputados no estádio) e já estava prevista.

"[O gramado] é um ser vivo, já temos uma matéria orgânica dentro do campo. Precisa trocar. Vai criando um limo que prejudica o desempenho do campo. Temos um mapa hoje que mostra onde são as áreas que ficam mais úmidas. Há uma série de questões técnicas que nos mostram que precisa ser trocada", ressaltou.

"Há profissionais nossos que vão acompanhar uma troca que vai acontecer na Inglaterra. Vamos entender essa operação para realizá-la no fim do ano. O que mais nos preocupa é a estrutura que tem embaixo do campo e não atingi-la", completou.