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Guto dispensou Jr. Baiano, foi campeão e esteve em "quase queda" no Inter

Guto Ferreira tem carreira marcada por passagens pelo Internacional - Divulgação/Inter
Guto Ferreira tem carreira marcada por passagens pelo Internacional Imagem: Divulgação/Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

31/05/2017 11h00

Guto Ferreira volta ao Inter 15 anos depois de erguer uma taça comandando o Colorado. Foi com ele à frente que o Inter conquistou o título do Campeonato Gaúcho de 2002, sobre o 15 de Campo Bom. A passagem foi relâmpago e acabou após cinco rodadas de um Brasileiro que acabaria com a fuga da Série B na última rodada. Pouco antes, o novo técnico do Inter participou da dispensa de quem parecia ser uma das principais contratações daquele ano: Júnior Baiano.

Baiano foi contratado pelo Inter em janeiro de 2002. Estava jogando na China, chegou por empréstimo, vinha de uma suspensão por doping e, aos 31 anos, tentaria recuperar a carreira. Àquela altura, não era Guto Ferreira quem comandava o time vermelho. O ano começou com Ivo Wortmann, que acabou pedindo demissão após um empate por 0 a 0 contra o Esportivo pelo Gauchão.

Guto era técnico do time de juniores. Foi alçado ao principal como interino e, de cara, teve a fase final do Gaúcho pela frente. Venceu o São Gabriel e foi para a decisão contra o 15. Ganhou em casa por 3 a 2 e fora por 2 a 0, erguendo a taça dequele ano e quebrando um jejum de cinco anos sem conquistas do Inter.

Em seguida, porém, viria o Brasileiro. Até então, Júnior Baiano era parte do elenco, atuava eventualmente, sofria para estar em forma e nem apareceu no time nas finais. Só que a indisciplina o marcou no início da trajetória no Nacional.

O Colorado começou perdendo para Flamengo e Corinthians. No primeiro jogo, ao ver uma invencibilidade de 19 jogos ruir, a torcida gritava 'Fora Guto', como registrou o jornal Correio do Povo de 12 de agosto de 2002, consultado pelo UOL Esporte. Teve, inclusive, protesto no local de saída dos jogadores do estádio, o conhecido 'Portão 8', onde ocorriam as manifestações da torcida do Inter naquela época.

A recuperação veio contra a Ponte Preta, com vitória por 1 a 0. Em seguida, no empate por 2 a 2 com o Botafogo, o problema que gerou a dispensa de Júnior Baiano. O zagueiro se atrasou para a apresentação, no Rio de Janeiro, foi desligado por justa causa e depois entrou na Justiça contra o Inter. O ato de dispensa partiu de Guto, que não queria Baiano no elenco depois dele ter ignorado a necessidade de recuperação da equipe.

Foi o penúltimo jogo dele no comando do Colorado. Depois do empate com o São Paulo, em seguida, veio a demissão. Naquele ano, o Inter ainda teria Celso Roth e Claudio Duarte, escapando do rebaixamento apenas na última rodada do Brasileiro, ao vencer o Paysandu. A campanha foi marcada por outros atos de indisciplina de jogadores, dispensas e mudanças no grupo. 

Guto voltou ao clube anos depois. Foi coordenador das categorias de base e técnico interino em uma partida em 2008, e rodou o Brasil depois disso. Se aperfeiçoou sempre na expectativa de um dia voltar, algo concretizado agora. "Valoriza a base e se identifica muito com isso. Foi campeão em 2002 no Inter, traçou uma caminhada muito longa para estar aqui de volta, muito trabalhosa e com muito profissionalismo. E seus últimos trabalhos o credenciam com a missão de colocar o Inter de volta ao Brasileiro. Ele já subiu equipes deste cenário que estamos inseridos e temos muita confiança no trabalho dele", disse o presidente Marcelo Medeiros.