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Pedida da CBF de R$ 14 milhões por amistosos tirou Globo de transmissões

Além da alta pedida, fato de não ter Neymar em campo pesou em decisão da Globo - Pedro Martins/Mowa Press
Além da alta pedida, fato de não ter Neymar em campo pesou em decisão da Globo Imagem: Pedro Martins/Mowa Press

Pedro Ivo Almeida e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

01/06/2017 04h00

A busca por um novo modelo de transmissões não foi o único motivo que levou a CBF a realizar uma produção própria e tirar os amistosos do mês de junho, na Austrália, da TV Globo. O acerto com a parceira de anos também não ocorreu por conta de uma pedida da entidade considerada alta pelo canal: a Confederação cobrou pouco mais de 4 milhões de dólares (valores que chegariam a casa dos R$ 14 milhões) para que a emissora tivesse os direitos exclusivos dos jogos contra Argentina e Austrália, nos próximos dias 9 e 13, respectivamente.

A ideia da CBF era receber um valor por amistoso que representasse a média por jogo do contrato atual que a Globo tem para outras partidas da seleção – Eliminatórias e competições oficiais. A TV Globo, por sua vez, entendeu que a cobrança avulsa de 2 milhões de dólares para cada jogo (amistoso com a Argentina custaria cerca de 300 mil dólares a mais) não representava um negócio vantajoso.

Para a Globo, recuperar o investimento milionário em jogos avulsos, com uma negociação mais rápida, é diferente e mais delicado. Quando fecha o seu pacote, a emissora tem tempo e um projeto mais elaborado a vender, recebendo cotas maiores de seus principais patrocinadores.

Especialmente para os jogos contra Argentina e Austrália, ainda pesava contra a TV o horário fora do habitual [partidas serão às 7h de Brasília] e desfalques de nomes como Neymar.

Após semanas de uma negociação arrastada, a CBF, já com a produção independente em mente e apostando alto em seu faturamento no novo modelo, não diminuiu a pedida. A Globo manteve a decisão de não pagar os R$ 14 milhões e formalizou a recusa.

Problema repetido

Esta não é a primeira vez que emissora e confederação não chegam a um acordo em 2017. Em janeiro, quando do amistoso entre Brasil e Colômbia em homenagem às vítimas do voo da Chapecoense, a CBF entendeu que o contrato de transmissões em vigor não valia para aquela ocasião. Logo, uma nova rodada de negociações ocorreu.

A entidade de Marco Polo Del Nero cobrou cerca de R$ 6 milhões ao canal. Com o mesmo argumento de dificuldade de comercialização rápida com anunciantes para a ocasião, a Globo não se interessou. Foi a primeira transmissão da CBF com sinal liberado para outras TVs e via Facebook. Com um bom retorno inicial, a ideia de ter sua própria transmissão e, então, faturar ainda mais com patrocinadores para os jogos, a Confederação passou a amadurecer a ideia de endurecer as negociações com a parceira de anos.

A CBF não comenta os valores das negociações. Já a TV Globo confirmou, em nota, que “recentemente [a CBF] tentou vender os dois jogos amistosos de junho de forma avulsa e, embora não acreditemos que esta seja a melhor solução para todas as partes, tentamos negociar mas não chegamos num acordo”.