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Brasil abre nova fase com desafio que já tirou Tite de Corinthians e Grêmio

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

08/06/2017 20h00

A vaga na Rússia já foi garantida. A segunda fase da era Tite na seleção brasileira, aberto nesta sexta-feira (9) diante da Argentina de Jorge Sampaoli, coloca o treinador diante do que é historicamente um desafio em sua carreira: praticar o desapego. O amistoso será em Melbourne, na Austrália, a partir de 7h05 (de Brasília).

O período que se inicia é descrito por Tite como de testes e observações para qualificar o elenco - sete titulares, entre eles Neymar, não foram chamados. Assim, o treinador abre espaço para reservas e novatos em jogo de alto nível técnico, com o objetivo de elevar a força do grupo como um todo. Quase unanimidade no cargo, Tite precisará fazer descartes, algo já considerado uma fraqueza em ao menos dois momentos de sua vitoriosa carreira.

Em outros ciclos de Copa do Mundo, sobretudo com Dunga em 2010, a seleção viu jogadores de confiança caírem de produção nos meses que antecederam o Mundial, mas que ainda assim seguiram no grupo em razão da história que tinham construído. Na África do Sul, foram os casos de atletas como o atacante Nilmar, o meia Júlio Baptista, o volante Josué e o goleiro Doni, entre outros. Fechar o grupo com antecedência, historicamente, é um risco.

Tite, particularmente, se mostra aberto a novidades em um primeiro momento. Apesar do desempenho perfeito, com oito vitórias em oito jogos nas Eliminatórias, sabe que tem pouco tempo de cargo e não fez tantas experiências. Além de reservas pouco experimentados como Weverton, Thiago Silva e Willian, titulares nesta sexta, leva ao banco novatos como Alex Sandro, David Luiz, Rodriguinho, Douglas Costa e Diego Souza. A competição foi aberta.

Além de amistosos até a Rússia, como um já agendado duelo com a Alemanha para 2018, o Brasil tem mais quatro jogos de Eliminatórias para fechar seu caminho. Certamente alguns desses momentos serão utilizados para medir a força do grupo como um todo. A pergunta é se Tite, na hora H, será capaz de abrir espaço para novatos em troca dos jogadores que conseguiram o objetivo principal: a vaga na Copa.

Quando o paternalismo de Tite já foi questionado?

Gil - Lucas Figueiredo/Mowa Press - Lucas Figueiredo/Mowa Press
O zagueiro Gil, ex-comandado de Tite no Corinthians, joga como titular
Imagem: Lucas Figueiredo/Mowa Press

A primeira experiência em que o treinador foi acusado de se apegar exageradamente aos líderes do grupo ocorreu no Grêmio, no começo do século, um ano após vencer a Copa do Brasil. Uma conversa ao telefone não encerrada entre o repórter Luís Henrique Benfica e o então presidente gremista Flávio Obinou revelou críticas a Tite por se negar a retirar jogadores de confiança do time. A matéria foi publicada no jornal "Zero Hora" e praticamente selou a queda dele no comando da equipe.

Já no Corinthians, em 2013, a saída dele foi definida pelo então presidente Mário Gobbi por razões semelhantes. No entendimento da diretoria, faltava a Tite atitude para sacar jogadores campeões mundiais no ano anterior, como os zagueiros Paulo André e Chicão, o meia Danilo e o atacante Emerson Sheik. Por isso, a escolha foi por Mano Menezes, que abriu caminho para a saída de todos os citados.

Até o momento, na seleção brasileira, Tite não experimentou sensação do tipo. No momento, nenhum jogador de sua equipe enfrenta grandes questionamentos, fruto das oito vitórias em oito jogos nas Eliminatórias. Mas a provável única crítica foi justamente à grande quantidade de ex-comandados por ele no Corinthians. Quando perguntado sobre, Tite se irritou e apontou para meritocracia.

A próxima temporada europeia, além disso, pode provocar mudanças pela ascensão de alguns jogadores e eventuais quedas de outros. Em meio a isso, o período de testes estará em vigor. Como o treinador vai reagir as oscilações? As respostas vêm a partir desta sexta.

O Brasil joga com quatro titulares e alguns reservas experimentados

Paulinho, Renato Augusto, Coutinho e Gabriel Jesus. Esses foram os escolhidos por Tite para manter a espinha dorsal da seleção e oferecer um conjunto aos novatos. Mas, na verdade, não há tantas novidades assim, ao menos por enquanto. Filipe Luís e Fernandinho, por exemplo, já fizeram vários jogos com o atual treinador das Eliminatórias e são os reservas com mais minutos no período.

Weverton estreia com o treinador, mas já atuou durante toda a Olimpíada. Fagner também tem uma prova de fogo, mas jogou em partida recente contra o Paraguai. Willian é outro que joga na vaga de Neymar, mas já atuou em outras ocasiões. Os maiores testes estarão na zaga, que quase sempre esteve com Marquinhos e Miranda, mas diante dos argentinos, e de Lionel Messi, estará com Thiago Silva e o ex-corintiano Gil.

UOL transmite os amistosos

O UOL transmitirá ao vivo, em vídeo, os amistosos da seleção brasileira contra Argentina e Austrália, respectivamente nos dias 9 e 13 de junho, em Melbourne (Austrália), com oferecimento de Jeep. As duas partidas poderão ser acompanhadas na web e na versão mobile do portal a partir das 7h (de Brasília).

FICHA TÉCNICA

BRASIL x ARGENTINA

Local: Melbourne Cricket Ground, em Melbourne (Austrália)
Hora: 7h05 (horário de Brasília)
Arbitragem: Chris Beat, auxiliado por Nathan MacDonald e Paul Cetrangolo (todos Austrália)

BRASIL
Weverton; Fagner, Thiago Silva, Gil e Filipe Luís; Fernandinho; Coutinho, Paulinho, Renato Augusto e Willian; Gabriel Jesus.
Treinador: Tite.

ARGENTINA
Romero; Otamendi, Maidana e Mercado; José Luis Gómez, Lucas Biglia e Éver Banega; Messi, Paulo Dybala e Ángel Di María; Gonzalo Higuaín.
Treinador: Jorge Sampaoli