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Xodó de alemães, animador do Faustão quer integrar seleção de Tite na Copa

Tibúrcio é amuleto do Bayern e agora quer acompanhar Brasil - Arquivo Pessoal
Tibúrcio é amuleto do Bayern e agora quer acompanhar Brasil Imagem: Arquivo Pessoal

Beatriz Cesarini

Do UOL, em São Paulo

08/06/2017 04h00

Um dos ‘amuletos’ da Alemanha na conquista da Copa do Mundo de 2014, o brasileiro Mauro Lúcio Silva, conhecido como Tibúrcio agora tem outro foco: a seleção brasileira. Também famoso por ser ‘parça’ do Rafinha, do Bayern, e animador do Faustão, o pé-quente quer seguir os passos da equipe comandada pelo técnico Tite em busca do mundial de 2018.

“Muita gente tem falado comigo sobre a seleção da Alemanha. Mas eu quero o Brasil agora. Sou brasileiro, quero acompanhar o Brasil. Eu tentei na última Copa mas não deu certo. Mas Deus me colocou junto com a Alemanha, foi um presente que recebi”, contou Tibúrcio em entrevista ao UOL Esporte.

Único brasileiro a tocar na taça do Mundial de 2014, Tibúrcio está a caminho de Melbourne, onde a seleção brasileira irá jogar contra a Austrália e a Argentina em amistosos nos dias 9 e 13 de junho - com transmissão ao vivo, em vídeo, do UOL.

“Pretendo acompanhar a seleção durante a Copa do ano que vem. Também queria estar do lado do meu amigo Rafinha no ano do Mundial. Tenho um plano para colocar música antes dos jogos para eles dançarem, descontraírem, como eu coloquei a seleção da Alemanha”, falou o amuleto.

Mas como tudo começou?

Tibúrcio com Manuel Neuer - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Tibúrcio ficou conhecido na Copa de 2014, sediada pelo Brasil, depois de cair nas graças da seleção da Alemanha. Apareceu em fotos, ficou na concentração e protagonizou os vídeos mais descontraídos dos campeões. Em um dos mais famosos, ele aparece na praia ensinando ninguém menos que Manuel Neuer e Bastian Schweinsteiger a dançar a música “Lepo-Lepo”.

Tudo isso pelo contato que ele teve com os germânicos desde 2011, quando começou a acompanhar o Bayern de Munique com o lateral Rafinha.

“Conheci o Rafinha no Coritiba, quando ele chegou na equipe júnior de lá. Ficamos amigos em 2000. Mas ele foi transferido para o Bayern de Munique em 2011, e então fiquei lá, fiz amizade com os caras e acompanhei o time”, explicou.

A relação com os alemães se fortaleceu quando o técnico do Bayern na época, Josef "Jupp” Heynckes, percebeu o “potencial” de Tibúrcio como amuleto. O amigo de Rafinha assistiu a quase todos os jogos da equipe bávara, que chegou à final da Liga dos Campeões de 2011-12, mas foi surpreendida com uma derrota para o Chelsea.

“Acompanhei toda a temporada. Mas não fui nessa final e o Bayern perdeu em casa. O técnico na época até brigou com o Rafinha: ‘Aquele negão de terno branco vinha todos os jogos e o Bayern não perdia. Você não trouxe ele na final e o Bayern perdeu!’. Em 2013, eu fui em todos os jogos do Bayern e eles ganharam tudo. Por isso, o Rafinha falou para eu não ir embora”, contou Tibúrcio.

Tibúrcio no Faustão - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Mas a vida de Tibúrcio não é só acompanhar o Bayern de Munique. Ele tem duas casas: o Brasil e a Alemanha. O carioca de nascimento chegou a morar nas ruas e foi acolhido por Zeca Pagodinho. Graças a esse contato com o sambista, Tibúrcio foi parar no Faustão em 2008 e virou animador da plateia desde então.

“O Faustão até brinca comigo, me chama de garoto pingue-pongue: ‘Curitiba enjoa, manda para Alemanha, Alemanha enjoa, manda para mim’. Ele sempre brinca. Fico lá e cá, meio a meio”, disse Tibúrcio.

Parreira recusou ajuda na Copa-2014

Após acompanhar a caminhada do Bayern na campanha vitoriosa entre 2012 e 2013, Tibúrcio foi convidado pelo goleiro Manuel Neuer a ir à Copa de 2014 com a seleção da Alemanha.

“No Marrocos (Mundial de Clubes), o Neuer falou comigo. Disse que queria me levar para a Bahia”, contou Tibúrcio, que recusou de primeira, porque queria ficar com o Brasil e “levar a alegria”.

“Quando o Parreira foi ver alguns jogos do Bayern eu conversei com ele. Mas ele falou que o Brasil iria ser campeão fácil em casa e que não precisaria de mim”, acrescentou.

Tibúrcio decidiu, então, aceitar o convite de Neuer e fez a alegria dos alemães. Virou professor de dança particular de Bastian Schweinsteiger, de quem é amigo até hoje. Tudo isso sem falar uma palavra em alemão. Segundo ele, eles entendiam os gestos e as danças e já foi suficiente.

“O primeiro jogo da Alemanha contra Portugal já ganhamos de 4 a 0, ai fiquei acompanhando o time. A única partida que eu não fui a seleção alemã empatou com os EUA, em Fortaleza. Então, o Neuer falou que eu tinha que ir em todos. Foi só alegria”, contou.

Em sua casa, Tibúrcio coleciona memórias da Copa. Apesar disso, para juntar um dinheirinho, o amuleto acabou vendendo as luvas que ganhou de Manuel Neuer.

Até Guardiola já teria feito proposta a Tibúrcio

Tibúrcio com Guardiola - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Desde que chegou ao Manchester City em 2016, o técnico Pep Guardiola, conhecido pela carreira vitoriosa em outros clubes, ainda não conquistou títulos. O treinador conheceu Tibúrcio na Alemanha e, segundo o animador, agora quer levar o amuleto para o time de Gabriel Jesus.

“Eu tenho boa amizade com Guardiola e ainda não fui em jogos do Manchester City. Mas ele já falou: “Tibúrcio vai para o City”. Eu não quis, fiquei com o Bayern e agora estou pensando seriamente em ir para lá. Conheço o Fernandinho já”, projetou.

Rafinha “empresta” Tibúrcio para Chapecoense

No início do ano, Tibúrcio ficou uma temporada em Chapecó para animar a cidade após a tragédia com o avião que levava a delegação do clube a Medellín em 29 de novembro de 2016. A ideia foi de Rafinha, que pediu para o amuleto ficar lá por cerca de um mês.

“Eu estava com o Rafinha na Alemanha e o Mancini tinha conversado com ele. Ele falou que ia me mandar para lá. Estava no final do ano, a gente retornou da Alemanha. E fui para a apresentação da Chapecoense a pedido do Rafinha, que queria que eu desse uma força. A cidade ainda estava em choque quando fui”, contou.

“Fui levar minha alegria. Fiquei com os jogadores, levei alegria a eles. Que foram se soltando. E também fui para a torcida lá. Eu falei que eles iam ser campeões. Fiquei um mês em Chapecó. Voltei dia 8 de fevereiro e o Rafinha falou que precisava de mim”, disse.