Topo

Sub-23 do Inter vai brilhando no RS. Como isso pode gerar frutos na Série B

Time Sub-23 do Internacional se destaca no interior gaúcho com números impressionantes - Leonardo Fister/Inter
Time Sub-23 do Internacional se destaca no interior gaúcho com números impressionantes Imagem: Leonardo Fister/Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

09/06/2017 04h00

A campanha do Inter na Série B está longe do esperado. Em cinco partidas, o Colorado venceu duas, empatou uma e perdeu outra. Ocupa a 5ª posição no torneio após cinco rodadas. Mas na contramão da oscilação do principal, o Sub-23 vai muito bem. Pelo interior gaúcho disputando a Segunda Divisão (Terceirona) estadual, a equipe conquista números impressionantes e isso pode acabar ajudando também no principal.

As estatísticas mostram o quanto bem feito está sendo o trabalho. Foram 15 jogos contra times principais das equipes do interior gaúcho no torneio. 13 vitórias, 2 empates e nenhuma derrota. Aproveitamento de pontos de 91%. O time marcou 45 gols, média de 3 por partida, e sofreu apenas seis.

E isso pode render imediatamente ao time de cima. Os dois meias titulares do Sub-23, por exemplo, foram relacionados para o último jogo, diante do Figueirense. Juan foi um dos destaques da partida, entrando no segundo tempo e dando nova movimentação ao sistema ofensivo. Além de Claudio Winck, que pode ser reaproveitado. 

"Nosso contato com o principal é bem próximo. Trocamos muitas ideias e informações. Eles têm acompanhado nossos jogos, vão ao CT de Alvorada (na região metropolitana de Porto Alegre, onde treina a base), nos dão retorno. Somos o fim da preparação dos jogadores e temos um diálogo muito aberto com o principal", afirmou. "O Guto é um treinador que gosta bastante de jovens atletas, isso é muito legal. Isso vai continuar deixando as portas abertas do profissional e isso nos motiva muito, porque daqui a pouco eles poderão jogar no profissional", disse o técnico do time, Ricardo Colbachini, ao UOL Esporte. "A ideia é colocar a jogar contra os profissionais para amadurecer neste último estágio e estarem mais prontos para o profissional do Inter. Temos um grupo muito focado, se destaca pelo comprometimento e é bom tecnicamente, isso tem contribuído bastante. Os resultados acabam, de certa forma, estão nos surpreendendo. Mas é em cima do comprometimento dos jogadores, pelo forte trabalho em equipe que têm e a qualidade do time", completou.

O time base do Sub-23 do Inter é: Feijão; Claudio Winck, Alemão, Roberto e Iago; João, Ramon, Juan e Mossoró; André e Joanderson. Destes, Winck já foi do principal e pode receber nova chance. Iago também já atuou neste ano. Juan deve passar a receber cada vez mais oportunidades, o mesmo vale para Mossoró. Ambos estiveram relacionados no jogo contra o Figueirense. Juan jogou e se destacou. O goleiro Feijão subiu ao principal quando Marcelo Lomba, Keiller e Danilo Fernandes se lesionaram e só saiu pelo retorno deles. Joanderson e André foram chamados para trabalhar no time de cima na última semana e estão, da mesma forma, sob análise. Os dois são eleitos como destaques desta equipe. 

"São dois jogadores de qualidade. É muito difícil um jogo em que eles não façam gols. Definem muito bem, mas acima de tudo têm uma parte defensiva muito boa. Nos ajudam muito na marcação, têm uma velocidade de recomposição muito interessante", afirmou o técnico. 

Modelo europeu na formação

O sucesso do Sub-23 do Inter segue o molde da formação de clubes europeus. É mantido o padrão de postura do time desde a categoria Sub-10 até o Sub-23. Não se trata da mesma formação tática, mas da conduta do time em campo. Na Europa, o crescimento da seleção da Bélgica se deu a partir de uma padronização dos times de base. Com a mesma conduta, jogadores como Lukaku, Hazard, Fellaini, Witsel, Courtois e Komany concluíram sua formação. O mesmo vale para o Barcelona, que usa a padronização de conduta como uma das bases na formação de atletas. 

"Seguimos em todas as categorias de base o mesmo princípio. O sistema pode oscilar, mas as ideias são as mesmas. Ocupação de espaço, formar jogadores inteligentes, um time agressivo e que prima pela posse de bola... Os sistemas podem mudar dependendo das características que cada categoria tem. Mas sem fugir destes conceitos", explicou. "Queremos ser protagonistas, controlar o jogo, pressionar alto e retomar a bola o mais rápido possível. Sem a bola, todos mudam juntos de comportamento e passam a formar um sistema agressivo", acrescentou.

O próximo jogo da equipe, na segunda fase da Terceirona, será diante do Novo Horizonte, no estádio Cristo Rei.