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PF faz apreensão em casa de vice da CBF e prende presidente de federação

Gustavo Feijó (foto) é vice da CBF. O filho dele, Felipe, foi preso nesta sexta - Divulgação
Gustavo Feijó (foto) é vice da CBF. O filho dele, Felipe, foi preso nesta sexta Imagem: Divulgação

Rodrigo Mattos*

Do UOL, no Rio de Janeiro

09/06/2017 10h08

A Polícia Federal fez operação nesta sexta-feira em Alagoas para investigar suposto uso de Caixa 2 na campanha do vice-presidente da CBF Gustavo Feijó à prefeitura de Boca da Mata. Durante a ação, seu filho, Felipe Feijó, que é presidente da Federação Alagoana de Futebol, foi preso por porte ilegal de arma – posteriormente liberado mediante à fiança. A informação é da assessoria da Polícia Federal.

A investigação em relação ao Caixa 2 na campanha de Gustavo Feijó tem origem na CPI do Futebol, comandada pelo senador Romário Farias. Na comissão, foram encontrados e-mails entre Feijó e o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, então vice, discutindo contribuições para a campanha do primeiro em 2012.

Não houve nenhuma contribuição oficial da confederação para a campanha de Feijó (PMDB). Toda a investigação de Romário foi entregue ao Ministério Público Federal.

Segundo a Polícia Federal de Alagoas, as investigações tiveram origem em 2012, após elementos colhidos na Operação Durkheim, que se debruçou sobre um esquema de venda de informações sigilosas, com base em São Paulo. Na época, um dos investigados foi Marco Polo Del Nero, então ex-presidente da CBF. O cartola teve um computador apreendido na operação, e a evidência da conexão com a campanha de Feijó foi registrada.  

Coletiva em Maceió explica operação que investiga vice-presidente da CBF - Polícia Federal de Alagoas/divulgação - Polícia Federal de Alagoas/divulgação
Coletiva em Maceió explicou operação que investiga vice-presidente da CBF
Imagem: Polícia Federal de Alagoas/divulgação

"Esse dinheiro teria origem da parte da CBF, que teria repassado, de acordo com as primeiras evidências levantadas, R$ 600 mil para a campanha eleitoral do prefeito do Boca da Mata", afirmou o superintendente da PF em Alagoas, delegado Bernardo Gonçalves.

"Esse valor já havia sido solicitado, já teria sido costurado com o presidente anterior da CBF (José Maria Marin)", acrescentou o delegado da Polícia Federal em Alagoas.

Durante a coletiva de imprensa desta sexta-feira, o superintendente da PF alagoana afirmou que será instaurado um inquérito policial para investigação de crime de falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro. Segundo as investigações, a campanha de Feijó à prefeitura de Boca da Mata teria custado R$ 2 milhões, mas apenas R$ 105 mil foram declarados. 

"É natural. Os policiais estão cumprindo com seu dever. Eles estão dando cumprimento a mandados oriundos de denúncias feitas pelo Romário na CPI do Futebol", se pronunciou Gustavo Feijó em entrevista ao site "TNH1".

Na manhã desta sexta, em Maceió, houve busca e apreensão em imóveis de Gustavo Feijó e na federação alagoana para buscar de mídia eletrônica e documentos. Durante a operação, foi encontrada uma arma de Felipe Feijó, que não tinha porte (calibre 380, com munições). Por isso, o filho do vice da CBF foi detido e liberado após prestar depoimento. 

Romário comemora operação em AL

O senador Romário, que presidiu a CPI do Futebol, comemorou a operação "Bola Fora", que investiga caixa 2 na campanha do vice-presidente da CBF, Gustavo Feijó, a quem o ex-jogador classificou como "calo nas investigações" da Comissão Parlamentar de Inquérito.

"Depois que aprovamos a convocação dele, o senador Ciro Nogueira, representando a Bancada da CBF, pediu a anulação da sessão e Renan Calheiros, então presidente do Senado, anulou. A ação deles foi completamente arbitrária e ilegal, a convocação de Gustavo Feijó e de outras pessoas, como Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, foi suspensa, mesmo cumprindo o regimento do Senado. Isso travou a CPI por meses e limitou o trabalho de investigação", citou Romário, por meio de nota.

"Fico muito feliz que os órgãos competentes, como o MPE e a PF, estejam dando prosseguimento ao trabalho iniciado na CPI do Futebol. Os resultados de uma investigação nem sempre são imediatos, tenho certeza que o que conseguimos provar ainda vai dar muita dor de cabeça para aqueles que fazem do futebol um ofício criminoso", acrescentou o político.

*com Bruno Freitas, de São Paulo, e Lancepress