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Quem foi atingido com a defesa de Leila a Alexandre Mattos no Palmeiras

Mustafá apadrinhou José Roberto Lamacchia e Leila Pereira na política palmeirense - Eduardo Ohata/UOL Esporte
Mustafá apadrinhou José Roberto Lamacchia e Leila Pereira na política palmeirense Imagem: Eduardo Ohata/UOL Esporte

José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo (SP)

09/06/2017 17h48

Leila Pereira saiu em defesa de Alexandre Mattos na noite da última quinta-feira. Em entrevista ao Esporte Interativo, a proprietária da Crefisa e conselheira do Palmeiras ameaçou rever a parceria com o Palmeiras, caso o diretor de futebol, que sofre pressão de conselheiros, deixasse o clube. No recado dado, porém, a empresária atingiu justamente um dos seus maiores apoiadores.

A frase “confio tanto no Alexandre Mattos que, se ele sair, vou rever o investimento que faço no aporte para contratações” vai contra a ideia de futebol de Mustafá Contursi, padrinho político da empresária e grande responsável por viabilizar a candidatura de Leila Pereira ao Conselho Deliberativo palmeirense.

A defesa de Leila ocorre em meio a críticas de conselheiros ao trabalho de Alexandre Mattos no planejamento para 2017 – chegada de reforços valorizados em comparação ao desempenho irregular do clube no ano. Mustafá, principal símbolo desta crítica, é considerada a pessoa mais influente na política palmeirense.

“Ter o apoio dele fortalece o governo”, disse Mauricio Galiotte, em entrevista ao UOL Esporte, no mês de março, poucas semanas depois da eleição de Leila Pereira ao cargo de conselheira.

Apesar de apadrinhar Leila e incentivar a entrada da empresária na vida política do clube, Mustafá possui uma posição crítica em relação ao posto ocupado por Alexandre Mattos. O ex-presidente é contra a profissionalização de alguns setores do futebol, como o cargo remunerado do diretor – recentemente renovado até o final de 2018, junto ao fim do mandato de Mauricio Galiotte.

Além do cargo do diretor, Mustafá crê que departamentos como marketing e jurídico podem ser ocupados por conselheiros indicados, ao contrário do que ocorre atualmente no clube, com profissionais devidamente contratados para exercerem as funções.

Em contrapartida, conforme reiterado na entrevista da última quinta-feira, Leila Pereira confia no atual modelo de gestão de Mauricio Galiotte. A empresária tem boa relação e trânsito com Alexandre Mattos, com quem, inclusive, conversa sobre assuntos diretamente ligados ao time profissional – na data da contratação de Borja, por exemplo, foram dezenas de ligações durante todo o dia.

Como parceira palmeirense, a Crefisa transcendeu o simples rótulo de patrocinador. A empresa deu o aval financeiro a Alexandre Mattos atingir números incomuns para o mercado nacional – Borja, por exemplo, custou R$ 35 milhões - e ajudou em contratações.

 

Padrinho político

Foi o ex-presidente que emitiu uma correção na data de admissão do título de sócia de Leila Pereira. A empresária adquirira um título em 2015, mas Mustafá Contursi promoveu a mudança para 1996, o que permitiu à proprietária da Crefisa assumir uma cadeira no Conselho Deliberativo.

Leila Pereira recebeu mais de 200 votos, número recorde, e contou com apoio político de Mustafá Contursi. O ex-presidente mobilizou aliados e participou ativamente de toda campanha da empresária para uma cadeira no CD.

Ainda muito influente na vida política do clube, Mustafá, inclusive, influenciou a entrada de José Roberto Lamacchia, marido de Leila Pereira e também eleito para uma cadeira no Conselho. O casal Crefisa, em alta entre os notáveis palmeirenses pela parceria com o clube, participou da primeira reunião com o grupo no fim de maio.

Insatisfação até de opositores

A fala de Leila, no entanto, não incomodou apenas Mustafá e aliados, contrários à profissionalização de setores do futebol. Opositores também questionaram o forte apoio a Alexandre Mattos, que tem sofrido críticas em relação ao planejamento adotado para a temporada.

Alguns membros de grupos opositores a Mustafá ouvidos pela reportagem consideraram a fala uma ingerência à gestão de Mauricio Galiotte, especialmente pelo fato de condicionar a atual postura de auxiliar financeiramente o clube fora do patrocínio em relação ao nome de Alexandre Mattos.