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Por que Arda Turan brilhou no Atlético de Madri mas falhou no Barcelona?

David Ramos/Getty Images
Imagem: David Ramos/Getty Images

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

11/06/2017 04h00

Arda Turan parecia ser o coração do Atlético de Madri de Diego Simeone. Aguerrido em campo e dono de um talento raro com a bola na perna direita, ele levou a equipe ao título espanhol em 2015, à final da Liga dos Campeões um ano antes e se tornou um dos melhores jogadores do futebol espanhol na época.

Em 2015, porém, ele trocou o Atlético pelo Barcelona e nunca mais foi o mesmo jogador. Após dois anos sofrendo no Camp Nou, sua permanência é uma incógnita, ele pode virar moeda de trocas e pouca gente duvida que ele falhou no novo clube. Mas o que aconteceu com o turco?

A explicação tem duas partes e não é das mais complexas. Primeiro, é preciso lembrar como foi feita a contratação. Turan chegou ao Barcelona no segundo semestre de 2015, quando o time estava proibido pela Fifa de trazer novos jogadores. Por causa disso, ele passou seis meses apenas treinando, sem entrar em campo.

Como qualquer jogador de futebol pode afirmar, ficar meio ano sem jogar é péssimo. Turan perdeu o ritmo de jogo. Quando chegou ao Barça, ele era um jogador em alta, considerado um dos melhores do futebol espanhol e após uma campanha brilhante no título do Atlético. Em quatro temporadas no Vicente Calderón, fez 22 gols e deu 32 assistências. Mas os seis meses acabaram com o momento positivo e levaram a confiança que nunca faltou ao turco.

E, quando chegou o meio da temporada 2015/2016 e ele foi liberado para jogar, o time titular já estava fechado. Sem Turan, Luís Enrique montou um esquadrão que ganhou Liga dos Campeões, Campeonato Espanhol e Copa do Rei. O novato só jogava poucos minutos no segundo tempo.

Foi aí que apareceu o segundo problema para o turco: a posição em campo. Sua contratação, para a imprensa espanhola, era uma solução para o meio-campo catalão. Xavi estava de saída e o time precisava de um astro para armar as jogadas. Com Simeone no Atlético, ele até fazia isso. Mas jogava muito mais aberto pela direita, mais atacante do que meio-campista.

O Barça, porém, precisava mais de um volante do que de um ponta. E o croata Rakitic virou o dono dessa posição. Sempre que foi usado nessa função, Turan fracassou. Faltava pegada nas ações defensivas e dinamismo e velocidade de passe nas ações ofensivas.

Restava uma vaga no ataque. Mas sua primeira temporada foi, também, aquela em que o trio MSN mais jogou. A ponta direita, por onde jogava no Atlético, é de Messi. A esquerda, de Neymar. E não existia mais a necessidade de usar o argentino como falso 9, no centro do ataque, com Suarez à disposição.

Turan, então, virou reserva. E quanto menos jogava, mais a frustração aumentava. Sabe a briga do jogador no avião, a caminho de uma convocação para a seleção da Turquia? Não deve ser acaso. Turan chegou a negar ofertas de saída do Barcelona na temporada passada. Desta vez, porém, pouca gente acredita que ele seguirá no Camp Nou.