Topo

Com brasileiros "queimados", futebol ainda tenta deslanchar na Austrália

Del Piero é citado como um dos nomes que alavancou o futebol australiano - AFP PHOTO / SAJJAD HUSSAIN
Del Piero é citado como um dos nomes que alavancou o futebol australiano Imagem: AFP PHOTO / SAJJAD HUSSAIN

Vitor Pajaro

Colaboração para o UOL, em Melbourne (Austrália)

12/06/2017 04h00

Romário, Jardel e Juninho Paulista foram os brasileiros de mais renome que no fim de suas carreiras aproveitaram para dar uma passadinha no futebol australiano. Eles aumentaram suas cifras bancárias em troca de tentar impulsionar o esporte no país dos cangurus. Com contratos curtos - Romário fez apenas quatro partidas pelo Adelaide FC -, eles pouco puderam fazer, mas outros brasileiros que vieram depois acabaram queimando a classe "canarinha", que acabou preterida por italianos, alemães e argentinos.

Quem explica a rejeição dos australianos pelos jogadores brasileiros é Cassio, ex-lateral do Corinthians e Flamengo. Considerado o melhor brasileiro da história do futebol australiano, ele conversou com UOL Esporte durante um dos treinos da seleção brasileira que se prepara para enfrentar a Austrália, nesta terça-feira (13), em Melbourne, com transmissão ao vivo do UOL Esporte.

"A verdade é que muitos jogadores chegaram aqui e não foram bem, tiveram muitos problemas extra-campo o que acabou queimando o futebol brasileiro para os dirigentes, que passaram a investir muito mais nos italianos, argentinos e alemães", comentou Cassio, que durante oito anos defendeu o Adelaide FC antes de encerrar a carreira no início de 2015.

Um dos italianos que passou pela Austrália foi o atacante Del Piero. Por duas temporadas, o jogador, que fez história na seleção italiana e na Juventus, ajudou a alavancar o esporte no país. "O Del Piero com certeza foi importante para o futebol australiano. Todo mundo queria ver ele jogar e, se antes eram 15 mil pessoas, com ele em campo tinham pelo menos 40 mil nas arquibancadas", recorda Cassio.

Del Piero e outros jogadores como o inglês Emilie Heskey e o trinitino Dwight Yorke, que brilhou no Manchester United, cumpriram o seu papel no desenvolvimento do futebol  que aumentou o público nas arquibancadas, audiência na televisão e dinheiro dos patrocinadores. Hoje, por exemplo, o soccer (como é chamado) é o esporte mais praticado entre as crianças de 6 a 13 anos na Austrália. Uma vitória para quem investiu em um país que antes só queria saber de rúgbi, críquete e futebol australiano, um esporte totalmente diferente do que estamos acostumados.

Com clubes estruturados e a torcida mais apaixonada, a Austrália hoje sente falta de um ídolo em campo. Tim Cahill, maior artilheiro da seleção australiana com 45 gols, atua no Melbourne City, mas aos 37 anos já se encaminha para o final da carreira. Ele está entre os convocados para o amistoso diante do Brasil, mas não deve ser titular.

Hoje a grande aposta do futebol australiano é o meio-campista Aaron Mooy. Comprado pelo Manchester City no ano passado ele disputou a última temporada pelo Huddersfield Town e foi um dos destaques do modesto time que após 45 anos voltará a disputar a primeira divisão da Liga inglesa.

Se o Brasil já garantiu presença na Copa do Mundo, a Austrália ainda luta para chegar ao seu quarto mundial seguido. Desde as eliminatórias de 2010, os Socceroos (como são chamados) deixaram a Confederação de Futebol da Oceania e disputam as eliminatórias pela Confederação Asiática de Futebol.

A mudança foi proposta justamente para aumentar o grau de dificuldade para os australianos que costumavam atropelar seus adversários na Oceania. O time, inclusive, é dono da maior vitória em jogos internacionais da Fifa: 31 a 0 diante de Samoa Americana. Atualmente, a seleção australiana ocupa a terceira posição nas eliminatórias e precisa de uma combinação de resultados para ir à Rússia.