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Vitor Hugo 'parla italiano' e dá show em despedida no Palmeiras

José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo (SP)

12/06/2017 17h45

Vitor Hugo caracterizou-se nos últimos anos como um dos jogadores mais carismáticos do Palmeiras. O jeito simples e o avesso ao mundo media training comum nos grandes clubes tornou o zagueiro querido ainda mais pelos torcedores. Na despedida como jogador do clube pelo qual conquistou dos títulos, o antigo camisa 4 voltou a dar show.

Na entrevista de despedida do clube, ocorrida na tarde desta segunda-feira na Academia de Futebol - o último jogo ocorrera em 3 de maio, contra o Jorge Wilstermann -, o defensor arriscou umas palavras em italiano, manifestou a preocupação com a falta de 'arroz e feijão' na Itália, onde defenderá a Fiorentina, e arrancou gargalhadas de jornalistas e funcionários presentes.

Fora o resultado de campo como titular, com os títulos da Copa do Brasil 2015 e Campeonato Brasileiro 2016, o defensor encerra a passagem pela Academia de Futebol como um dos atletas mais espontâneos dos últimos anos. Agora, a missão é fazer sucesso no futebol italiano.

Tamo junto em italiano não existe

Já até quebrei no italiano. Pô, 15h de viagem e me pegaram na saída, nem consegui pensar direito no que falar. Estava estudando [foram dez dias de curso]; é, estou manjando já, estou 'parlando'. Os repórteres falavam alguma coisa, mas falavam rápido e não conseguia entender nada. Só pensava: 'deixa eu sair logo daqui'. Falei um 'tamo junto' e ninguém entendeu nada. Não tem nem no espanhol este 'tamo junto', nem sei o que falei.

Astro de Hollywood

Fiquei feliz demais pelo reconhecimento. Estou me sentindo muito especial, fizeram um vídeo de despedida para mim. Quem estiver e quiser assistir, dá uma entrada lá no Youtube do Palmeiras. Fizeram como se eu fosse um ator de cinema. Foi sinistro.

Famoso na 25 de março

Profissionalmente minha vida mudou muito, pois consegui amadurecer. O meu jeito de ser, não; aí não mudou muito não. Acho só que fiquei mais bonito, mas sei lá. Esta parte de ficar andando na rua mudou bastante, está mais complicado. Ontem mesmo estava na twenty five...né, como falam? Lá na 25 de março, fui levar uns DVDs lá. Embaçada esta parte.

'Não sou tão esperto assim'

Toda mudança gera transtorno, né? Estou ansioso para o que vai acontecer. Uma cidade totalmente diferente, uma língua que é complicada quando falam rápido; você não entende nada. Espero que dê tudo certo lá. Vou ver se consigo uma escola para o meu filho. Todo mundo me fala que ele vai falar italiano mais rápido; ele é muito espero, eu já nem tanto [risos].

Ciao é oi também

Nossa, nunca nem passou pela cabeça alcançar este nível. Aconteceu muita coisa na minha vida que eu nem esperava. Agora chego lá e o povo fala ciao querendo dizer 'oi' [risos]. São coisas de Deus, sem ele nunca passaria por esse tipo de experiência, essas coisas que estou vivendo hoje. (...)

Estou 'gastando' no italiano. Tinha o plano para falar na primeira entrevista, mas aí foi tudo por água abaixo; e olha que cheguei para 'gastar' o italiano lá. Cheguei lá no clube e me falaram ciao: 'pô, nem cheguei e já me deram tchau'. Fomos para outro departamento e uma mulher falou salve; pô, salve é gíria de mano, mas aí descobri que é 'oi' também. Arrivederci é tchau, assim como ciao. Também tinha um monte dizendo prego [por favor ou obrigado] pra lá, prego pra cá. É engraçado, mas o idioma lá é da hora.

Arroz e feijão na mala

Fomos em uns restaurantes, não encontramos um restaurante com arroz feijão, minha vida é o arroz e feijão. (...) Falei para a Lucinha que trabalha lá em casa: 'quando for visitar a gente, vai ter que levar uma mala só de arroz e feijãozinho, nem que seja para deixar uma de roupa.

Zagueiro feliz

Vou tentar ser eu mesmo lá. Lá dizem que zagueiro tem que ficar de cara fechada. Vou tentar mostrar um zagueiro diferente para eles lá.