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Após "invasão", Flu faz política da boa vizinhança em CT na Cidade de Deus

Perspectiva da área onde foi erguido o CT do Flu. Ao fundo, a Cidade de Deus  - Júlio César Guimarães/UOL
Perspectiva da área onde foi erguido o CT do Flu. Ao fundo, a Cidade de Deus Imagem: Júlio César Guimarães/UOL

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

13/06/2017 04h00

Seis meses depois de levar um susto com uma invasão de seu CT que resultou em seguranças agredidos e mantidos como reféns, o Fluminense estuda ações para aproximar-se da Cidade de Deus, que fica próxima ao local de trabalho tricolor. Instalado em seu centro de treinamento desde outubro de 2016, o clube mantém contato com líderes da comunidade carente e tenta fortalecer uma política de boa vizinhança. 

A atitude não tem necessariamente a ver com o episódio de violência, mas ajudaria a criar laços com a população local. Como as instalações do CT tricolor ficam a poucos metros da Cidade de Deus, comunidade carente imortalizada por livro e filme do mesmo nome, o clube acertou a doação de 50 cestas básicas mensais. O Fluminense estuda ainda a possibilidade de fazer alguma ação mais concreta no local. O projeto de uma escolinha, por exemplo, não é descartado. Além das cestas, o clube já enviou bolas e alguns jogos de camisa.

Na véspera do Natal de 2016, dois seguranças foram agredidos e mantidos como reféns por três horas. Para quem trabalha no local, o barulho de tiros é algo frequente. A facção criminosa que domina o tráfico de drogas na comunidade já até criou um "código" de acesso para não criar problemas para jogadores e demais funcionários, mas ainda assim quatro seguranças pediram para não trabalharem mais no CT depois do episódio de violência.

área no CT do Flu - UOL - UOL
Imagem: UOL

"É um vizinho rico que vem ficar perto de um vizinho pobre, a tendência é que a ajuda aumente. Mas isso não significa que protegemos eles do tráfico. Estamos conversando para trazer o Alexandre Torres [gerente de futebol] aqui, seria legal uma escolinha do clube, temos vários campos sintéticos que foram construídos pelo poder público, mas que estão sem cuidados", disse Josias da Silva Oliveira, vice-presidente da Associação Comunitária Cidade de Deus e Adjacências (ACCDA).

As dificuldades no acesso são um entrave diário para quem frequenta o espaço. Como a obra ainda não está 100% concluída, há apenas uma via de chegada até o CT. No caminho, estão montanhas de lixo e até uma barricada supostamente armada por bandidos. A poucos metros da entrada principal, o caminho cercado por mato é considerado uma rota de fuga. Sem sinalização e iluminação, o trajeto é considerado perigoso, especialmente durante a noite.

Procurada, a assessoria de imprensa do Fluminense não se manifestou.

CT do Flu - NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C. - NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C.
Flu trabalha em parte já concluída do seu centro de treinamento
Imagem: NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C.