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Pressão política aumenta e Eurico reage a críticos com #block e expulsões

Reunião de grupos de oposição do Vasco na última terça-feira (13) - Divulgação - Divulgação
Reunião de grupos de oposição do Vasco na última terça-feira (13)
Imagem: Divulgação

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

16/06/2017 04h00

A proximidade da eleição do Vasco, que acontecerá na primeira quinzena de novembro, acirrou os ânimos políticos dentro e fora de São Januário. Grupos opositores têm sido cada vez mais críticos ao presidente Eurico Miranda e a reação da diretoria tem sido com expulsões do setor social e bloqueios nas redes sociais do clube.

O ápice do conflito entre situação e oposição se deu na partida entre o Cruzmaltino e o Corinthians, vencida pelo time paulista por 5 a 2. Na ocasião, uma grande confusão se espalhou dentro e fora do estádio, com torcedores expulsos e outros acusando seguranças do clube de agressão. Um vascaíno ficou ferido e foi encaminhado ao hospital, onde foi examinado, medicado e depois liberado.

Nesta semana, muitos internautas vascaínos queixaram-se de estarem sendo bloqueados nas redes sociais oficiais do clube após terem feito críticas a Eurico, à diretoria ou ao Vasco de uma maneira geral. O Cruzmaltino confirmou o bloqueio, ressaltando que alguns estão impedidos apenas temporariamente.

Por conta dos incidentes, o Vasco chegou a modificar as regras de acesso ao setor social em dias de jogos. Para o duelo com o Sport, que foi o seguinte ao do Corinthians, o clube limitou a entrada no local somente aos sócios.

Nesta quarta-feira, porém, o Cruzmaltino fez uma nova adaptação, permitindo novamente o acesso de convidados na partida deste sábado, contra o Avaí, desde que sigam as seguintes regras: Caso o convidado não seja dependente direto do sócio, será necessário que o associado compre o ingresso no dia do jogo, acompanhado da pessoa; Caso o convidado seja dependente, a compra poderá ser realizada com antecedência na bilheteria de São Januário; O acompanhante só poderá ter acesso ao estádio acompanhado do sócio que executou a compra do ingresso.

O comunicado do Vasco termina justificando: “O grande objetivo dessas medidas é fazer com que a Área Social siga sendo um espaço de convívio familiar para os sócios do Vasco da Gama”.

Clube se baseia em estatuto para expulsões

O Vasco tem justificado as expulsões de torcedores da social através de seus seguranças se baseando no artigo 33 do estatuto do clube, que aborda algumas obrigações dos sócios. Diz os parágrafos III e IV:

III) Respeitar os dirigentes ou representantes do Clube quando no exercício das respectivas funções, assim como os das entidades às quais este seja liado, mediata ou imediatamente.

IV) Atender as normas de educação moral cívica e desportista dentro das dependências do Clube, das Associações da mesma natureza e das Entidades referidas no item precedente.

Vasco rompe com time de futebol americano após 7 anos

Outra consequência das confusões políticas recentes foi o rompimento do Vasco com a equipe de futebol americano após sete anos de parceria. O pontapé inicial também se deu no jogo entre o Cruzmaltino e o Corinthians, quando o clube, em nota oficial, acusou membros do time de estarem envolvidos no tumulto: “...Na última quarta-feira cerca de 10 torcedores esperaram o fim da partida para começar a xingar dirigentes e sócios. Entre eles estavam jogadores da equipe de futebol americano Vasco Patriotas. A social do Vasco é um espaço de todos os sócios e as ofensas naquele local, além de irem contra o Estatuto, acirram os ânimos porque ali estão pessoas com diferentes concepções políticas e que se sentem atingidas”.

Dois dias após o episódio, o Vasco emitiu um ofício assinado pelo presidente Eurico Miranda à Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA) e ao representante legal do time comunicando o rompimento da parceria.

O Vasco da Gama Patriotas, que agora passará a se chamar Patriotas FA, também soltou uma nota oficial, alegando que seu presidente foi agredido na social: “... o presidente do Patriotas foi covardemente agredido por 4 seguranças, como confirmam todas as pessoas que testemunharam a cena. O presidente do Patriotas sequer reagiu e apenas se protegeu dos socos que recebia na cabeça. Nesse momento, um jogador do Vasco Patriotas que passava pelo local viu a confusão e veio separar a agressão covarde que acontecia. Esse jogador também não encostou um dedo em ninguém, o que pode ser igualmente atestado por todos que viram o ocorrido...”.

O time agora realiza uma “vaquinha online” na tentativa de angariar recursos para a disputa do Campeonato Brasileiro que começa em julho. O Patriotas FA alega que a maior fonte de renda era justamente a venda de produtos oficiais ligados à marca Vasco.

Nas redes sociais, o time publicou um vídeo com a repercussão do rompimento. Veja abaixo:

O cenário político

Faltando cinco meses para a eleição, o cenário político do Vasco se desenha da seguinte forma: pela situação, Eurico Miranda deverá confirmar sua candidatura a reeleição. Ao longo do primeiro triênio, o dirigente perdeu alguns de seus aliados por divergências de opiniões, caso do ex-vice de futebol, José Luiz Moreira, antigo braço direito, e Otto Carvalho, presidente do Conselho Fiscal e que já exerce oposição cogitando se candidatar.  Paulo Reis, vice-jurídico, também deixou o cargo, mas alegou questões particulares e familiares. Apesar das perdas, Eurico segue forte entre os associados e é considerado favorito no pleito.

Entre a oposição, existe um movimento de união para que se lance apenas um candidato. Os oposicionistas acreditam que esta é a melhor forma de vencer Miranda nas urnas. Reuniões neste sentido têm ocorrido entre os grupos, mas a possibilidade de que isto ocorra, hoje, é pequena.

A chapa “Frente Vasco Livre”, composta pela junção de grupos políticos como “Identidade Vasco” e “Cruzada Vascaína”, já lançou seu candidato, o ex-médico do clube Alexandre Campello, e comunicou que dele não abre mão.

O “Sempre Vasco”, que em 2014 ficou em segundo lugar com Julio Brant, ainda não o confirmou como candidato, embora seja o nome mais provável. O grupo, porém, levanta a bandeira de que se faça uma pesquisa sobre os candidatos de oposição e que, após o censo, os nomes menos badalados abram mão da candidatura em prol do mais forte.

Não há, no entanto, garantia de que a “Frente Vasco Livre”, por exemplo, abra mão de Campello caso a pesquise não o aponte como primeiro entre os oposicionistas.

Otto Carvalho, que deixou a situação recentemente, conversa com figuras conhecidas da política vascaína, como José Luiz Moreira e o vice-geral, Fernando Horta, que também deverá cambar para uma oposição.

Nomes de peso da comunidade cruzmaltina, como Nelson Sendas, José Carlos Osório e Faues Mussa são outros que têm participado das reuniões entre as oposições.