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Parada gay premia torcida que levou bandeira LGBT a estádio

César Magalhães/Divulgação
Imagem: César Magalhães/Divulgação

Adriano Wilkson

Do UOL, em São Paulo

17/06/2017 12h38

A organização da parada gay deu na última sexta-feira (16) um prêmio à torcida do Paysandu, que em junho havia pedido desculpas por seu comportamento homofóbico e levado uma bandeira do orgulho LGBT ao estádio.

A marcha, que acontece em São Paulo no domingo, conferiu o 17º Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade, que teve a atriz Leandra Leal e a artista trans Gretta Star como mestres de cerimônia. A premiação envolveu 19 categorias entre personalidades, entidades, autoridades políticas e ações culturais que contribuíram para o avanço dos direitos humanos da população LGBT.

Em maio, a Banda Alma Celeste, uma das principais torcidas do Paysandu, publicou uma nota oficial pedindo desculpas por ter entoado um cântico que chamava o mascote do arquirrival, o Remo, de gay. Em seguida, pegando carona em uma campanha do governo do Pará, os torcedores abriram uma bandeira do arco-íris na arquibancada, gesto considerado pioneiro no Brasil.

A história foi publicada no UOL Esporte e ganhou repercussão.

Torcida - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

A decisão de levar a discussão ao estádio provocou um cisma no meio da torcida e uma parte dela se revoltou, dirigindo ofensas aos membros da Alma Celeste. Quando o analista de sistemas Eduardo Alves subiu ao palco para receber o prêmio em nome da torcida, na última sexta, ele leu um discurso que fazia menção à irritação dos torcedores. 

“Durante os dias seguintes ao nosso pedido de desculpas, por meio da nota oficial, nossos membros sentiram na pele, 10% do preconceito que o grupo LGBT sofre diariamente”, disse ele. Procurado pela reportagem, Eduardo disse que "outros premiados agradeceram a iniciativa de trazer essa discussão ao futebol, um lugar onde temos uma visão tão machista e tão hétero."

Entre os outros premiados pela parada gay, destacam-se o documentário sobre a cartunista Laerte, o longa de ficção Moonlight, uma série de reportagens do Fantástico, da TV Globo, sobre pessoas trans e o cantor Liniker.

Leia o discurso da Banda Alma Celeste:

Nossa decisão de abolir os cânticos e as ofensas homofóbicas teve como base uma evolução natural de nossos membros, pois percebemos que não fazia sentido continuar perpetuando um pensamento que consideramos retrógrado. Durante os dias seguintes ao nosso pedido de desculpas, por meio da nota oficial, nossos membros sentiram na pele, 10% do preconceito que o grupo LGBT sofre diariamente.

Com isso, em nome da Banda Alma Celeste, torcida do Paysandu Sport Club, gostaria de reiterar nosso pedido de desculpas pelo nosso passado, agora direcionado a vocês da comunidade LGBT e gostaríamos de dizer que agora entramos nessa luta por um mundo e estádios livres de qualquer preconceito, onde todas as pessoas possam confraternizar e torcer por seu clube do coração, sem se preocupar com ofensas e agressões.